O candidato defende que o governo federal assuma escolas de ensino médio com problemas

Texto: Renata Cafardo,
Luiz Fernando Toledo
Design: Bruno Ponceano
Desenvolvimento: Ariel Tonglet

Quais os principais problemas da educação hoje no Brasil?


A capacidade dos municípios para ampliar vagas em creches, garantir que todos os brasileiros de 4 a 17 anos estejam na escola e que aprendam. O ensino médio vive uma grande crise: de cada 100 jovens que ingressam na escola, apenas 59 o concluem. No ensino superior, é preciso interiorizar as universidades e institutos federais. Falta também educação continuada e efetiva para os professores e a própria valorização da profissão.

O Plano Nacional de Educação pede aumento de gastos. Concorda que é preciso mais dinheiro para a área?


Nosso plano prevê a criação de um novo padrão de financiamento, visando investir 10% do PIB em educação. Além disso, a implementação do Custo-Aluno-Qualidade e o novo Fundeb, com aumento da complementação da União. A retomada dos recursos dos royalties do petróleo e do Fundo Social do Pré-Sal ajudarão a ampliar os investimentos.

O que acha do movimento Escola sem Partido?


Trata-se de um movimento encabeçado por pessoas que desconhecem completamente como funciona uma sala de aula. É um confronto contra o conhecimento e um fator de subestimação dos estudantes e das famílias, que na opinião destas pessoas, seriam incapazes de formar opinião sobre a vida, sobre direitos, deveres, etc.

“Nossas propostas vão no sentido de promover a Escola com Ciência e Cultura em resposta ao Escola Sem Partido.”

Foto: Amanda Perobelli/Estadão

O que acha de programas como Fies e ProUni?


O Fies foi um esforço sobre-humano para resgatar um programa de financiamento estudantil, completamente desacreditado. Como não conseguimos assegurar vagas para todos em universidades públicas, é uma forma de estudantes cursarem escolas privadas de qualidade. O ProUni e o Fies incluíram milhões de jovens e ampliaram suas oportunidades.

Considera algum tipo de privatização no ensino público (básico ou superior, ainda que parcial)?


Não.

Acredita que deve haver cobrança de mensalidade em universidades públicas para quem tem renda alta?


Também não. Até porque a cobrança de mensalidades na maioria das universidades públicas não interferiria nos orçamentos dessas instituições.

“É preciso levar em conta a dívida histórica da Educação. O Brasil só assegurou o acesso à educação pública depois da Constituição de 88.”

Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O governo federal deve se responsabilizar mais pela falta de creches nos municípios?


No governo Lula, desenvolvemos um programa chamado Pró-Infância. A União oferecia o projeto, construía a obra e exigia do município apenas a cessão do terreno. Retomaremos a colaboração com municípios para ampliação com qualidade das vagas em creches, além de fortalecer as políticas voltadas para a pré-escola.

O que faria para melhorar a qualidade do ensino nas escolas e reduzir as desigualdades?


Retomaria o princípio de redes que atingirem as metas ganharem liberalidade na aplicação dos recursos. Criaria o Programa Ensino Médio Federal, com integração entre a rede federal e a educação básica, ampliação de vagas, interiorização dos institutos federais. E convênio com os Estados para que o governo federal se responsabilize por escolas situadas em regiões de alta vulnerabilidade.

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O que faria em relação à política salarial dos professores?


Entendemos que a fórmula de reajuste do piso salarial, a implementação do Custo-Aluno-Qualidade e institucionalização do novo Fundeb, de caráter permanente, com aumento da complementação da União, se constitui na forma mais justa e equilibrada para recompor o salário real dos professores.

O piso salarial nacional do professor é de R$ 2.455.

Qual será a prioridade do governo federal: educação básica ou ensino superior?


Entendemos o processo educacional em sua totalidade e não de forma segmentada. A educação brasileira tem que ter prioridade da creche à pós-graduação. No entanto, dada a crise no ensino médio, haverá forte participação nessa etapa.