14-bis

Praça, colégio, restaurante, banda de MPB. Não faltam homenagens ao avião mais famoso de Santos-Dumont. Apelidado de “ave de rapina”, o 14-Bis foi o primeiro objeto mais pesado que o ar a se levantar do solo por meios próprios, sem auxílio externo. E entrou para a história.

14 Bis
Pesava aproximadamente 260 kg (sem o piloto) Ano de fabricação: 1906

Nasceu pendurado no balão n.º 14 de Santos-Dumont, daí o nome curioso. O próprio inventor conta no livro O Que Eu Vi, O Que Nós Veremos que só depois de fazer várias experiências com esse “conjunto híbrido” no Campo de Bagatelle, em Paris, e se sentir “senhor das manobras” no aeroplano é que se desfez do balão.

Em 13 de setembro de 1906, tentou subir com o 14-Bis, mas logo perdeu a direção e caiu. Alguns disseram que o veículo apenas “saltou” oito metros, mas Santos-Dumont não se abateu. “No íntimo, estava convencido de que voara e, se não me mantive mais tempo no ar, não foi culpa de minha máquina, mas exclusivamente minha”, escreveu.

De acordo com o inventor, o ponto fraco do aeroplano era o leme e foi uma luta para conseguir sua “completa obediência”. “No meu primeiro aparelho, coloquei o leme à frente, pois era crença geral, nessa época, a necessidade de assim fazer (...) Mas as dificuldades de direção foram tão grandes que tivemos de abandonar essa disposição do leme. Era o mesmo que tentar arremessar uma flecha com a cauda para a frente.”

Após consertar o 14-Bis, ele fez outras modificações para aumentar a sustentação e facilitar a decolagem e promoveu novos testes para tentar dominar melhor o aparelho. Em 23 de outubro, diante da comissão fiscalizadora do Aeroclube da França e de uma pequena multidão, conseguiu fazer sua estrutura de bambu, madeira, seda japonesa e cordas de piano percorrer no ar de Bagatelle 60 metros em sete segundos. Confirmou que o homem podia voar, conquistou o Prêmio Archdeacon e ganhou centenas de manchetes mundo afora, enaltecendo o acontecimento histórico. Também viveu, segundo contou, um dos dois dias mais felizes de sua vida – o outro havia sido em 1901, após dar a volta na Torre Eiffel e provar a dirigibilidade dos balões.

Em 12 de novembro, nova façanha: voou 220 metros com 14-Bis, em quase 22 segundos e a seis metros de altura, e faturou prêmio de 1.500 francos estabelecido pelo Aeroclube da França. Para melhor controle lateral da aeronave, usou os ailerons, estruturas até hoje utilizadas na aviação. Também até hoje, permanece no Campo de Bagatelle um monólito em homenagem ao voo pioneiro de 109 anos atrás.

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