No Chile, o radiotelescópio ALMA capta as ondas submilimétricas e produz imagens claras e definidas de partes do Universo nas quais os telescópios ópticos só enxergam escuridão
Por Fábio de Castro
O que éAstronomia do invisível
O Grande Arranjo Milimétrico e Submilimétrico do Atacama (ALMA) foi projetado para observar características ocultas das estrelas e galáxias distantes que são invisíveis para os telescópios ópticos.
O ALMA foi construído e é operado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO) - que tem outros importantes telescópios no Chile -, em parceria com o Observatório Nacional de Radioastronomia (NRAO), dos Estados Unidos e o Observatório Astronômico do Japão (NAOJ).
Por que foi construído no Chile
Objetos celestes emitem diversos tipos de radiação, mas os telescópios ópticos só conseguem captar a luz visível. A umidade e o vapor d'água no ar absorvem grande parte da sutil radiação submilimétrica.
Por isso foi preciso construir o observatório no local mais alto e seco possível.
Sobre O que só o ALMA vê
O ALMA permite que os cientistas produzam imagens detalhadas de galáxias, estrelas e planetas em plena formação, observando características que não são visíveis para os telescópios.
Objetos escuros e frios como a poeira e o gás espalhados no espaço não emitem luz visível, mas emitem radiação submilimétrica e podem ser detectados pelo ALMA.
Por isso, o ALMA pode observar os discos de gás que formarão planetas em torno de uma jovem estrela, ou estudar uma galáxia de um bilhão de anos que está em formação por trás de uma espessa cortina de poeira escura.
Um exemplo de descoberta
Outras descobertas do ALMA
Como funcionaComo é a operação
1 - Definição do objetivo
O ALMA é composto por 66 gigantescas antenas que podem ser completamente reposicionadas de acordo com o objetivo a ser estudado
Quantidade:
Formado por 66 antenas
Peso:
100 toneladas cada
Diâmetro:
12 Metros (54 antenas) 7 Metros (12 antenas)
O Atacama Pathfinder Explorer (Apex) é uma antena solitária também localizada no alto do monte Chajnantor, construída para ser o precursor do ALMA.
Hoje ela é um dos principais recursos para localizar os alvos a serem estudados pelo ALMA, além dos cálculos teóricos e de imagens de telescópios ópticos - especialmente aqueles que pertencem ao ESO, no Chile: La Silla e Paranal
2 - Arranjo das antenas
Uma das características únicas do ALMA é que as antenas podem ser completamente reposicionadas, como peças em um tabuleiro de xadrez; com os sinais de todas as antenas combinados, a capacidade do radiotelescópio é a mesma de uma antena gigante de 16 quilômetros de diâmetro.
A distância entre as antenas pode variar de 15 metros a 14,5 quilômetros, de acordo com a necessidade de sensibilidade e a resolução angular adequada para cada tipo de observação.
No centro do arranjo, há o ALMA Compact Array: um conjunto com as 12 antenas de 7 metros e 4 antenas de 12 metros que ficam muito próximas umas das outras, simulando um único telescópio: a visão combinada dessas antenas permite observar ondas muito fracas de objetos distantes.
Depois de definir um objetivo, os cientistas controlam o conjunto de antenas de forma que todas apontem para o mesmo ponto no céu. As antenas recebem a radiação do céu e transformam esse sinal analógico em dados digitais.
Dois grandes “caminhões monstro” de 130 toneladas são usados para mover as antenas entre nas bases no platô do Chajnantor. Apesar das grandes dimensões envolvidas, é preciso posicioná-las com precisão de frações de milímetros
3 - Envio e processamento dos sinais
A viagemNo topo do mundo
Repórter do 'Estado' viajou ao Chile a convite do ESO