Casa impressa em 3D? Sim, já tem

A previsão é que as primeiras moradias fiquem prontas a partir de 2017

Luisa Pinheiro

Na China, uma única impressora 3D consegue fazer dez casas em apenas um dia. Da mesma máquina, também já saiu um prédio de cinco andares e até uma mansão. A técnica vem sendo usada pela empresa Winsun, que imprimiu a primeira parede de concreto com entulho de construção em 2008. No Brasil, a novidade já está em fase de projeto. As primeiras moradias produzidas parcialmente com a tecnologia de impressão 3D devem estar prontas no ano que vem.

Duas startups brasileiras estão desenvolvendo uma máquina para imprimir casas e prédios com custo mais baixo em menos tempo. Sem contar que todo o material, semelhante ao concreto, é aproveitado na fabricação e não há desperdício. Nos dois casos, os projetos são liderados por duas mulheres de 23 anos que estão à frente das startups fundadas no início de 2015.

Os primeiros testes feitos pela equipe da InovaHouse3D, de Brasília, foram com impressoras de código aberto. A máquina para produzir as casas só deve ficar pronta em 2017. Crédito: Reprodução

A idealizadora da InovaHouse3D, Juliana Martinelli, defende o potencial dessa tecnologia em locais que passaram por catástrofes. A produção mais rápida poderia ajudar, por exemplo, na reconstrução de Bento Rodrigues (MG), distrito de Mariana devastado pelo rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, afirma Juliana. A ideia de montar o negócio foi inspirada na chinesa Winsun. “O material que estamos desenvolvendo vai ser o mais sustentável possível. Existem várias normas na construção civil que limitam o uso de agregado reciclado. Hoje, a regra só permite 20%”, diz a estudante de engenharia elétrica na Universidade de Brasília (UnB).

A paulistana Anielle Guedes, da Urban 3D, quer produzir prédios utilizando materiais reciclados para incentivar que as cidades brasileiras cresçam de forma sustentável. A startup, que surgiu como um projeto num curso no Campus da Nasa no Vale do Silício, vai utilizar parcialmente a tecnologia de impressão 3D para construir um prédio de 12 andares em setembro de 2016. “Essa técnica pode impactar o setor trazendo automação, com eficiência equivalente às atuais indústrias de automóveis ou de chips, de alta produtividade e custo reduzido, sem perder na customização e personalização”, afirma a empreendedora.

Projeto de um equipamento para a impressão de paredes desenvolvido pela startup Urban 3D, de São Paulo. Crédito: Reprodução

A impressora da InovaHouse 3D, com 3m de altura e 6m de comprimento, deve ficar pronta em dois anos. A previsão é que o preço do metro quadrado seja 40% menor, e a primeira casa do tipo em Brasília só deve sair em 2020.

A Urban 3D trabalha com prazos mais curtos. A ideia é terminar em dois anos e meio o primeiro prédio feito com a máquina de mais de 20m de altura, contando o tempo de finalização do equipamento da construção. A estimativa é que o custo de produção caia pela metade.