Hackathons atraem makers para dentro das empresas

Maratonas de prototipagem selecionam novos projetos para companhias de diversos setores

Guilherme Moraes, Igor Patrick, Leandro Nossa e Nathália Larghi

Um intensivo de ideias e protótipos é o formato escolhido por empresas como Intel e Natura para integrar o movimento maker ao ambiente de produção. São os hackathons, maratonas de prototipagens que se estendem por dois a três dias em que “fazedores” são convidados a criar projetos em parceria com a marca. Disputadas, as vagas se esgotam em horas. Quem consegue se inscrever ainda precisa convencer as empresas de que tem qualificações para participar.

Na Intel, o hackathon é realizado apenas duas vezes ao ano em 20 cidades do mundo e reúne 120 makers por edição. Ao longo de um fim de semana, os participantes recebem o “kit do desenvolvedor” - com arduino, placas e softwares de programação - para dar forma a produtos como ferramentas de controle de pragas em plantações ou um sistema de jardinagem inteligente. Ninguém recebe sugestões ou modelos: os engenheiros da gigante de microprocessadores ficam a postos para esclarecer dúvidas técnicas. No Brasil, São Paulo já sediou duas edições e a próxima está marcada para março de 2016. Diferente de outros países, não há vencedores nem premiação.

A maratona da Natura tem um atrativo extra porque as ideias vencedoras têm vaga garantida para serem desenvolvidas no MIT Media Lab, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos. O primeiro hackathon da fabricante brasileira de cosméticos foi realizado em 2014, e o próximo já tem data marcada - março de 2016. No ano passado, dois projetos venceram a maratona e estão em desenvolvimento. A Natura e os makers não dão detalhes, mas o resultado envolve a experiência do consumidor com os produtos na internet.

Maratona organizada pela Natura seleciona projetos para desenvolver novos produtos Crédito: Divulgação/Natura

Para o engenheiro de produtos José Michel, professor da escola de empreendedorismo Design Thinking, essa aproximação se deve ao desejo das companhias de qualificar seus funcionários e trazer ideias novas para a marca. “As empresas estão interessadas no ‘mão na massa’, muito em alta no século 21”, afirma Michel. “Não há melhor jeito de aprender do que com o ‘faça você mesmo’”, diz.