A candidata quer a expropriação de escolas e universidades privadas, como forma de reduzir a desigualdade no País

Texto: Renata Cafardo,
Luiz Fernando Toledo
Design: Bruno Ponceano
Desenvolvimento: Ariel Tonglet

Quais os principais problemas da educação hoje no Brasil?


A classe média oscila entre se endividar para colocar o filho numa escola privada melhorzinha ou deixar os filhos nas escolas públicas. Queremos uma expropriação das escolas e universidades privadas. Assim, haverá ampliação da educação pública, gratuita e de qualidade.

O Plano Nacional de Educação pede aumento de gastos. Concorda que é preciso mais dinheiro para a área?


O Plano Nacional de Educação segue a lógica elitista e privatista na educação. É preciso no mínimo 10% do PIB já para a educação pública. Para isso é preciso atacar os interesses dos bancos que sugam os recursos da educação através da ilegítima dívida pública que consome mais de 40% do orçamento da União.

O que acha do movimento Escola sem Partido?


Sou completamente contra por considerar que esse projeto é um ataque ao direito democrático dos professores ensinarem e dos estudantes aprenderem. O nome do projeto está errado. Na verdade, dizem que é escola sem partido, mas querem instituir a escola do pensamento/partido único que é os interesses dos ricos e poderosos.

O que acha de programas como Fies e ProUni?


Esses projetos atendem aos interesses dos tubarões de ensino. Com a estatização das universidades privadas e ampliação das verbas para a educação, através do não pagamento da dívida pública, poderíamos garantir que quem hoje está nesses programas tenha sua matrícula garantida, só que numa instituição pública e sem se endividar.

Considera algum tipo de privatização no ensino público (básico ou superior, ainda que parcial)?


Nenhum tipo de privatização. Nem vouchers, que é uma forma de privatização também e, pior, um tipo de transferência de recursos públicos para os empresários da educação. Isso não alterará a desigualdade educacional hoje do País que tem como fundamento a amplíssima desigualdade social. Só o fim do ensino privado pode garantir isso.

Acredita que deve haver cobrança de mensalidade em universidades públicas para quem tem renda alta?


Somos contra qualquer tipo de cobrança de mensalidade nas universidades públicas.

O governo federal deve se responsabilizar mais pela falta de creches nos municípios?


Claro. Creches são fundamentais não só para o desenvolvimento da criança, mas também para garantir que as mulheres tenham direito ao trabalho e a se dedicar a uma vida plena. Vivemos numa sociedade machista onde a criação dos filhos é colocada como obrigação da mulher. E quem mais sofre são as que não têm recursos para colocar seus filhos nas creches privadas.

O que faria para melhorar a qualidade do ensino nas escolas e reduzir as desigualdades?


Acabar com esta diferença absurda entre ensino básico privado bom para quem pode pagar. E ensino público ruim para os filhos da classe trabalhadora. E isso só é possível estatizando as instituições de ensino privadas. Junto com isso aumentar as verbas, valorizar os professores e, com liberdade de ensino e pesquisa, os indicadores educacionais cresceriam muito.

O que faria em relação à política salarial dos professores?


Em muitos lugares não se paga sequer o piso nacional da categoria que já é baixo. Defendemos que o salário mínimo seja o do DIEESE que é por volta de 3,8 mil reais. O salário dos professores deve acompanhar esse crescimento. Há dinheiro para isso. É só enfrentar os interesses dos grandes banqueiros e megaempresários que sugam as riquezas do país e o dinheiro aparece.

O piso salarial nacional do professor é de R$ 2.455.

“Enquanto vemos os juízes, deputados e políticos ganhando 30 mil reais, os professores têm salários baixíssimos.”

Foto: Gabriela Biló/Estadão

Qual será a prioridade do governo federal: educação básica ou ensino superior?


Qualquer nível de educação é importantíssimo, mas quero frisar que teremos recursos para dar um salto tanto na educação básica quanto no ensino superior. Pois a primeira medida do governo será parar a sangria dos recursos que vão para pagar os serviços da dívida pública. E também com a expropriação das 100 maiores empresas das 31 famílias super ricas do Brasil.