Paul x Mick

A locomotiva que não pára

PAUL
MICK ARTIGOS VÍDEOS

Raio X

Paul McCartney

JOÃO PAULO CARVALHO

INFÂNCIA

James Paul McCartney nasceu em 18 de junho de 1942 na cidade de Liverpool, na Inglaterra. Primeiro filho de Mary e James McCartney, Paul sempre foi influenciado pela música. No seu aniversário de 14 anos ganhou um trompete. Paul, entretanto, não tinha alcance e nem força suficiente nas bochechas. O interesse do garoto era mesmo por Ray Charles, Ivory Jose Hunters, Han Ballard e Little Richard. Inutilmente, Paul tentou persuadir o pai a comprar um violão. Diante da insistência do filho, Jim trocou o trompete por um violão Zenith da cor marrom-avermelhada. Durante todos os meses do verão de 1956, Paul permaneceu enclausurado dentro de casa; o violão monopolizava sua atenção de uma forma que o tornava concentrado, se não obsessivo. "Ele ficou perdido e não tinha tempo para comer ou para pensar em qualquer outra coisa", disse o irmão Michael McCartney. Paul, todavia, tinha dificuldades com o instrumento justamente por ser canhoto. Na maior parte dos casos, um canhoto faria os acordes como se fosse destro ou simplesmente viraria o violão colocando os dedos ao contrário, mas Paul McCartney não seria Paul McCartney se fizesse isso. De modo engenhoso, ele inverteu as cordas do violão para que as mais finas, agudas, ficassem agora no lugar das mais graves e vice-versa. Dessa forma, ele deu conta do negócio de forma quase que imediata. Em 1957, Paul entrou para o Liverpool Institute, um famoso colégio perto do centro da cidade. E foi nas idas para a escola que ele conheceu outro jovem estudante.

 

VídeoLong Tall Sally - 1956 "Little Richard" X

 

 

 

ENCONTRO COM JOHN LENNON

Guarde bem esta data: 6 de julho de 1957. Foi justamente neste dia que a dupla de maior sucesso da música pop se conheceu. John Lennon tinha uma banda com colegas de classe, a Quarry Men. O grupo costumava se apresentar em festas e pequenos eventos locais, como a quermesse nos fundos da Igreja de St. Peter. Liderados por John, os garotos tocavam Be-Bop-A-Lula, quando Paul chegou.  Canhoto e visivelmente habilidoso com o violão, o futuro Beatle queria mostrar algumas músicas para Lennon. Tinha vontade de entrar no conjunto. Foram para um canto. Paul pegou o instrumento e tocou 'Twenty Flight Rock', de Eddie Cochran, acorde a acorde, verso a verso, absolutamente irrepreensível. John não acreditava no que ouvia. Pediu mais. Paul, então, mandou um medley de canções de Little Richard - 'Tutti Frutti', 'Good Golly', 'Miss Molly' e 'Long Tall Sally'. Paul cantava e tocava todas as músicas de forma certeira, beirando a perfeição. Naquele momento, John não teve dúvida: Paul era indispensável para o grupo, caso eles quisessem virar profissionais. Dali para frente, a parceria ficou ainda mais forte. Eles se tornaram inseparáveis. Estudavam violão juntos e ouviam discos e mais discos lado a lado. Não demorou muito para as primeiras composições aparecerem. 'In Spite Of All The Danger', 'One After 909' e 'Love Me Do' foram algumas das primeiras músicas escritas pela dupla.

 

VídeoThe Quarrymen/Beatles (Rare) In Spite Of All The Danger - 1958 X

 

 

CRIAÇÃO DA BANDA

Depois de várias semanas fazendo propaganda de um garoto de apenas 14 anos, Paul convenceu John a fazer um teste com o novato chamado George Harrison. Era seu vizinho e colega de colégio, além de ser um prodígio na guitarra, apesar de pequeno. A prova de fogo de George foi com a música 'Raunchy', de Bill Justis, que ele tocou para John durante uma viagem de ônibus. Após a saída de Stuart Sutcliffe (que acabaria morrendo) estava formado, então, o trio de ferro da banda. Ao talento criativo de John, juntaram-se ainda a técnica de Paul e o virtuosismo de George. Faltava ainda um baterista. Pete Best, o galã, foi o escolhido para acompanhar o grupo na turnê em Hamburgo, na Alemanha. A alegria do músico, entretanto, durou apenas alguns anos. Assim que o grupo assinou com a Parlophone, subsidiária da EMI, George Martin, o produtor, exigiu um baterista profissional para gravar, já que ele não morria de amores por Pete Best. Sem drama, Epstein e os Beatles demitiram Best e chamaram Ringo Starr para o seu lugar.  A demissão de Pete Best, logo após a banda ter assinado com a EMI, é uma das maiores puxadas-de-tapete da história da música.

 

VídeoThe Beatles - All My Loving Live at Washington X

 

 

 

PRIMEIRO HIT

Em 5 de outubro de 1962, surgiu o single que revelou os Beatles para o mundo, 'Love Me Do/P.S. I Love You'. Com uma letra melosa, direta e construída sob a batuta de acordes simples, 'Love Me Do' é a canção que inaugura os trabalhos da dupla Lennon e McCartney. A música, que possui pouco mais de dois minutos de duração, foi inspirada em Iris Caldwell, então namorada de McCartney. John e Paul estavam no auge dos 16 e 17 anos de idade. A inocente e nada áspera letra é sacada logo nas primeiras estrofes. 'Love Me Do' foi gravada por três bateristas diferentes. Os processos de gravações começaram em junho de 1962, ainda com Pete Best no comando das baquetas. A gravação do músico, no entanto, não apresentou resultados satisfatórios. No começo de setembro, já com Ringo Starr no conjunto, os Beatles fizeram uma nova gravação, que também não rendeu o esperado. Na segunda semana daquele mês, o músico Andy White, um batera profissional, gravou com a banda uma versão da música.  O single ocupou o modesto 17º lugar no Reino Unido. Em 1964, chegou ao Top 100 das paradas nos Estados Unidos. Embora 'Love Me Do' tenha sido o primeiro sucesso do quarteto, a chamada beatlemania explodiu apenas com o clássico 'All My Loving'.

 

VídeoThe Beatles - Love me Do X

 

 

 

TURBULÊNCIAS

Há quem diga que após a morte de Brian Epstein, então empresário dos Beatles, o quarteto de Liverpool começou a se perder. Brian dava as diretrizes a John, George, Paul e Ringo.  Tudo passava pelas mãos do articulador da banda. Em agosto de 1967, a liderança dos Beatles mudou de forma mais clara quando ele foi encontrado morto, vítima de uma overdose. Epstein passava por uma crise depressiva, mas continuava dedicado à banda. Muitos acreditavam que era ele quem os mantinha unidos. "Ali eu soube que estávamos ferrados", declarou John Lennon. Paul, entretanto, não tinha a mesma opinião. Dias após a morte de Epstein, convenceu os outros Beatles a embarcarem em um novo projeto, 'Magical Mystery'. O longa foi bombardeado pelos críticos. Em 1968, os Beatles foram estudar meditação no retiro de Maharishi Mahesh Yogi na Índia. A viagem foi, em parte, o resultado dos esforços de Harrison em ganhar mais influência na direção da banda. De volta a Londres, Lennon abandonou Cynthia, sua primeira esposa, para mergulhar em uma relação séria com Yoko Ono. Em 1968, durante a gravação do 'White Album', John, George e Paul tinham tanto material para gravar - e tanta ojeriza um pelo outro - que chegaram a gravar em três estúdios diferentes. No ano seguinte, em 1969, a crise atingiu seu maior nível. A banda havia passado dias tentando escrever e ensaiar novo material para um show ao vivo já pré-agendado - o primeiro desde agosto de 1966 - mas as coisas não iam bem. "Não sei por que qualquer um de vocês se envolveu nisso se não há interesse", disse Paul. "Para quê? Não pode ser que seja pelo dinheiro. Por que vocês estão aqui? Eu estou porque quero fazer um show, mas não vejo nenhuma vontade." Paul olhou para seus companheiros de banda e os olhares que recebeu de volta não tinham expressão alguma. Era o princípio do fim.

 

VídeoThe Beatles - The Long and Winding Road X

 

 

 

MULHERES

O último Beatle solteiro teve inúmeras namoradas. "Apenas diversão com algumas garotas bonitas e que queriam atenção", lembram os amigos mais próximos. A atriz Jane Asher foi o relacionamento mais duradouro de Paul. Noivos, Jane não hesitou em terminar o compromisso ao ver baixista na cama com outra mulher. Apesar da fama de garanhão, Paul McCartney casou-se por três vezes. Nenhuma mulher, entretanto, marcou tanto a vida de Paul quanto a fotógrafa americana Linda Eastman. Linda e Paul se conheceram em 1967 no dia do lançamento do disco 'Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band'. Dois anos depois, em 1969, os dois se casaram. No auge da turbulência com os Beatles, John, George e Ringo não foram convidados para a cerimônia. Paul e Linda tiveram três filhos: Mary, Stella e James. Em 1995, Linda foi diagnosticada com câncer de mama e no dia 17 de abril de 1998 perdeu a batalha contra a doença. Linda é frequentemente lembrada nos shows de Paul. 'Maybe I'm Amazed' e 'My Love', dois hits do ex-Beatle, são sempre dedicados a seu eterno amor. Pouco tempo depois, Macca se casou com a modelo Heather Mills, com quem teve uma filha, Beatrice. Sob acusações de agressão e até extorsão, o relacionamento terminou de forma nada amigável. "Foi um dos maiores erros da minha vida", admitiu Paul. Em 2011, Paul se casou com a empresária americana Nancy Shevell. A canção 'My Valentine', do álbum 'New', foi escrita para ela.

 

VídeoPaul McCartney - My Love & Maybe I'm Amazed X

 

 

 

DROGAS

Paul McCartney nunca negou seu envolvimento com as drogas e mais especificamente com a maconha. "Eu fumei o suficiente. Foi a dose certa, no tempo certo", afirmou o ex-Beatle em entrevista à 'Rolling Stone'. "Quando você tem uma pessoa para cuidar, em algum momento da vida, o senso de responsabilidade bate à porta. Daí você não acha necessário continuar", disse o músico referindo-se à filha mais nova, Beatrice. Paul McCartney, John Lennon, Ringo Starr e George Harrison conheceram a maconha por intermédio de Bob Dylan na década de 1960, nos Estados Unidos.  Durante a segunda turnê dos Beatles pelo país, John Lennon, que admirava Bob Dylan, ligou para o jornalista americano Al Aronowitz, perguntando sobre ele. Eles estavam em Nova York, hospedados no Delmonico Hotel. "Ele está em Woodstock, mas eu posso trazê-lo!", disse Aronowitz. "Sim, traga-o já!", respondeu Lennon. Durante o encontro, os Beatles perguntaram se Dylan gostaria de tomar umas pílulas. Estavam acostumados aos estimulantes desde os tempos de Hamburgo, na Alemanha. "É maconha?", retrucou Dylan, recusando. Para sua surpresa, os Beatles responderam: "Nunca fumamos antes". "Mas e os versos I get high, I get high, I get high", questionou Dylan, sobre I Wanna Hold Your Hand. Encabulado, John corrigiu: "Não. Os versos são I can't hide, I can't hide, I can't hide". A tensão aumentou, mas Dylan tratou de atenuar tudo acendendo o cigarro que trazia no bolso. Acendeu, instruiu os rapazes de como se fumava, iniciou o ritual e passou para John. Inibido, ele preferiu repassar a Ringo. O baterista gostou tanto que fumou tudo sozinho. Paul McCartney nunca confirmou, mas reza a lenda que os versos inspirados de 'Got to Get You Into My Life', de 1966, fala sobre seu vício pela maconha. Os Beatles também conheceram outras drogas. Queridinhos da imprensa até o final da década de 1960, Paul McCartney colocou em xeque a boa imagem dos garotos de Liverpool ao revelar a dois jornalistas em entrevista que já havia consumido LSD.  A declaração chocou os fãs.  "Paul, quantas vezes o senhor já usou LSD?", indagaram os repórteres. "Umas quatro vezes", replicou Paul McCartney.

 

VídeoGot To Get You Into My Life - Paul McCartney X

 

 

 

FIM DOS BEATLES

Em abril de 1970, Paul veio a público e revelou ao mundo o que ninguém estava preparado para ouvir: "Era o fim dos Beatles". "O sonho acabou", disse John Lennon. Fato é que muito tempo antes, os quatro Beatles já sabiam que a banda tinha acabado. O desgaste era evidente. A única questão pendente, no entanto, era: quem iria contar o segredo para o mundo? Quem falaria primeiro em público? John estava cada vez mais distante e já tinha dito aos amigos mais próximos que deixaria o grupo. "Não havia mais nada em comum", afirmara. Paul, no entanto, não conseguiu ficar em silêncio. Amargo, desanimado e triste com a situação do conjunto, enviou um questionário com seu novo disco solo, McCartney. "Você imagina que algum dia a parceria Lennon-McCartney volte a fazer músicas? Não". "Você tem planos para se apresentar ao vivo com os Beatles? Não." Após essas perguntas, a manchete do jornal Daily Mirror correu o mundo: Paul deixa os Beatles.  John ficou furioso com a prepotência do ex-companheiro. "Era só o Paul sendo Paul, tentando, mais uma vez, roubar a cena e ficar com todo o crédito", concluiu. Os motivos para o fim dos Beatles eram muitos. Yoko quebrara as regras pré-estabelecidas desde o início do grupo e palpitara como nunca nas decisões comerciais e musicais da banda. George, farto de ser ignorado pela dupla Lennon-McCartney, queria trilhar seu próprio caminho. John se afundara na heroína e durante as gravações dos últimos discos deixara ainda mais claro seu desinteresse. Apesar do sonho ter chegado ao fim, os quatro rapazes de Liverpool já haviam escrito seu nome na história na música. A lenda dos Beatles tinha apenas começado.

 

VídeoThe Beatles Rock Band Ending Cinematic In The End X

 

 

 

SEM SAIR DO PALCO

Com o fim dos Beatles em 1970, Paul McCartney não demorou muito para emplacar uma nova banda, os Wings. Ao lado da esposa Linda McCartney e do músico Denny Lane, o conjunto, que em princípio não tocava nenhuma música dos Beatles, excursionou por universidades dos Estados Unidos, promovendo pequenos shows. O grupo fez bastante sucesso até meados dos anos 1980, quando chegou ao fim. O disco mais aclamado da banda é o Band On The Run, lançado em 1963. Muitos consideram este o melhor trabalho de Paul no período pós-Beatles. O álbum, que figura entre os mais bem sucedidos da história do rock, segundo a revista Rolling Stone, revigorou a carreira de Macca. As faixas 'Band On The Run', 'Bluebird', 'Mrs. Vanderbilt' e 'Jet' são canções que até hoje fazem grande sucesso nos shows. Além dos Wings, Paul sempre se mostrou versátil. Nesses mais de 50 anos de carreira, foram inúmeras parcerias, de Michael Jackson a Stevie Wonder. Paul e Michael gravaram a música 'Say, Say, Say', produzida por George Martin em 1963. O dueto de maior sucesso de Paul, entretanto, veio com Stevie Wonder em 'Ebony and Ivory'. A dupla repetiu a dose em 'Only Our Hearts', que integra o último disco de Paul, 'New' (2012). Versátil e antenado às transformações musicais, Paul nunca deixou que a sua história com os Beatles o colocasse em um patamar de conforto.

 

VídeoEbony and Ivory - Paul McCartney and Stevie Wonder X

 

 

 

PAUL MCCARTNEY S/A

Vegetariano convicto, Paul McCartney participou ativamente de diversas campanhas da PETA (sigla em inglês para Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais), e chegou a ir ao Parlamento Europeu pedir aos políticos ações para diminuir a ingestão de carne. "Muitos anos atrás eu estava pescando. No momento em que eu puxava o peixe, me dei conta de uma coisa: estou matando apenas pelo prazer passageiro que isso me dá. Então alguma coisa dentro de mim fez um clique. Enquanto assistia ao animal lutando para respirar, percebi que a vida dele é tão importante para ele quanto a minha é para mim", disse Paul certa vez em entrevista ao jornal britânico 'The Guardian'. O ex-Beatle também já pediu o Dia do Vegetarianismo na Índia e até lançou em seu site oficial um concurso para escolher a melhor receita original sem o uso de carne.

 

VídeoBeatles - Revolution VEGAN Paul McCartney Meat Free Monday Song Imagine Pece Hey Jude Help X

 

 

Fontes:

The Beatles - A Biografia - Bob Spitz

Paul McCartney: Many Years From Now - Barry Miles

Man On The Run - Paul Mccartney Nos Anos 1970 - Tom Doyle

PAUL MCCARTNEY EM  NÚMEROS

RS$ 2,8 bilhões

é a fortuna que Paul McCartney arrecadou só em 2014

 

20 shows

Macca fez no Brasil, incluindo as apresentações
deste ano em SP, Rio, Brasília e Vitória

 

16 discos

de estúdio foram gravados por Paul em sua carreira solo

 

3 casamentos

teve Paul: com Linda, Heather e Nancy

 

5 filhos

tem Paul McCartney: Stella, James, Mary,
Heather (enteada) e Beatrice