O candidato quer aumentar para 10% do PIB o que é gasto com educação e auditar contratos do Fies

Texto: Renata Cafardo,
Luiz Fernando Toledo
Design: Bruno Ponceano
Desenvolvimento: Ariel Tonglet

Quais os principais problemas da educação hoje no Brasil?


Na educação básica o maior problema ainda é a desigualdade no acesso e a falta de um padrão mínimo de qualidade. Já a educação profissional e a superior pública precisam ser ampliadas porque ainda é muito desigual o acesso de negros, indígenas e dos mais pobres.

“Sem ter alta escolaridade, técnicos e cientistas, como vamos crescer e melhorar a vida as pessoas?”

Foto: Fabio Motta/Estadão

O Plano Nacional de Educação pede aumento de gastos. Concorda que é preciso mais dinheiro para a área?


Educação não é gasto, é investimento e, mesmo sob a ótica econômica, dá retorno. A cada R$ 1 que invisto em educação, retorna para economia R$ 1,89. Nosso compromisso é realocar recursos para alcançar 10% do PIB para educação. A Emenda 95/2016 é inaceitável. Vamos trabalhar para revogá-la.

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O que acha do movimento Escola sem Partido?


O movimento propõe uma escola com mordaça, uma escola incapaz de ensinar os alunos. O Brasil só será capaz de garantir o direito à educação quando os professores lecionarem sem medo de ensinar e de expor os conteúdos aos alunos. Professor não pode doutrinar, mas não pode ser neutro diante das injustiças brasileiras.

“Ninguém leciona sob o medo”

Foto: Gabriela Biló/Estadão

O que acha de programas como Fies e ProUni?


Esses programas deram acesso ao curso superior para os pobres, mas aumentaram matrículas do setor privado, sem fiscalização de qualidade. Vou fortalecer a oferta de vagas na rede pública, via crescimento dos IFETs. Vamos fazer uma transição sem prejuízo para quem está estudando, auditando os contratos e fiscalizando a qualidade.

Considera algum tipo de privatização no ensino público (básico ou superior, ainda que parcial)?


Educação não é mercadoria, é um direito. O recurso público será investido na escola pública, seja federal, estadual ou municipal. Privatizar serviços essenciais não faz parte do meu programa, pelo contrário, eu me oponho a isso.

Acredita que deve haver cobrança de mensalidade em universidades públicas para quem tem renda alta?


Cobrar mensalidades não resolveria o financiamento das instituições universitárias. Vamos aprofundar a inclusão dos oriundos de escola pública, ajudar Estados e Municípios a melhorar a qualidade do ensino médio. Não vamos cobrar mensalidades de jeito algum, isso vai estimular a cizânia nos estabelecimentos públicos de ensino superior.

O governo federal deve se responsabilizar mais pela falta de creches nos municípios?


Vamos rever o pacto federativo. O acesso à creche é precário e quem mais está fora são os que mais precisam, as mães que moram na periferia. Creche é tarefa do município, mas é obrigação do Estado brasileiro proteger nossas crianças. Nossa meta é ajudar municípios a garantir vaga para 2,4 milhões de crianças de 0 a 5 anos.

O que faria para melhorar a qualidade do ensino nas escolas e reduzir as desigualdades?


Os problemas de qualidade não se resolvem apenas fazendo testes de aprendizagem e anunciando resultados precários e depois culpando Estados e Municípios. Nós vamos implantar o Custo Aluno-Qualidade Inicial, apoiar o pagamento de salários dignos para professores e estreitar a relação das universidades com governos locais.

O que faria em relação à política salarial dos professores?


Muitos professores ainda recebem salários abaixo do que a lei federal estabelece. A legislação dá poderes para o Governo Federal ajudar Municípios que não conseguem pagar. Mas para isso será necessária forte mobilização da sociedade para que os ricos comecem a pagar mais e o custeio do Estado não fique somente nas mãos dos assalariados e setores médios.

O piso salarial nacional do professor é de R$ 2.455.

Qual será a prioridade do governo federal: educação básica ou ensino superior?


O Brasil gasta pouco em todas as etapas, inclusive na educação superior. É lógico que a situação é mais grave na educação básica, onde o quadro que se agrava com a desigualdade de receita entre regiões e entre municípios. Por isso a presença mais forte da União será necessária.