Os brasileiros entre 40 e 60 anos, em torno de 35% dos chefes de família no Brasil, segundo o IBGE, são alvos de criminosos que buscam capturar informações a respeito de transações de comércio eletrônico ou realizadas em sites de bancos. Essa faixa, composta de pessoas com carreira bem estabelecida e vida familiar estável, representa um quarto dos usuários da rede no País. Muitos são pais e, por isso, têm a preocupação extra de cuidar da vida virtual das crianças.
“Há dez anos, nossa dica para os pais era: coloque o computador na área comum da casa. Hoje essa dica não faz mais sentido”, explica Rodrigo Nejm, diretor de Prevenção da Safernet. Para ele, os pais devem ter consciência de que dar a uma criança uma tela liberada para a rede é colocá-la na maior praça pública que existe, onde há todo tipo de conteúdo. “Você não deixaria uma criança de 6 ou 7 anos sair sozinha na rua. Ela ainda não tem todos os recursos para lidar com tantos aspectos complexos do mundo, que também se refletem no espaço digital.”
E várias dessas crianças estão com o celular em mãos. A partir do aparelho, um criminoso hoje pode ter acesso a muitos dados pessoais e até a localização da pessoa, seja criança ou adulto. Muitos golpes na rede têm como objetivo conseguir informações bancárias. Isso pode ocorrer de diversas formas, através de programas maliciosos (malware), e-mails falsos (spam) ou até sites inteiros que simulam os originais (phising). Por parte dos bancos, o investimento em prevenção a fraudes é enorme. De acordo com a Federação dos Bancos no Brasil (Febraban), os bancos brasileiros investem anualmente cerca de R$ 2 bilhões em sistemas de Tecnologia da Informação (TI) voltados para segurança.
Se até os adultos são enganados, o mesmo pode ocorrer com as crianças e adolescentes. Para eles, os maiores riscos online são a pornografia, a pedofilia e o ciberbullying, de acordo com a pesquisa TIC Kids Online, do Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (Cert.br). Muitos softwares e serviços possuem restrições que podem ser ativadas pelos pais, o chamado controle parental. No entanto, isso não resolve completamente o problema. “O bom e velho diálogo constante entre pais e filhos continua sendo essencial para ajudar as crianças a reconhecer situações de risco e tentar evitá-las”, afirma Miriam von Zuben, do Cert.br.
Os pais em alguns casos estão menos atentos aos riscos que a internet traz do que os filhos, por incrível que pareça. “Esse pessoal que vem com a internet já na veia, do berço, talvez esteja enxergando a rede com menos ingenuidade”, diz o diretor presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, Demi Getschko, também conselheiro do Comitê Gestor da Internet do Brasil (CGI.br). Ele conta que na pesquisa Kids Online, feita pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic), sobre segurança na rede, perguntaram às crianças e aos pais se acham que a internet é segura. “Estranhamente, a quantidade de crianças e adolescentes que disseram que ela não é segura foi maior do que a dos pais”, conta Getschko.
Como proteger as transações bancárias e compras online
Verifique se o site é seguro - Na maioria dos navegadores, há um ícone com um símbolo de cadeado que diz se o site é seguro ou não. Essa é a primeira garantia de que as informações que enviar ou receber através do site são privadas. O site com o cadeado estará em HTTPS, camada adicional de segurança, através de criptografia (procedimento de segurança que cifra informações que trafegam na rede).
Preste atenção no endereço do banco online - Tudo que envolve dinheiro tem grande potencial de ser alvo de criminosos. Há criminosos que copiam sites de banco com perfeição, exceto por um detalhe, como uma letra a mais no endereço. Portanto, fique alerta. Na dúvida, digite http://nomedobanco.b.br, substituindo-o pelo nome do seu banco. Os endereços com essa terminação específica só podem ser registrados por instituições bancárias legítimas. Leia mais na cartilha com dicas para o internet banking da Cert.br.
Cuidado com a ‘engenharia social’ - O termo é utilizado para técnicas com as quais os hackers tentam obter informações das vítimas. Um criminoso pode fazer uma ligação se passando por um funcionário do banco, por exemplo, ou fingir ser um atendente de outro serviço, querendo confirmar informações pessoais.
Proteja-se de programas maliciosos (malware) - Vírus e outros tipos de malware podem infectar seu dispositivo sem aviso. Alguns podem registrar todas as teclas que você digita em busca de senhas. Outros podem executar tarefas no bastidor, transformando seu computador em um zumbi. Há programas gratuitos que podem ser usados para proteger seus arquivos de conteúdos maliciosos.
Pesquise a reputação do vendedor - Sites onde os vendedores são pessoas físicas costumam ter a informação sobre a reputação dos usuários em destaque. Alguns deles também oferecem um seguro, por um valor extra, que pode ser acionado se o produto não for entregue. No caso de empresas desconhecidas, é possível pesquisar em fóruns de consumidores como o Reclame Aqui. Caso precise de ajuda especializada, entre em contato com o Serviço de Proteção ao Consumidor (Procon) da sua região. No geral, confira as dicas de segurança para o comércio eletrônico da Cert.br.
Fique atento ao cartão de crédito - Cartões de crédito são o principal meio de pagamento online. As instituições bancárias oferecem serviços como o monitoramento de todas as movimentações por meio do celular. Há também a opção de usar um cartão-espelho, com numeração diferente, a ser utilizado apenas em transações online. A vantagem é que, em caso de fraude, não é preciso bloquear o cartão original. Desconfie de lançamentos que você desconhece, mesmo que os valores sejam pequenos.
Como proteger seu filho na internet
Ensine a pescar - Antes de presentear seu filho com smartphones, tablets ou computadores, ensine-o a utilizá-los primeiro. Você pode aproveitar essa oportunidade para alertá-lo sobre os possíveis perigos da rede, orientá-lo a tomar cuidado com o que publica e a não divulgar informações que ponham em risco a privacidade dele ou da família.
Monitore as atividades dele - Evite críticas, apenas tente estar informado sobre as atividades que ele realiza na web. Não é preciso espionar: a melhor dica é se interessar genuinamente pelo que ele faz. Desse modo você poderá dar orientações, quando necessário. E também aprender com ele. Deixe que ele lhe explique sobre os novos mundos e tendências que estiver explorando na rede.
Regras existem para serem alteradas - Crianças e adolescentes precisam de limites, sim, mas seja maleável. Se houver rigidez demais, as regras serão simplesmente burladas. O importante é estabelecer uma relação de confiança mútua.
Enxergue o que está por trás - O amigo virtual, parceiro de jogo, é apenas um colega, ou uma pessoa desconhecida? Cuidado, por ser algum adulto tentando tirar proveito. Uma dose de ceticismo é saudável. Seu filho está vendo vídeos no YouTube e não há nada de errado nisso, certo? Depende. Alguns canais podem abordar questões éticas e de valor que podem não ser as mesmas que a sua família defende. Informe-se e converse a respeito com ele.
Informe-se - Qualquer dúvida, confira essas cartilhas online: Familia Mais Segura, Internet Segura e Netica. As crianças e adolescentes podem também aprender sobre o assunto com os guias Internet sem vacilo, da Unicef, o Internet segura para crianças, da NiC.br, e os específicos para adolescentes “FikDik” e “Internet com responsa”.