Pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi descobriram 169 novas espécies, sendo 14 de plantas e 155 de animais, nos últimos quatro anos na Amazônia. O 'Mico rondoni' foi o único mamífero identificado. Ele só é encontrado em Rondônia, em uma área restrita delimitada pelos Rios Mamoré, Madeira e Ji-Paraná e pela Serra dos Pacaás Novos. Apesar de descoberta recentemente, a espécie é relativamente rara e pode ser a mais ameaçada do gênero. Seu habitat é caracterizado pelo intenso desmatamento, principalmente no trecho da BR-364

Michael Goulding

O 'Allobates grissimilis' faz parte de um grupo de sapinhos que vive na serapilheira da floresta, todos relativamente semelhantes entre si, mas com diferenças no canto e em detalhes do padrão de coloração. Do grupo, esta é a menor espécie encontrada até o momento, com no máximo 16 mm de comprimento. Ela foi encontrada em afluentes da margem direita do Rio Madeira, no Amazonas

Pedro Ivo Simões

O 'Campylorhamphus cardosoi' foi descoberto após os pesquisadores notarem padrões diferentes de canto em um grupo de aves ao longo do rio Xingu que se acreditava pertencerem à mesma espécie. O arapaçu-do-tapajós tem um formato de bico curioso, que o ajuda a encontrar pequenos insetos sob a casca de árvores e brotos de bambus. Restrita a áreas florestais, a distribuição desta ave pode ser afetada com a expansão agrícola, empreendimentos hidrelétricos e abertura de estradas na região do Tapajós

Andrew Whittaker

Outra descoberta é a salamandra 'Bolitoglossa tapajonica'. Esses animais formam um grupo de anfíbios bem diversificado no hemisfério norte, mas pouco no hemisfério sul. Até recentemente sabia-se de apenas uma espécie ocorrendo na Amazônia brasileira. O estudo que descreveu esta e outras duas espécies mostrou que, ao menos em relação ao gênero, a diversidade desses animais na região estava subestimada

Pedro Peloso

A maior parte das descobertas anunciadas agora pelo Goeldi são do grupo dos aracnídeos, em especial várias aranhas da família Oonopidae. Elas são pequeninas, com tamanhos que vão de de 2 mm a 5 mm. Vivem no solo, sob as folhas que caem das árvores, e são predadoras de outros insetos, ajudando na decomposição da matéria orgânica. Para fazer fotos como esta os pesquisadores contam com uma espécie de lupa motorizada que tira cerca de 60 fotos em vários planos focais. Depois todas são montadas para formar uma única imagem

Divulgação

Esta caranguejeira foi uma novidade para os pesquisadores por ser não somente uma nova espécie, mas pertencer a um gênero desconhecido. Encontrada em Juruti (PA), foi chamada de 'Munduruku bicoloratum' por habitar as antigas terras de indígenas Munduruku. O que a torna tão diferente é o abdômen bicolor, com cerdas urticantes

Laura Miglio

O peixe elétrico 'Archolaemus ferrerai', encontrado no Rio Mucajaí, em Roraima, foi uma surpresa para os pesquisadores. Acreditava-se que só havia uma espécie do gênero 'Archolaemus', mas, além desta, outras quatro já foram descritas. Recém-descoberto, o animal já está ameaçado. Este peixe ocorre exclusivamente em cachoeiras ou corredeiras, alvos centrais das usinas hidrelétricas

Reprodução

Este é um tipo de maracujá. A 'Passiflora longifilamentosa' é encontrada na região da Calha Norte, um mosaico de unidades de conservação nos estados do Pará, Amapá e Amazonas. É amplamente distribuída no Brasil e na Guiana Francesa

João Batista Fernandes da Silva

A 'Drosophila caxiuana' tem esse nome porque foi encontrada na Floresta Nacional de Caxiuanã (PA), local que é, por enquanto, o único onde a espécie foi registrada. Ela é uma das 16 moscas que fazem parte do grupo Annulimana, de ocorrência rara nas amostras de drosofilídeos

Reprodução

O 'Croton campinarensis' é um arbusto que foi encontrado em uma área de vegetação de campina, em Acará (PA). Atualmente, a areia é explorada ilegalmente no local por empresas de construção civil. Isto ameaça não apenas a espécie recém-descoberta, mas todo o ecossistema de campina, raro na Amazônia

André Cardoso