Fuvest 1977 (1ª fase)
Redação
Observe atentamente a cena da foto a seguire, restringindo-se aos elementos queacompõem, redija, em prosa, um texto de 20 linhas, no mínimo, a 25, no máximo. Dê umtítulo à sua redação
Fuvest 1977 (2ªfase)
Redação
Tema: A participação dos escritores brasileiros nas grandes causas cívicas e sociais do País, no século XIX.
Fuvest 1978
Redação
Imagine a seguinte situação:
–Hoje você está completando dezoito anos.
–Neste dia, você recebe pelo correio uma folha de papel em branco, num envelope em seu nome, sem indicação do remetente.
–Além disso, você ganha de presente um retrato seu e um disco.
REFLITA sobre essa situação. A partir da reflexão feita, redija um texto em prosa.
Fuvest 1979
Redação
Suponha que você tenha recebido de um amigo mais velho uma carta em que aparece o seguinte trecho:
"(…) Eu sou seu confidente; mas, sem dúvida, você apenas me conta uma pequena parte de tudo aquilo que lhe oprime o peito. Você me conta, é certo, muitas coisas aí de sua nova casa; mas de seus relatos, dos pequenos fatos a que se refere, não se depreende, nem remotamente, como pode aquilo tê-lo transformado tanto. Antes de tudo, não é possível compreender por que agora, sendo já uma pessoa adulta, tenha perdido aí tão completamente a coragem que você teve quando mais jovem, essa coragem que, muitas vezes, chegou a desesperar-nos (...)"
Redija, no espaço disponível, uma carta-resposta em que você discute esse trecho.
Fuvest 1980
Redação
Texto: Fragmento de O Tronco, romamnce de Bernardo Élis , publicado em 1956
Imagine os possíveis desfechos da situação apresentada no texto de Bernardo Élis. Componha então duas breves redações que consistam respectivamente em:
a) um desfecho trágico (limite: dez linhas)
b) um desfecho cômico (limite : dez linha)
Fuvest 1981
O menino é pai do homem
Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos alguns lineamentos do menino.
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de «menino diabo»; e verdadeiramente não era outra cousa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce «por pirraça»; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, -- algumas vezes gemendo,-- mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um -- «ai, nhonhô!» -- ao que eu retorquia: -- «Cala a boca, besta!» -- Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples formalidade: em particular dava-me beijos.
Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida a quebrar a cabeça dos outros nem a esconder-lhes os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos homens, isso fui; se não passei o tempo a esconder-lhes os chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras. (trecho de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de 1881, Machado de Assis)
Redação:
Trace uma linha horizontal dividindo ao meio a página destinada à redação. Na parte superior analise o signifi da frase “O menino é pai do homem”. Na parte inferior narre um fato de sua infância que você considere significativo para sua formação.
Fuvest 1982
Redação:
Suponha que você foi surpreendentemente convidado para uma festa de pessoas que mal conhece. Conte, num texto em prosa, o que teria ocorrido, imaginando também os pormenores da situação. Não deixe de transmitir suas possíveis reflexões e impressões. Não deixe de transm,itir suas possíveis reflexões e impressões. Evite expressões desgastadas e ideias prontas
Fuvest 1983 Redação: Escreva uma história cujo final seja o seguinte anúncio: “Vende-se uma motoca”
Fuvest 1984
Redação:
Redija um texto em prosa sobre o seguinte tema: Relógios
Fuvest 1985
Leia o texto abaixo.
Vestibular: "Um mal necessário".(Antônio Hélio Guerra Vieira, reitor da Universidade de São Paulo)No Brasil, as escolas superiores adotam o mesmo princípio usado na Europa para a seleção dos candidatos: o número clausus, que fixa o total de alunos que cada curso pode receber. Mas lá a situação é diferente. As escolas superiores aplicam um exame de qualificação, que serve apenas para encaminhar o aluno a determinada escola: todos conseguem uma vaga no ensino superior, só que nem sempre nas escolas que pretendem.A França, por exemplo, substitui o vestibular pelo baccalauréat (bacharelado) e a Alemanha pelo abitur (habilitação). Esses exames servem de critérios para remanejar os alunos aprovados, que têm garantido um lugar no ensino superior. "Nesses países – lembra Guerra Vieira –, o Estado mantém um número de escolas superiores suficientes para atender toda a demanda." Outros, no entanto, decidiram acabar com o número clausus. Resultado: o Instituto Nacional Politécnico, no México, tem 150 mil alunos matriculados (na Escola Politécnica da USP existem apenas três mil estudantes), fato que levou a uma total degeneração do ensino superior naquele país.
(O Estado de São Paulo – 16/11/84)
Redija, em prosa, uma dissertação expondo seu ponto de vista sobre a necessidade da existência do número clausus para o ingresso nas universidades públicas brasileiras. Você deve apresentar sua posição, desenvolver sucintamente argumentos e chegar a uma conclusão compatível com a argumentação
Fuvest 1986
Redação
As Máquinas
As máquinas são adoradas porque são belas, e apreciadas porque conferem poder; são odiadas porque são feias, e detestadas porimporem a escravidão. Não suponhamos que qualquer dessas atitudes seria "certa" ou "errada", pois seria o mesmo que ser certoafirmar que os homens têm cabeça, mas errado afirmar que têm pés, embora possamos imaginar facilmente os liliputianos a discutir esteassunto em relação a Gulliver. A máquina é como o gênio das Mil e uma Noites: bela e benéfica para o amo, mas feia e terrível para osseus inimigos. Mas em nossos dias a nada se permite exibir-se com essa simplicidade. É verdade que o dono da máquina vive longedela, onde não pode ouvir o seu barulho, ver os antiestéticos montes de sucata ou cheirar os seus vapores venenosos; se chega a vê-la, é antes de instalada, ou de posta em uso, quando pode admirar a sua força ou sua delicada precisão sem se aborrecer com a poeiraou o calor. Mas quando é desafiado a considerar a máquina do ponto de vista daqueles que têm de viver e trabalhar com ela, suaresposta é pronta. Pode frisar que, devido ao funcionamento da máquina, aqueles homens podem comprar mais mercadorias – muitomais – do que os bisavós poderiam. Conseqüentemente, devem estar muito mais contentes que os bisavós – a aceitarmos a suposiçãoque todo mundo faz.Esta suposição é que a posse de comodidades, de propriedades materiais, é o que satisfaz os indivíduos. Imagina-se que o homem quetem dois quartos e duas camas e dois pães deve ser duas vezes mais feliz do que o que só tem um quarto, uma cama e um pão. Algumaspessoas, nem sempre com muita sinceridade, criticam essa idéia em nome da religião ou da moral; mas ficam bem contentes de aumentarsua renda através da eloqüência da sua prédica. Não é do ponto de vista moral ou religioso que desejo combatê-la; é do ponto de vistada psicologia e da observação da vida. Se a felicidade é proporcional à renda, é irrespondível a causa das máquinas; se não, a questãotoda precisa ser examinada. (Russel, Bertrand. Ensaios Céticos)
Dissertação:
A partir da leitura do texto, redija uma dissertação expondo seus pontos de vista a respeito da questão-tema. Procure chegar aconclusões decorrentes da argumentação que você apresentou.
Fuvest 1987
Questão de Redação: Dissertação
"Fomos criados para sermos irmãos de nossos irmãos, e mesmo assim olhe lá. Somos irmãos de nossos irmãos e de nossos amigos, osdemais são sócios, indiferentes ou inimigos, competidores. Se eu quiser ser irmão de um favelado eu acho que ele me cospe na cara." (Entrevista de Carlos Drummond de Andrade, O Estado de São Paulo – 19/10/86)
Você concorda com a posição de Drummond a respeito da fraternidade humana? Por quê?
Fuvest 1988
Redação
Texto Nº1:
"Voltemos à casinha. Não serias capaz de lá entrar hoje, curioso leitor; envelheceu, enegreceu, apodreceu, e o proprietário deitou-aabaixo para substituí-la por outra, três vezes maior, mas juro-te que muito que a primeira. O mundo era estreito para Alexandre; umdesvão de telhado é o infinito para as andorinhas." (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)
Texto Nº2:
"O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeiaPorque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia…" ( Fernando Pessoa, Poemas de Alberto Caeiro )
O quadro anterior é do pintor surrealista René Magritte(1898-1967). A frase nele inscrita (em francês) significa:"ISTO CONTINUA A NÃO SER UM CACHIMBO" A partir da relação entre este quadro e os textos n° 1 e n° 2, épossível afirmar que tudo é relativo? E que a realidade é umailusão? Redija uma dissertação, defendendo o seu ponto de vista a esse respeito
Fuvest 1989
Redação
Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Discuta as idéias contidas nos versos acima, confrontando-as com o momento que vivemos hoje no Brasil
Fuvest 1990
Redação
A prova constará de uma dissertação argumentativa, destinada a medir a capacidade que o candidato tem em entender, analisar e discutir um tema proposto. Uma vez entendido o tema, o candidato discorrerá sobre as propostas nele contidas, sob a luz de seus conhecimentos e opiniões, enunciará suas conclusões. (Manual da Fuvest)
Tema da Dissertação
"– Não é preciso zangar-se. Todos nós temos as nossas opiniões.
– Sem dúvida. Mas é tolice querer uma pessoa ter opinião sobre assunto que desconhece. (...) Que diabo! Eu nunca andei discutindogramática. Mas as coisas da minha fazenda julgo que devo saber. E era bom que não me viessem dar lições. Vocês me fazem perder apaciência."
Você tem opinião sobre as afirmações acima?Se tem, defenda sua opinião.Se não, explique por quê.
Fuvest 1991
Terra de Cegos
“ Há um conto de H. G. Wells, chamado A terra dos cegos, que narra o esforço de um homem com visão normal para persuadir uma população cega de que ele possui um sentido do qual ele é destituída; fracassa, e afinal a população decide arrancar-lhe os olhos para curá-lo de sua ilusão (…)“ (Jornal do Brasil, 10/10/1990)
Redação
Discuta a ideia central do conto de Wells, comparando-a com a do ditado popular “Em terra de cego quem tem um olho é rei”. Em sua opinião essas ideias são antagônicas ou você vê um modo de conciliá-las?
Fuvest 1992
I. Alega-se, com freqüência, que o vestibular, como forma de seleção dos candidatos à escola superior, favorece os alunos demelhor situação econômica que têm condições de cursar as melhores escolas e prejudica os menos favorecidos que são obrigadosa estudar em escolas de padrão inferior de ensino.
II. Por outro lado, há quem considere que o vestibular é apenas um processo de seleção que procura avaliar o conhecimento doscandidatos num determinado momento, escolhendo aqueles que se apresentam melhor preparados para ingressar na Universidade.Culpá-lo por possíveis injustiças é o mesmo que culpar o termômetro pela febre
Redação
Faça uma dissertação discutindo as opiniões expostas a seguir. É importante que você assuma uma posição a favor ou contra as idéias apresentadas. Justifique-a com argumentos convincentes.Você poderá também assumir uma posição diferente, alinhando argumentos que a sustentem.
Fuvest 1993
Conta um velho manuscrito beneditino que o Diabo, em certo dia, teve a idéia de fundar uma Igreja. Embora os seus lucros fossemcontínuos e grandes, sentia-se humilhado com o papel avulso que exercia desde séculos, sem organização, sem regras, sem cânones,sem ritual, sem nada. Vivia, por assim dizer, dos remanescentes divinos, dos descuidos e obséquios humanos. (...) Está claro que (oDiabo) combateu o perdão das injúrias e outras máximas de brandura e cordialidade. Não proibiu formalmente a calúnia, mas induziu aexercê-la mediante retribuição, ou pecuniária, ou de outra espécie. (...) A Igreja fundara-se; a doutrina propagava-se; não havia umaregião do globo que não a conhecesse, uma língua que não a traduzisse, uma raça que não a amasse. O Diabo alçou brados de triunfo.Um dia, porém, longos anos depois, notou o Diabo que muitos dos seus fiéis, às escondidas, praticavam as antigas virtudes. (...)Certos glutões recolhiam-se a comer frugalmente três ou quatro vezes por ano (...) muitos avaros davam esmolas, à noite, ou nasruas mal povoadas; vários dilapidadores do erário restituíam-lhe pequenas quantias; os fraudulentos falavam, uma ou outra vez,com o coração nas mãos, mas com o mesmo rosto dissimulado, para fazer crer que estavam embaçando os outros.
[Nota: embaçar:lograr, enganar]
Redação:
O trecho a seguir do conto “A Igreja do Diabo”, de Machado de Assis, descreve a necessidade que o homem teria de regras que lhedigam o que fazer e como se comportar. Uma vez conseguido isso, ele passaria a violar secretamente as normas que tanto desejou.Escreva uma dissertação que analise esta visão que o autor tem do comportamento humano. Você pode discordar ou concordar comela, desde que seus argumentos sejam fundamentados.O maior mérito estará numa argumentação coesa capaz de levar a uma conclusão coerente.
Fuvest 1994
Redação
“Antes mundo era pequeno
Porque Terra era grande
Hoje o mundo é muito grande
Porque Terra é pequena
Do tamanho da antena parabolicamará”
(Gilberto Gil)
“Como democratizar a TV, o rádio, a imprensa, que são o oxigênio e a fumaça que a nossa imaginação respira? Como seria uma TV semmanipulação? São perguntas difíceis, mas a luta social efetiva, e sobretudo um projeto de futuro, são impossíveis sem entrar nesseterreno.”
(Roberto Schwarz)
“Tevê colorida
fará azul-rósea
a cor da vida?”
(Carlos Drummond de Andrade)
Relacione os textos abaixo e redija uma dissertação, em prosa, discutindo as idéias neles contidas e apresentando argumentos quecomprovem e/ou refutem essas idéias.
Fuvest 1995
Obra de arte de Andy Warhol, Marilyn Monroe, 1962. Óleo sobre tela, 81 X 55 ¾
Em muitas pessoas já é um descaramento dizerem “Eu”.
(T.W. Adorno)
Não há sempre sujeito, ou sujeitos. (...)Digamos que o sujeito é raro, tão raro quanto as verdades. (A. Badiou)
Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmomodo que, desde a neutralização histórica da religião, sãolivres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Masa liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre acoerção econômica, revela-se em todos os setores como aliberdade de escolher o que é sempre a mesma coisa. (T.W. Adorno)
Redação:
Relacione os textos e a imagem seguintes e escreva uma dissertação em prosa, discutindo as idéias neles contidas e expondo argumentos que sustentem o ponto de vista que você adotou.
Fuvest 1996
1. Redação
2. Leia atentamente os textos dados, procurando identificar a questão neles tratada.
3. Escreva uma dissertação em prosa, relacionando os dois textos e expondo argumentos que sustentem seu próprio ponto de vista.
4.
Texto 1
Entre os Maoris, um povo polinésio, existe uma dança destinada a proteger as sementeiras de batatas, que quando novas são muitovulneráveis aos ventos do leste: as mulheres executam a dança, entre os batatais, simulando com os movimentos dos corpos o vento,a chuva, o desenvolvimento e o florescimento do batatal, sendo esta dança acompanhada de uma canção que é um apelo para queo batatal siga o exemplo do bailado. As mulheres interpretam em fantasia a realização prática de um desejo. É nisto que consistea magia: uma técnica ilusória destinada a suplementar a técnica real.Mas essa técnica ilusória não é vã. A dança não pode exercerqualquer feito direto sobre as batatas, mas pode ter (como de fato tem) um efeito apreciável sobre as mulheres. Inspiradas pelaconvicção de que a dança protege a colheita, entregam-se ao trabalho com mais confiança e mais energia. E, deste modo, a dançaacaba, afinal, por ter um efeito sobre a colheita. (George Thomson)
Texto 2
5. A ciência livra-nos do medo, combatendo com respostas objetivas esse veneno subjetivo. Com um bom pára-raios, quem em casateme as tempestades? Todo ritual mítico está condenado a desaparecer; a função dos mitos se estreita a cada invenção, e todo vazioem que o pensamento mágico imperava está sendo preenchido pelo efeito de uma operação racional. Quanto à arte, continuará afazer o que pode: entreter o homem nas pausas de seu trabalho, desembaraçada agora de qualquer outra missão, que não mais épreciso lhe atribuir. (Hercule Granville)
Fuvest 1997
Redija uma DISSERTAÇÃO em prosa, relacionando os três textos abaixo.
Texto 1
Na prova de Redação dos vestibulares, talvez a verdadeira questão seja sempre a mesma: “Conseguirei?”. Cada candidato aplica-se às reflexões e às frases na difícil tarefa de falar de um tema A proposto, com a preocupação em B – “Conseguirei?” –, paraconvencer um leitor X.
Texto 2
Ao escrever “Lutar com palavras / é a luta mais vã. / Entanto lutamos / mal rompe a manhã”, Carlos Drummond de Andrade já era umpoeta maior da nossa língua.
Texto 3
É difícil defender,só com palavras, a vida. (João Cabral de Melo Neto)
Fuvest 1998
Redação
A partir da leitura dos textos abaixo, redija uma DISSERTAÇÃO em prosa, discutindo as idéias neles contidas.
(...) o inferno são os Outros.(Jean-Paul Sartre)
(...) padecer a convicção de que, na estreiteza das relações da vida, a alma alheia comprime-nos, penetra-nos, suprime a nossa, e existedentro de nós, como uma consciência imposta, um demônio usurpador que se assenhoreia do governo dos nossos nervos, da direçãodo nosso querer; que é esse estranho espírito, esse espírito invasor que faz as vezes de nosso espírito, e que de fora, a nossa alma,mísera exilada, contempla inerte a tirania violenta dessa alma, outrem, que manda nos seus domínios, que rege as intenções, asresoluções e os atos muito diferentemente do que fizera ela própria (…) (Raul Pompéia)
“Os outros têm uma espécie de cachorro farejador, dentro de cada um, eles mesmos não sabem. Isso feito um cachorro, que eles têmdentro deles, é que fareja, todo o tempo, se a gente por dentro da gente está mole, está sujo ou está ruim, ou errado... As pessoas,mesmas, não sabem. Mas, então, elas ficam assim com uma precisão de judiar com a gente...”(João Guimarães Rosa)
(...)experimentarcolonizarcivilizarhumanizaro homemdescobrindo em suas próprias entranhasa perene, insuspeitada alegriade con-viver.(Carlos Drummond de Andrade)
O filósofo e psicólogo William James chamou a atenção para o grau em que nossa identidade é formada por outras pessoas: são osoutros que nos permitem desenvolver um sentimento de identidade, e as pessoas com as quais nos sentimos mais à vontade sãoaquelas que nos “devolvem” uma imagem adequada de nós mesmos (...)(Alain de Botton)
Fuvest 1999
Redação
Como você avalia a jovem geração brasileira que constitui a maioria dos que chegam agora ao vestibular? Situada, em sua maior parte,na faixa etária que vai dos dezesseis aos vinte e um anos, que características essa geração apresenta? Que opinião você tem sobre taiscaracterísticas?
Para tratar desse tema, você poderá, por exemplo, identificar as principais virtudes ou os defeitos que eventualmente essa jovemgeração apresente; indicar quais são os valores que, de fato, ela julga mais importantes e opinar sobre eles. Você poderá, também,considerá-la quanto à formação intelectual, identificando, aí, os pontos fortes e as possíveis deficiências. Poderá, ainda, observar qualé o grau de respeito pelo outro, de consciência social, de companheirismo, de solidariedade efetiva, de conformismo ou de inconformismoque essa geração manifesta.
Refletindo sobre aspectos como os acima sugeridos, escolhendo entre eles os que você julgue mais pertinentes ou, caso achenecessário, levantando outros aspectos que você considere mais relevantes para tratar do tema proposto, redija uma DISSERTAÇÃOEM PROSA, apresentando argumentos que dêem consistência e objetividade ao seu ponto de vista
Fuvest 2000
Redação
Recentemente, o Deputado Federal Aldo Rebelo (PC do B – SP), visando proteger a identidade cultural da língua portuguesa,apresentou um projeto de lei que prevê sanções contra o emprego abusivo de estrangeirismos. Mais que isso, declarou o Deputado,interessa-lhe incentivar a criação de um “Movimento Nacional de Defesa da Língua Portuguesa”.Leia argumentos que ele apresenta para justificar o projeto, bem como os textos subseqüentes, relacionados ao mesmo tema.
”A História nos ensina que uma das formas de dominação de um povo sobre outro se dá pela imposição da língua. (...)...estamos a assistir a uma verdadeira descaracterização da Língua Portuguesa, tal a invasão indiscriminada e desnecessária deestrangeirismos – como ‘holding’, ‘recall’, ‘franchise’, ‘coffee-break’, ‘self-service’ – (...). E isso vem ocorrendo com voracidade erapidez tão espantosas que não é exagero supor que estamos na iminência de comprometer, quem sabe até truncar, a comunicaçãooral e escrita com o nosso homem simples do campo, não afeito às palavras e expressões importadas, em geral do inglês norte-americano, que dominam o nosso cotidiano (...)””Como explicar esse fenômeno indesejável, ameaçador de um dos elementos mais vitais do nosso patrimônio cultural – a línguamaterna –, que vem ocorrendo com intensidade crescente ao longo dos últimos 10 a 20 anos? (...)””Parece-me que é chegado o momento de romper com tamanha complacência cultural, e, assim, conscientizar a nação de que épreciso agir em prol da língua pátria, mas sem xenofobismo ou intolerância de nenhuma espécie. (...)”(Dep. Fed. Aldo Rebelo, 1999)
”Na realidade, o problema do empréstimo lingüístico não se resolve com atitudes reacionárias, com estabelecer barreiras oucordões de isolamento à entrada de palavras e expressões de outros idiomas. Resolve-se com o dinamismo cultural, com o gênioinventivo do povo. Povo que não forja cultura dispensa-se de criar palavras com energia irradiadora e tem de conformar-se,queiram ou não queiram os seus gramáticos, à condição de mero usuário de criações alheias.” (Celso Cunha, 1968)
”Um país como a Alemanha, menos vulnerável à influência da colonização da língua inglesa, discute hoje uma reforma ortográficapara ‘germanizar’ expressões estrangeiras, o que já é regra na França. O risco de se cair no nacionalismo tosco e na xenofobia éevidente. Não é preciso, porém, agir como Policarpo Quaresma, personagem de Lima Barreto, que queria transformar o tupi emlíngua oficial do Brasil para recuperar o instinto de nacionalidade.No Brasil de hoje já seria um avanço se as pessoas passassem a usar, entre outros exemplos, a palavra ‘entrega’ em vez de‘delivery’.” (Folha de S. Paulo, 20/10/98)
Levando em conta as idéias presentes nos três textos, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, expondo o que você pensa sobre essainiciativa do Deputado e as questões que ela envolve. Apresente argumentos que dêem sustentação ao ponto de vista que você adotou.
Fuvest 2001
Redação
Um dia sim, outro também. Duas bombas, suásticas nazistas e muitas mensagens pregando a tolerância zero a negros, judeus,homossexuais e nordestinos marcaram a Semana da Pátria em São Paulo. O primeiro petardo foi direcionado na segunda-feira 4,para o coordenador da Anistia Internacional. Tratava-se de uma bomba caseira, postada numa agência dos Correios de Pinheiroscom endereço certo: a casa do coordenador. Uma hora e meia depois, foi a vez de o secretário de Segurança e de os presidentes dascomissões Municipal e Estadual de Direitos Humanos receberem cartas ameaçadoras. Assinando “Nós os skinheads” (cabeçaraspada), os autores abusaram da linguagem chula, do ódio e da intolerância. “Vamos destruir todos os viados, pretos enordestinos”, prometeram. Eles asseguravam também já terem escolhido os representantes daqueles que não se enquadram no quechamam de “raça pura” para receberem “alguns presentinhos”. Como prometeram, era só o começo. No dia seguinte, terça-feira5, o mesmo grupo mandou outra bomba, dessa vez para a associação da Parada do Orgulho Gay. (Isto é, 08/09/2000)
Desde então [os anos 80], o poder racista alastrou-se por todo o mundo numa torrente de excessos sanguinolentos. Também naAlemanha, imigrantes e refugiados foram mortos friamente por maltas de radicais de direita em atentados incendiários. Até hoje, aesfera pública minimiza tais crimes como obra de uns poucos jovens desclassificados. Na verdade, porém, o poder racista à solta nasruas é o prenúncio de uma reviravolta nas condições atmosféricas mundiais. (Robert Kurz)
Um dos eventos realizados no final de abril deste ano no Chile foi uma conferência internacional secreta de militantes extremistasde direita e organizações neonazistas planejada e divulgada pela Internet. Foram convidados a participar do “Primeiro EncontroIdeológico Internacional de Nacionalismo e Socialismo” representantes do Brasil, Uruguai, Argentina, Venezuela e EstadosUnidos. (Isto é, 08/09/2000)
(...) Nos últimos anos, grupos neonazistas têm se multiplicado. Tanto nos Estados Unidos e na Europa quanto aqui parece existiruma relação entre o desemprego estrutural do sistema capitalista e a ascensão desses grupos de inspiração neonazista.
(Página da Internet)
Toda proclamação contra o fascismo que se abstenha de tocar nas relações sociais de que ele resulta como uma necessidadenatural, é desprovida de sinceridade.
(Bertolt Brecht)
Considerar alguém como culpado, porque pertence a uma coletividade à qual ele não “escolheu” pertencer, não é característicaprópria só do racismo. Todo nacionalismo mais intenso, e até mesmo qualquer bairrismo, consideram sempre os outros (certosoutros) como culpados por serem o que são, por pertencerem a uma coletividade à qual não escolheram pertencer. (...)(Cornelius Castoriadis)“A violência é a base da educação de cada um.”(Resposta de um cidadão anônimo entrevistado pela TV sobre as razões da violência)
Estes textos (adaptados das fontes citadas) apresentam notícias sobre o crescimento do neonazismo e do neofascismo e, também,alguns pontos de vista sobre o sentido desse fenômeno. Com base nesses textos e em outras informações e reflexões que julgue adequadas, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, procurando argumentar de modo claro e consistente
Fuvest 2002
Observação: No Vestibular de 1999, a FUVEST propôs aos candidatos que avaliassem a atual geração de jovens, isto é, a geração de que eles próprios faziam parte.
Desta vez, muda-se a perspectiva e propõe-se aos candidatos que avaliem a geração precedente: a de seus formadores. Assim, o tema para este ano é:
Redação
Como você avalia os responsáveis por sua formação, ou seja, seus pais e familiares, professores, orientadores religiosos, líderes políticos, intelectuais, autoridades etc.?
Visando ao desenvolvimento do tema, você poderá, se quiser, refletir sobre as seguintes questões: quais foram os principais responsáveis por sua formação? Quais são as características mais marcantes que apresentam? Você julga que eles assumiram, de fato, sua função de formadores? Em que aspectos a formação que lhe proporcionaram foi satisfatória ou insatisfatória? Você poderá, ainda, identificar os valores que são realmente importantes para eles, opinando sobre esses valores. Poderá, também, considerar se eles são, em si mesmos, pessoas íntegras e felizes e se, assim, constituem bons modelos de vida.
Considerando aspectos como os acima sugeridos ou, ainda, escolhendo outros que você julgue mais importantes para tratar do tema, redija, com sinceridade e plena liberdade de opinião, uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, em linguagem adequada à situação, procurando argumentar com pertinência e coerência.
Fuvest 2003
Leia atentamente os três textos abaixo.
TEXTO I
Está no dicionário Houaiss:
auto-estima s.f. qualidade de quem se valoriza, se contenta com seu modo de ser e demonstra, conseqüentemente, confiança em seus atos e julgamentos.
A definição do dicionário parece limitar-se ao âmbito do indivíduo, mas a palavra auto-estima já há algum tempo é associada a uma necessidade coletiva. Por exemplo: nós, brasileiros, precisamos fortalecer nossa auto-estima. Neste caso, a satisfação com nosso modo de ser, como povo, nos levaria à confiança em nossos atos e julgamentos. Mas talvez seja o caso de perguntar: não são os nossos atos e julgamentos que acabam por fortalecer ou enfraquecer nossa auto-estima, como indivíduos ou como povo?
TEXTO II
Estão num poema de Drummond, da década de vinte, os versos:
E a gente viajando na pátria sente saudades da pátria. (...)
Aqui ao menos a gente sabe que é tudo uma canalha só.
TEXTO III
Está num artigo do jornalista Zuenir Ventura, de dois anos atrás:
De um país em crise e cheio de mazelas, onde, segundo o IBGE, quase um quarto da população ganha R$ 4 por dia, o que se esperaria? Que fosse a morada de um povo infeliz, cético e pessimista, não?
Não. Por incrível que pareça, não. Os brasileiros não só consideram seu país um lugar bom e ótimo para viver, como estão otimistas em relação a seu futuro e acreditam que ele se transformará numa superpotência econômica em cinco anos. Pelo menos essa é a conclusão de um levantamento sobre a "utopia brasileira" realizado pelo Datafolha.
Redação:
Com o apoio dos três textos apresentados, escreva uma dissertação em prosa, na qual você deverá discutir manifestações concretas de afirmação ou de negação da auto-estima entre os brasileiros. Apresente argumentos que dêem sustentação ao ponto de vista que você adotou
Fuvest 2004
Nos três textos abaixo, manifestam-se diferentes concepções de tempo; o autor de cada um deles expõe uma determinada relação com a passagem do tempo. Leia-os com atenção:
TEXTO I
Mais do que nunca a história é atualmente revista ou inventada por gente que não deseja o passado real, mas somente um passado que sirva a seus objetivos. (...) Os negócios da humanidade são hoje conduzidos especialmente por tecnocratas, resolvedores de problemas, para quem a história é quase irrelevante; por isso, ela passou a ser mais importante para nosso entendimento do mundo do que anteriormente.
(Eric Hobsbawn, Tempos Interessantes: uma vida no século XX)
TEXTO II
Não se afobe, não,
Que nada é pra já,
O amor não tem pressa,
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário,
Na posta-restante,
Milênios, milênios
No ar...
E quem sabe, então,
O Rio será
Alguma cidade submersa.
Os escafandristas virão
Explorar sua casa,
Seu quarto, suas coisas,
Sua alma, desvãos...
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras,
Fragmentos de cartas, poemas,
Mentiras, retratos,
Vestígios de estranha civilização.
Não se afobe, não,
Que nada é pra já,
Amores serão sempre amáveis.
Futuros amantes quiçá
Se amarão, sem saber,
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você.
(Chico Buarque, "Futuros Amantes")
TEXTO III
O que existe é o dia-a-dia. Ninguém vai me dizer que o que aconteceu no passado tem alguma coisa a ver com o presente, muito menos com o futuro. Tudo é hoje, tudo é já. Quem não se liga na velocidade moderna, quem não acompanha as mudanças, as descobertas, as conquistas de cada dia, fica parado no tempo, não entende nada do que está acontecendo. (Herberto Linhares, depoimento).
Redação
Redija uma dissertação em prosa, na qual você apontará, sucintamente, as diferentes concepções de tempo, presentes nos três textos, e argumentará em favor da concepção do tempo com a qual você mais se identifica.
Fuvest 2005
Redação
Foto de Jefferson Coppola/ Folha Imagem
“Catraca invisível” ocupa lugar de estátua
Sem que ninguém saiba como e muito menos o por quê uma catraca enferrujada foi colocada em cima de um pedestal no largo do Arouche (centro de São Paulo). É o monumento à catraca invisível, informa uma placa preta com moldura e letras douradas, colocada abaixo do objeto, onde ainda se lê: Programa para a descatracalização da vida, Julho de 2004. (Adaptado de Folha de S. Paulo, 04 de setembro de 2004)
[Catraca = borboleta: dispositivo geralmente formado por três ou quatro barras ou alças giratórias, que impede a passagem de mais de uma pessoa de cada vez, instalado na entrada e/ou saída de ônibus, estações, estádios etc. para ordenar e controlar o movimento de pessoas, contá-las etc.]
Grupo assume autoria da ”catraca invisível”
Um grupo artístico chamado 'Contra Filé' assumiu a responsabilidade pela colocação de uma catraca enferrujada no largo do Arouche (região central). A intervenção elevou a catraca ao status de monumento à descatracalização da vida e fez parte de um programa apresentado no Sesc da Avenida Paulista, paralelamente ao Fórum das Cidades. No site do Sesc, o grupo afirma que a catraca representa um objeto de controle biopolítico do capital e do governo sobre os cidadãos. (Adaptado de Folha de S. Paulo, 09 de setembro de 2004)
Em site sobre o assunto, assim foi explicado o projeto do grupo Contra Filé: O Contra Filé desenvolveu o PROGRAMA PARA A DESCATRACALIZAÇÃO DA PRÓPRIA VIDA. A catraca representa um signo revelador do controle biopolítico, através de forças visíveis e/ou invisíveis. Por quantas catracas passamos diariamente? Por quantas não passamos, apesar de termos a sensação de passar? (http://lists.indymedia.org/pipemail/cmi-brasil-video/2004-july/0726-ct.html )
INSTRUÇÃO: Como você pôde verificar, observando o noticiário da imprensa e o texto da Internet aqui reproduzidos, a catraca que apareceu em uma praça de São Paulo era, na verdade, um Monumento à catraca invisível, ali instalado pelo grupo artístico Contra Filé, como parte de seu Programa para a descatracalização da vida.
Tudo indica, portanto, que o grupo responsável por este programa acredita que há um excesso de controles, dos mais variados tipos, que se exercem sobre os corpos e as mentes das pessoas, submetendo-as a constantes limitações e constrangimentos. Tendo em vista as motivações do grupo, você julga que o programa por ele desenvolvido se justifica? Considerando essa questão, além de outras que você ache pertinentes, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, argumentando de modo a apresentar seu ponto de vista sobre o assunto.
Fuvest 2006
Redação
Foto da escultura David de Michelangelo
TEXTO 1
O trabalho não é uma essência atemporal do homem. Ele é uma invenção histórica e, como tal, pode ser transformado e mesmo desaparecer.
(Adaptado de A.Simões)
TEXTO 2
Há algumas décadas, pensava-se que o progresso técnico e o aumento da capacidade de produção permitiriam que o trabalho ficasse razoavelmente fora de moda e a humanidade tivesse mais tempo para si mesma. Na verdade, o que se passa hoje é que uma parte da humanidade está se matando de tanto trabalhar, enquanto a outra parte está morrendo por falta de emprego.
(M.A. Marques)
TEXTO 3
O trabalho de arte é um processo. Resulta de uma vida. Em 1501, Michelangelo retorna de viagem a Florença e concentra seu trabalho artístico em um grande bloco de mármore abandonado. Quatro anos mais tarde fica pronta a escultura "David".
(Adaptado de site da Internet)
INSTRUÇÃO: Os três textos abaixo apresentam diferentes visões de trabalho. O primeiro procura conceituar essa atividade e prever seu futuro. O segundo trata de suas condições no mundo contemporâneo e o último, ilustrado pela famosa escultura de Michelangelo, refere-se ao trabalho de artista. Relacione esses três textos e com base nas idéias neles contidas, além de outras que julgue relevantes, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, argumentando sobre o que leu acima e também sobre os outros pontos que você tenha considerado pertinentes.
Fuvest 2007
Redação
Em primeiro lugar (...), pode-se realmente “viver a vida” sem conhecer a felicidade de encontrar num amigo os mesmos sentimentos? Que haverá de mais doce que poder falar a alguém como falarias a ti mesmo? De que nos valeria a felicidade se não tivéssemos quem com ela se alegrasse tanto quanto nós próprios? Bem difícil te seria suportar adversidades sem um companheiro que as sofresse mais ainda.
(...)Os que suprimem a amizade da vida parecem-me privar o mundo do sol: os deuses imortais nada nos deram de melhor, nem de mais agradável.
Cícero, Da amizade.
Aprecio no mais alto grau a resposta daquele jovem soldado, a quem Ciro perguntava quanto queria pelo cavalo com o qual acabara de ganhar uma corrida, e se o trocaria por um reino: “Seguramente não, senhor, e no entanto eu o daria de bom grado se com isso obtivesse a amizade de um homem que eu considerasse digno de ser meu amigo”. E estava certo ao dizer se, pois se encontramos facilmente homens aptos a travar conosco relações superficiais, o mesmo não acontece quando procuramos uma intimidade sem reservas. Nesse caso, é preciso que tudo seja límpido e ofereça completa segurança.
Montaigne, “Da amizade” (adaptado)
Amigo é coisa pra se guardar,
Debaixo de sete chaves,
Dentro do coração...
Assim falava a canção
Que na América ouvi...
Mas quem cantava chorou,
Ao ver seu amigo partir...
Mas quem ficou,
No pensamento voou,
Com seu canto que o outro lembrou
(...)
Fernando Brant / Milton Nascimento, “Canção da América”
(...)
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade.
E quem há de negar que esta lhe é superior?
(...)
Caetano Veloso, “Língua”
Considere os textos e a instrução abaixo:
INSTRUÇÃO: A amizade tem sido objeto de reflexões e elogios de pensadores e artistas de todas as épocas. Os trechos sobre esse tema, aqui reproduzidos, pertencem a um pensador da Antiguidade Clássica (Cícero), a um pensador do século XVI (Montaigne) e a compositores da música popular brasileira contemporânea. Você considera adequadas as ideias neles expressas? Elas são atuais, isto é, você julga que elas têm validade no mundo de hoje? O que sua própria experiência lhe diz sobre esse assunto? Tendo em conta tais questões, além de outras que você julgue pertinentes, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, argumentando de modo a expor seu ponto de vista sobre o assunto.
Fuvest 2008
Redação
Vigilância epistêmica* é a preocupação que todos nós deveríamos ter com relação a tudo o que lemos, ouvimos e aprendemos de outros seres humanos, para não sermos enganados, para não acreditarmos em tudo o que é escrito e dito por aí. É preciso vigiar o futuro para sabermos separar o joio do trigo**. Hoje boa parte dos sites de busca indexam tudo o que encontram pela frente à internet, mesmo que se trate de uma grande bobagem ou de evidente inverdade. Qualquer opinião emitida, vista como um direito de todos, é divulgada aos quatro cantos do mundo. De fato, alguns desses sites de busca deveriam colocar, nos primeiros lugares, páginas de renomadas Universidades, preocupadas com a verdade.
Todos precisamos estar muito atentos a dois aspectos com relação a tudo o que ouvimos e lemos:
* se quem nos fala ou escreve conhece a fundo o assunto, se é um especialista comprovado, se sabe do que está falando;
* se quem nos fala ou escreve, na verdade, é um idiota que ouviu falar algo e simplesmente repassa, aos outros, o que leu e ouviu, sem acrescentar absolutamente nada de útil.
Aumentar nossa vigilância e preocupação com a verdade é necessidade cada vez mais premente num tempo que todos os gurus chamam de Era da Informação.
Discordo, profundamente, desses gurus. Estamos, na realidade, na Era da Desinformação, de tanto lixo e ruído sem significado que, na maior parte das vezes, nos são transmitidos, todos os dias, eletronicamente, sem que exista o menor cuidado com a precisão e seriedade do que se emite, por parte das fontes que colocam matérias na rede. É mais uma conseqüência dessa ideia que a maioria das pessoas tem sobre a liberdade de expressar o que bem quiser, de expressar qualquer opinião que seja, como se opiniões não precisassem se basear no rigor científico, antes de serem emitidas. (Stephen Kanitz, Revista Veja, 03/10/2007. Adaptado.)
* Vigilância epistêmica = capacidade de ficar atento e perceber se uma afirmação tem ou não valor científico.
** Separar o joio do trigo = no contexto, capacidade de diferenciar observações equivocadas, mentiras mesmo, de outras afirmações que contêm verdades.
Fotografia de D.Pedro II em viagem
HISTÓRIA. D. Pedro II em viagem: fotografia na web.
Países se unem em projeto da ONU
Tesouros informativos de vários países estarão disponíveis gratuitamente para qualquer internauta, a partir deste mês, com a formação da Biblioteca Digital Mundial, uma iniciativa da ONU. O portal terá, na primeira fase, mapas, fotografias e manuscritos, com textos explicativos em sete línguas, inclusive português. Na segunda fase, será possível consultar livros. A Biblioteca Nacional brasileira é uma das participantes. (O Estado de S. Paulo, 02/10/2007. Adaptado.)
O acesso à Informação (em sua maioria, eletrônica) se tornou o direito humano mais zelosamente defendido. E aquilo sobre o que a informação mais informa é a fluidez do mundo habitado e a flexibilidade dos habitantes. O noticiário – essa parte da informação eletrônica que tem maior chance de ser confundida com a verdadeira representação do mundo lá fora é dos mais perecíveis bens da eletrônica. Mas a perecibilidade dos noticiários, como informação sobre o mundo real, é em si mesma uma importante informação: a transmissão das notícias é a celebração constante e diariamente repetida da enorme velocidade da mudança, do acelerado envelhecimento e da perpetuidade dos novos começos. (Zygmunt Bauman. Modernidade Líquida.Adaptado.)
Instrução: Os textos apresentados trazem reflexões e notícias sobre o mundo digital. Com base nesses textos e em outras informações e ideias que julgar pertinentes, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, argumentando de modo claro e coerente.
Fuvest 2009
Redação
Fotografia da fronteira entre Holanda e Bélgica
fronteira
substantivo feminino
1 parte extrema de uma área, região etc., a parte limítrofe de um espaço em relação a outro. Ex.: Havia patrulhas em toda a f.
2 o marco, a raia, a linha divisória entre duas áreas, regiões, estados, países etc.
Ex.: O rio servia de f. entre as duas fazendas.
3 Derivação: por extensão de sentido. o fim, o termo, o limite, especialmente do espaço. Ex.: Para a ciência, o céu não tem f.
4 Derivação: sentido figurado. o limite, o fim de algo de cunho abstrato.
Ex.: Havia chegado à f. da decência.
Fonte: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Adaptado.
As fronteiras geográficas são passíveis de contínua mobilidade, dependendo dos movimentos sociais e políticos de um ou mais grupos de pessoas.
Além do significado geográfico, físico, o termo “fronteira” é utilizado também em sentido figurado, especialmente, quando se refere a diferentes campos do conhecimento. Assim, existem fronteiras psicológicas, fronteiras do pensamento, da ciência, da linguagem etc.
Com base nas ideias sugeridas acima, escolha uma ou até duas delas, como tema, e redija uma dissertação em prosa, utilizando informações e argumentos que deem consistência a seu ponto de vista.
Procure seguir estas instruções:
- Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da modalidade escrita culta da língua portuguesa.
- Dê um título para sua redação, que deverá ter entre 20 e 30 linhas.
Fuvest 2010
Redação
Um mundo por imagens
Imagem de uma janela aberta
A imaginação simbólica é sempre um fator de equilíbrio. O símbolo é concebido como uma síntese equilibradora, por meio da qual a alma dos indivíduos oferece soluções apaziguadoras aos problemas.
Gilbert Durand
Ao invés de nos relacionarmos diretamente com a realidade, dependemos cada vez mais de uma vasta gama de informações, que nos alcançam com mais poder, facilidade e rapidez. É como se ficássemos suspensos entre a realidade da vida diária e sua representação.
Tânia Pellegrini. Adaptado.
Na civilização em que se vive hoje, constroem-se imagens, as mais diversas, sobre os mais variados aspectos; constroem-se imagens, por exemplo, sobre pessoas, fatos, livros, instituições e situações.
No cotidiano, é comum substituir-se o real imediato por essas imagens.
Dentre as possibilidades de construção de imagens enumeradas acima, em negrito, escolha apenas uma, como tema de seu texto, e redija uma dissertação em prosa, lançando mão de argumentos e informações que deem consistência a seu ponto de vista.
Instruções:
- Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da modalidade escrita culta da língua portuguesa.
⁃ Dê um título para sua redação, a qual deverá ter entre 20 e 30 linhas.
⁃ NÃO será aceita redação em forma de verso.
Fuvest 2011
Redação
Observe esta imagem e leia com atenção os textos abaixo.
⁃ Imagem de palmeiras
Texto 1
Um grandioso e raro espetáculo da natureza está em cena no Rio de Janeiro. Trata-se da floração de palmeiras Corypha umbraculifera, ou palma talipot, no Aterro do Flamengo.
Trazidas do Sri Lanka pelo paisagista Roberto Burle Marx, elas florescem uma única vez na vida, cerca de cinquenta anos depois de plantadas. Em seguida, iniciam um longo processo de morte, período em que produzem cerca de uma tonelada de sementes.
(http://veja.abril.com.br, 09/12/2009. Adaptado.)
Texto 2
Quando Roberto Burle Marx plantou a palma talipot, um visitante teria comentado: “Como elas levam tanto tempo para florir, o senhor não estará mais aqui para ver”. O paisagista, então com mais de 50 anos, teria dito: “Assim como alguém plantou para que eu pudesse ver, estou plantando para que outros também possam contemplar”. (http://www.abap.org.br. Paisagem Escrita. nº 131, 10/11/2009. Adaptado.)
Texto 3
Onde não há pensamento a longo prazo, dificilmente pode haver um senso de destino compartilhado, um sentimento de irmandade, um impulso de cerrar fileiras, ficar ombro a ombro ou marchar no mesmo passo. A solidariedade tem pouca chance de brotar e fincar raízes. Os relacionamentos destacam-se sobretudo pela fragilidade e pela superficialidade. (Z. Bauman. Vidas desperdiçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. Adaptado)
Texto 4
A cultura do sacrifício está morta. Deixamos de nos reconhecer na obrigação de viver em nome de qualquer coisa que não nós mesmos. (G. Lipovetsky, cit. por Z. Bauman, em A arte da vida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.)
Como mostram os textos 1 e 2, a imagem de abnegação fornecida pela palma talipot, que, de certo modo, “sacrifica” a própria vida para criar novas vidas, é reforçada pelo altruísmo* de Roberto Burle Marx, que a plantou, não para seu próprio proveito, mas para o dos outros. Em contraposição, o mundo atual teria escolhido o caminho oposto.
Com base nas ideias e sugestões presentes na imagem e nos textos aqui reunidos, redija uma dissertação argumentativa, em prosa, sobre o seguinte tema:
O altruísmo e o pensamento a longo prazo ainda têm lugar no mundo contemporâneo?
*Altruísmo = s.m. Tendência ou inclinação de natureza instintiva que incita o ser humano à preocupação com o outro.
Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 2009.
Instruções:
- Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua portuguesa.
- A redação deverá ter entre 20 e 30 linhas.
⁃ Dê um título a sua redação.
Fuvest 2012
Redação
Texto 1
A ciência mais imperativa e predominante sobre tudo é a ciência política, pois esta determina quais são as demais ciências que devem ser estudadas na pólis. Nessa medida, a ciência política inclui a finalidade das demais, e, então, essa finalidade deve ser o bem do homem. (Aristóteles. Adaptado.)
Texto 2
O termo “idiota” aparece em comentários indignados, cada vez mais frequentes no Brasil, como “política é coisa de idiota”. O que podemos constatar é que acabou se invertendo o conceito original de idiota, pois a palavra idiótes, em grego, significa aquele que só vive a vida privada, que recusa a política, que diz não à política.Talvez devêssemos retomar esse conceito de idiota como aquele que vive fechado dentro de si e só se interessa pela vida no âmbito pessoal. Sua expressão generalizada é: “Não me meto em política”. (M. S. Cortella e R. J. Ribeiro, Política – para não ser idiota. Adaptado.)
Texto 3
FILHOS DA ÉPOCA
Somos filhos da época
e a época é política.
Todas as tuas, nossas, vossas coisas
diurnas e noturnas,
são coisas políticas.
Querendo ou não querendo,
teus genes têm um passado político,
tua pele, um matiz político,
teus olhos, um aspecto político.
O que você diz tem ressonância,
o que silencia tem um eco
de um jeito ou de outro, político.
(…) Wislawa Szymborska, Poemas
Texto 4
As instituições políticas vigentes (por exemplo, partidos políticos, parlamentos, governos) vivem hoje um processo de abandono ou diminuição do seu papel de criadoras de agenda de questões e opções relevantes e, também, do seu papel de propositoras de doutrinas. O que não significa que se amplia a liberdade de opção individual. Significa apenas que essas funções estão sendo decididamente transferidas das instituições políticas (isto é, eleitas e, em princípio, controladas) para forças essencialmente não políticas – primordialmente as do mercado financeiro e do consumo. A agenda de opções mais importantes dificilmente pode ser construída politicamente nas atuais condições. Assim esvaziada, a política perde interesse. (Zygmunt Bauman. Em busca da política. Adaptado.)
Texto 5
Tirinha do Homem Legenda
Mundo Monstro, do cartunista Adão, publicado no jornal Folha de São Paulo, 05/10/2011
Os textos aqui reproduzidos falam de política, seja para enfatizar sua necessidade, seja para indicar suas limitações e impasses no mundo atual. Reflita sobre esses textos e redija uma dissertação em prosa, na qual você discuta as ideias neles apresentadas, argumentando de modo a deixar claro o seu ponto de vista sobre o tema Participação política: indispensável ou superada?
Instruções:
- A redação deve obedecer à norma padrão da língua portuguesa.
- Escreva, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas, com letra legível.
- Dê um título a sua redação.
Fotografia de um shopping com uma caixa o texto: Aproveite o melhor que o mundo tem a oferecer com o Cartão de Crédito X
Esta é a reprodução (aqui, sem as marcas normais dos anunciantes, que foram
substituídas por X) de um anúncio publicitário real, colhido em uma revista,
publicada no ano de 2012.
Como toda mensagem, esse anúncio, formado pela relação entre imagem e
texto, carrega pressupostos e implicações: se o observarmos bem, veremos
que ele expressa uma determinada mentalidade, projeta uma dada visão de
mundo, manifesta uma certa escolha de valores e assim por diante.
Redija uma dissertação em prosa, na qual você interprete e discuta a mensagem
contida nesse anúncio, considerando os aspectos mencionados no parágrafo
anterior e, se quiser, também outros aspectos que julgue relevantes. Procure
argumentar de modo a deixar claro seu ponto de vista sobre o assunto. Intruções:
- A redação deve obedecer à norma-padrão da língua portuguesa.
- Escreva, no mínimo 20 e, no máxio, 30 linhas, com letra legível.
- Dê um título à sua redação.
Fuvest 2014
Redação
Leia o seguinte extrato de uma reportagem do jornal inglês The Guardian, de 22 de janeiro de 2013, para em seguida atender ao
que se pede:
O ministro de finanças do Japão, Taro Aso, disse na segunda-feira (dia 21) que os velhos deveriam “apressar-se a morrer”, para aliviar a pressão que suas despesas médicas exercem sobre o Estado.“Deus nos livre de uma situação em que você é forçado a viver quando você quer morrer. Eu acordaria me sentindo cada vez pior se soubesse que o tratamento é todo pago pelo governo”, disse ele durante uma reunião do conselho nacional a respeito das reformas na seguridade social. “O problema não será resolvido, a menos que você permita que eles se apressem a morrer”. Os comentários de Aso são suscetíveis de causar ofensa no Japão, onde quase um quarto da população de 128 milhões tem mais de 60 anos. A proporção deve atingir 40% nos próximos 50 anos.
Aso, de 72 anos de idade, que tem funções de vice-primeiro-ministro, disse que iria recusar os cuidados de fim de vida. “Eu não preciso desse tipo de atendimento”,declarou ele em comentários citados pela imprensa local, acrescentando que havia redigido uma nota instruindo sua família a negar-lhe tratamento médico para prolongar a vida. Para maior agravo, ele chamou de “pessoas tubo” os pacientes idosos que já não conseguem se alimentar sozinhos. O ministério da saúde e do bem estar, acrescentou, está “bem consciente de que custa várias dezenas de milhões de ienes” por mês o tratamento de um único doente em fase final de vida. Mais tarde, Aso tentou explicar seus comentários. Ele reconheceu que sua linguagem fora “inapropriada” em um fórum público e insistiu que expressara apenas sua preferência pessoal. “Eu disse o que eu, pessoalmente, penso, não o que o sistema de assistência médica a idosos deve ser”, declarou ele a jornalistas.Não foi a primeira vez que Aso, um dos mais ricospolíticos do Japão, questionou o dever do Estado para com sua grande população idosa. Anteriormente, em um encontro de economistas, ele já dissera: “Por que eu deveria pagar por pessoas que apenas comem e bebem e não fazem nenhum esforço? Eu faço caminhadas todos os dias, além de muitas outras coisas, e estou pagando mais impostos”.
theguardian.com, Tuesday, 22 January 2013. Traduzido e adaptado.
Considere as opiniões atribuídas ao referido político japonês, tendo em conta que elas possuem implicações éticas, culturais, sociais e econômicas capazes de suscitar questões de várias ordens: essas opiniões são tão raras ou isoladas quanto podem parecer? O que as motiva? O que elas dizem sobre as sociedades contemporâneas? Opiniões desse teor seriam possíveis no contexto brasileiro? Como as jovens gerações encaram os idosos? Escolhendo, entre os diversos aspectos do tema, os que você considerar mais relevantes, redija um texto em prosa, no qual você avalie as posições do citado ministro, supondo que esse texto se destine à publicação — seja em um jornal, uma revista ou emum site da internet.
Instruções:
— A redação dever ser uma dissertação, escrita de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
— Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível. Não ultrapasse o espaço de 34 linhas da folha de redação.
— Dê um título a sua redação
Fuvest 2015
Redação
Na verdade, durante a maior parte do século XX, os estádios eram lugares onde os executivos empresariais sentavam-se lado a lado com os operários, todo mundo entrava nas mesmas filas para comprar sanduíches e cerveja, e ricos e pobres igualmente se molhavam se chovesse. Nas últimas décadas, contudo, isso está mudando. O advento de
camarotes especiais, em geral, acima do campo, separam os abastados e privilegiados das pessoas comuns nas arquibancadas mais embaixo. (...) O desaparecimento do convívio entre classes sociais diferentes, outrora vivenciado nos estádios, representa uma perda não só para os que olham de baixo para cima, mas também para os que olham de
cima para baixo. Os estádios são um caso exemplar, mas não único. Algo semelhante vem acontecendo na sociedade americana como um todo, assim como em outros países. Numa época de crescente desigualdade, a “camarotização” de tudo significa que as pessoas abastadas e as de poucos recursos levam vidas cada vez mais separadas. Vivemos, trabalhamos, compramos e nos distraímos em lugares diferentes. Nossos filhos vão a escolas diferentes. Estamos falando de uma espécie de “camarotização” da vida social. Não é bom para a democracia nem sequer é uma maneira satisfatória de levar a vida. Democracia não quer dizer igualdade perfeita, mas de fato exige que os cidadãos compartilhem uma vida comum. O importante é que pessoas de contextos e posições sociais diferentes encontrem-se e convivam na vida cotidiana, pois é assim que aprendemos a negociar e a respeitar as diferenças ao cuidar do bem comum.
Michael J. Sandel. Professor da Universidade Harvard. 'O que o dinheiro não compra' Adaptado.
Comentário do Prof. Michael J. Sandel referente à afirmação de que, no Brasil, se teria produzido uma sociedade ainda mais segregada do que a norte- americana.
O maior erro é pensar que serviços públicos são apenas para quem não pode pagar por coisa melhor. Esse é o início da destruição da ideia do bem comum. Parques, praças e transporte público precisam ser tão bons a ponto de que todos queiram usá-los, até os mais ricos. Se a escola pública é boa, quem pode pagar uma particular vai preferir que seu filho fique na pública, e assim teremos uma base política para defender a qualidade da escola pública. Seria uma tragédia se nossos espaços públicos fossem shopping centers, algo que acontece em vários países, não só no Brasil. Nossa identidade ali é de consumidor, não de cidadão.
Entrevista. Folha de S. Paulo, 28/04/2014. Adaptado.
[No Brasil, com o aumento da presença de classes populares em centros de compras, aeroportos, lugares turísticos etc., é crescente a tendência dos mais ricos a segregar-se em espaços exclusivos, que marquem sua distinção e superioridade.] (...) Pode ser que o fenômeno “camarotização”, isto é, a separação física entre classes sociais, prospere para muitos outros setores. De repente, os supermercados poderão ter ala VIP, com entrada independente, cuja acessibilidade, tacitamente, seja decidida pelo limite do cartão de crédito.
PEREIRA, Renato de P. www.gazetadigital.com.br, 06/05/2014. [Resumido] e adaptado.
Até os anos de 1960, a escola pública que eu conheci, embora existisse em menor número, tinha boa qualidade e era um espaço animado de convívio de classes sociais diferentes. Aprendíamos muito, uns com os outros, sobrenossas diferentes experiências de vida, mas, em geral, nos sentíamos pertencentes a uma só sociedade, a um mesmo país e a uma mesma cultura, que era de todos. Por isso, acreditávamos que teríamos, também, um futuro em comum.Vejo com tristeza que hoje se estabeleceu o contrário: as escolas passaram a segregar os diferentes estratos sociais. Acho que a perda cultural foi imensa e as consequências, para a vida social, desastrosas.
Trecho do testemunho de um professor universitário sobre a Escola Fundamental e Média em que estudou.
Os três primeiros textos aqui reproduzidos referem-se à “camarotização” da sociedade – nome dado à tendência a manter segregados os diferentes estratos sociais. Em contraponto, encontra-se também reproduzido um testemunho, no qual se recupera a experiência de um período em que, no Brasil, a tendência era outra.
Tendo em conta as sugestões desses textos, além de outras informações que julgue relevantes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema “Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia.
Instruções:
- A redação deve ser uma dissertação, escrita de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
- Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível. Não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação.
- Dê um título a sua redação.
Fuvest 2016
Redação
UTOPIA (de ou-topia, lugar inexistente ou, segundo outra leitura, de eu-topia, lugar feliz).
Thomas More deu esse nome a uma espécie de romance filosófico (1516), no qual relatava as condições de vida em uma ilha imaginária denominada Utopia: nela, teriam sido abolidas a propriedade privada e a intolerância religiosa, entre outros fatores
capazes de gerar desarmonia social. Depois disso, esse termo passou a designar não só qualquer texto semelhante, tanto anterior como posterior (como a República de Platão ou a Cidade do Sol de Campanella), mas também qualquer ideal político, social ou
religioso que projete uma nova sociedade, feliz e harmônica, diversa da existente. Em sentido negativo, o termo passou também a ser usado para designar projeto de natureza irrealizável, quimera, fantasia.
Nicola Abbagnano, Dicionário de Filosofia. (Adaptado)
A utopia nos distancia da realidade presente, ela nos torna capazes de não mais perceber essa realidade como natural, obrigatória e inescapável. Porém, mais importante ainda, a utopia nos propõe novas realidades possíveis. Ela é a expressão de todas as potencialidades de um grupo que se encontram recalcadas pela ordem vigente.
Paul Ricoeur. (Adaptado)
A desaparição da utopia ocasiona um estado de coisas estático, em que o próprio homem se transforma em coisa. Iríamos, então, nos defrontar com o maior paradoxo imaginável: o do homem que, tendo alcançado o mais alto grau de domínio racional da existência, se vê deixado sem nenhum ideal, tornando-se um mero produto de impulsos. O homem iria perder, com o abandono das utopias, a vontade de construir a história e, também, a capacidade de compreendê-la.
Karl Mannheim. (Adaptado)
Acredito que se pode viver sem utopias. Acho até que é melhor, porque as utopias são ao mesmo tempo ineficazes e perigosas. Ineficazes quando permanecem como sonhos;
perigosas quando se quer realizá-las.
André ComteSponville. (Adaptado)
Cidade Prevista
(...)
Irmãos, cantai esse mundo
que não verei, mas virá
um dia, dentro em mil anos,
talvez mais... não tenho pressa.
Um mundo enfim ordenado,
uma pátria sem fronteiras,
sem leis e regulamentos,
uma terra sem bandeiras,
sem igrejas nem quartéis,
sem dor, sem febre, sem ouro,
um jeito só de viver,
mas nesse jeito a variedade,
a multiplicidade toda
que há dentro de cada um.
Uma cidade sem portas,
de casas sem armadilha,
um país de riso e glória
como nunca houve nenhum.
Este país não é meu
nem vosso ainda, poetas.
Mas ele será um dia
o país de todo homem.
Carlos Drummond de Andrade
A utopia não é apenas um gentil projeto difícil de se realizar, como quer uma definição simplista. Mas se nós tomarmos a palavra a sério, na sua verdadeira definição, que é aquela dos grandes textos fundadores, em particular a Utopia de Thomas More, o denominador comum das utopias é seu desejo de construir aqui e agora uma sociedade perfeita, uma cidade ideal, criada sob medida para o novo homem e a seu serviço. Um paraíso terrestre que se traduzirá por uma reconciliação geral: reconciliação dos homens com a natureza e dos homens entre si. Portanto, a utopia é a desaparição das diferenças, do conflito e do acaso: é, assim, um mundo todo fluido — o que supõe um controle total das coisas, dos seres, da natureza e da história.Desse modo, a utopia, quando se quer realizá-la, torna-se necessariamente totalitária, mortal e até genocida. No fundo, só
a utopia pode suscitar esses horrores, porque apenas um empreendimento que tem por objetivo a perfeição absoluta, o acesso do homem a um estado superior quase divino, poderia se permitir o emprego de meios tão terríveis para alcançar seus fins. Para a utopia, trata-se de produzir a unidade pela violência, em nome de um ideal tão superior que justifica os piores abusos e o esquecimento da moral reconhecida.
(Frédéric Rouvillois. – Adaptado)
O conjunto de excertos acima contém um verbete, que traz uma definição utopia de seguido de outros cinco textos que apresentam diferentes reflexões sobre o mesmo assunto. Considerando as ideias neles contidas, além de outras informações que você julgue pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema – As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas?
Instruções:
- A redação deve ser uma dissertação, escrita de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
- Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível. Não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação.
- Dê um título a sua redação.