País dos czares se prepara para sua primeira Copa do Mundo
Primeiras impressões da rússia
Por Robson Morelli, enviado especial à Rússia
A Rússia impressiona, em todos os sentidos. E o torcedor brasileiro que pretende acompanhar a Copa do Mundo de perto no próximo ano vai poder comprovar isso. As cidades visitadas pelo Estado são de tirar o fôlego, como Moscou e São Petersburgo. Na Copa das Confederações, em julho, outras duas cidades-sede do país foram apresentadas ao mundo: Kazan e Sochi. Todas elas passaram no teste. Nessa época do ano, no verão russo, as noites são chamadas de ‘noites brancas’. Isso porque escurece tarde, lá pelas 22:00h, e o sol aparece nas primeiras horas da madrugada.
Além das estruturas dos estádios já prontos e que foram utilizados nas Confederações, as quatro cidades oferecem ao visitante boas opções de passeios, de praias a lugares históricos. O metrô de Moscou vai ser um capítulo à parte no Mundial. Ele abrange toda a cidade, do Kremlin a lugares mais distantes. Suas linhas são ordenadas por cores. Há uma Moscou ao ar livre, com seus monumentos e prédios estatais imponentes, alguns beirando o Rio Moscou, e outra debaixo da terra, subterrânea, com as lindas e históricas estações de metrô e shoppings que afundam na terra. Há um desses na Praça Vermelha. Mas nem tudo são flores na Rússia. A língua é um problema. Poucos falam inglês ou qualquer outro idioma.
A Rússia me cativou
Deixei o país-sede da próxima Copa com boa impressão de organização e estrutura dos seus estádios.
Estádios passam no teste
São Petersburgo
Os quatro estádios usados na Copa das Confederações receberam selo de aprovados durante a competição, com pouquíssimas questões a serem resolvidas até a Copa de 2018. Em São Petersburgo, o Zenit Arena apresentou deficiência no gramado, problema solucionado entre o início da disputa e sua decisão, dia 2 de julho, entre Alemanha e Chile. O nome do estádio em russo é Krestovsky. Era para ele custar o equivalente a R$ 366,6 milhões e ser entregue em um ano. Demorou 10 para tudo ficar pronto e seu custo foi de R$ 2,3 bilhões. São Petersburgo é a segunda maior cidade da Rússia e uma das mais bonitas. A Arena vai receber 7 jogos, entre eles uma semifinal. Sua capacidade é de 68.134 pessoas.
Moscou
Em Moscou, o Spartk Arena é imponente, cresce com a aproximação do torcedor. Tem ótima área externa, mais que suficiente para o esquenta. No Brasil, talvez somente o Mané Garrincha, em Brasília, tenha espaço parecido. Há uma estação de metrô dentro do complexo, a metros de distância do estádio, o que permite a chegada do torcedor facilmente, uma vez que as avenidas de acesso, fechadas em dias de jogos das Confederações, não estarão abertas durante as partidas da Copa. Sua inauguração foi em setembro de 2014, meses depois da Copa no Brasil. Receberá cinco jogos. Acomoda 43.298 torcedores. A visão do campo é privilegiada de qualquer setor. Lanchonetes abastecem o público. Os banheiros são grandes, mas lotam no intervalo. Suas cadeiras vermelhas são bonitas. Moscou tem ainda outro estádio. É a única cidade a ter duas arenas. Trata-se do Luzhniki, com capacidade para 81 mil torcedores. É o maior de todos. Ele não está pronto. Será palco da abertura e da final e terá outros cinco jogos.
Kazan
O Kazan Arena é a casa do Rubin Kazan. Comporta 44.779 pessoas. Receberá seis partidas do Mundial. Assim como as outras arenas testadas em junho, há nela uma área gigantesca para receber torcedores do lado externo. O que chama a atenção é seu telão na entrada. Imponente. Nele, os organizadores vão mostrar a agenda do dia (a bandeira dos dois rivais que jogam) e locais turísticos da cidade. Tite esteve em Kazan para ver Chile e Portugal nas Confederações. O Kazan Arena foi inaugurado em 2013. Está pronto. Para chegar ao estádio, o torcedor vai precisar caminhar um pouco. Lá dentro, ele fica mais longe do gramado, mas a visão é boa. O problema é que a grama desses estádios terá de passar pelo rigoroso inverso russo, de temperaturas abaixo de zero. No meio do ano, nos meses de junho e julho, as temperaturas são tropicais, de sol e calor. Foi em Kazan que Portugal perdeu para o Chile na semifinal nos pênaltis, com o goleiro Bravo pegando as três primeiras e únicas cobranças dos portugueses. A vitória deu ao Chile o direito de disputar a final em São Petersburgo contra a Alemanha, com vitória dos alemães.
Sochi
O estádio Fisht Stadium se apresenta gigantesco em Sochi, cidade-sede das Olimpíadas de Inverno de 2014. No inverno, é um frio de rachar, mas no meio do ano a cidade lembra o Rio e Teresópolis juntas, com seu calor e suas casinhas de montanha. O calor é de 35 graus. Os russos adoram o sol, coisa rara na maior parte do ano no país. Sochi é uma cidade pequena encravada entre o Mar Negro e as montanhas dos Cáucasos. Tudo gira nela num raio de até 10 quilômetros. Por isso que a seleção brasileira colocou Sochi como uma de suas opções de sede. Tite conheceu a cidade e gostou do que viu. Os russos de Sochi são menos carrancudos e mais alegres. Tem a ver com a brisa do mar. Há turistas no local. O estádio fica no complexo esportivo dos Jogos de Inverno, ao lado do autódromo de F-1. Trata-se de um grande parque. O lugar oferece várias atrações, com barraquinhas de alimentação por todos os lados. O Estádio é mais aberto, também de cadeiras avermelhadas. Então, o torcedor que for para Sochi durante a Copa terá comodidade, clima ‘tropical’ e um complexo que o fará chegar mais cedo aos jogos para aproveitar paisagem e opções de lazer. As bandeiras de todos os países filiados à Fifa e ao COI estão lá tremulando. O parque é limpo e bem cuidado. À noite, tudo é iluminado.
Dobro pozhalovat, mir!(Bem-vindo, mundo!)
UM PÉ EM MOSCOU
Em frente à Praça Vermelha, em Moscou, há um contador dos dias que faltam para a abertura da Copa do Mundo. Robson Morelli
O evento-teste da Copa na Rússia mostrou ao torcedor quatro belas e bem organizadas cidades. Moscou é a principal delas. A cidade terá dois estádios e 12 partidas. O brasileiro vai gostar de Moscou e do seu ritmo. Há bons lugares para conhecer. Moscou é cheia de histórias e pode-se chegar a qualquer lugar nela usando seu metrô. O Kremlin, a Praça Vermelha e a Catedral de São Basílio ocupam o visitante por horas, talvez dias. São lugares para bater perna, tirar fotos e comprar presentinhos. Ficam lotados. Num dia de sorte é possível encontrar o presidente Putin em cerimônia no local. Moscou é a maior cidade da Rússia. Uma informação sobre a Catedral é que ela foi construída a mando de Ivan, o Terrível. É bonita por fora. É possível conhecê-la também por dentro, ao custo de 250 rubros (R$ 14). É impossível conhecer Moscou em um só dia. Pertinho da Praça Vermelha há o Teatro Bolshoi, reverenciado no mundo todo e aberto ao público desde 1.780.O trânsito da cidade, no entanto, é caótico. Pode melhorar se tiver feriado nos dias dos jogos. O metrô é o melhor meio de locomoção, além de ter belíssimas e históricas estações. Conhecer o subterrâneo de Moscou é tão excitante quanto andar ao ar livre. O Rio Moscou é limpo, navegável e bom passeio. Em suas margens é possível se deparar com prédios históricos e gigantescos, a maioria abrigando departamentos do governo. Os passeios não têm preços abusivos. O bairro Kitay-Gorot (China Town) é indicado para curtir a noite e fins de tarde. Fica perto da Praça Vermelha.
A CHARMOSA Kazan
As ruas de Kazan são limpas e é muito agradável andar por elas no verão, período da Copa do Mundo. Robson Morelli
Kazan é uma cidade russa de ocupação tatar. É a capital do Tatarstão. A Rússia é formada por federações, com regiões autônomas e distritais. Em Kazan se fala tatar e russo. Cristãos convivem com muçulmanos em harmonia. Também há um Kremlim em Kazan, tombado pela Unesco. Vale a visita. A mesquita Qolsharif, uma das maiores da Europa, é deslumbrante e se vê de quase todos os cantos da cidade com suas torres altas em azul e branco. A visita é gratuita. As mulheres precisam usar véu para entrar - o adereço é distribuído na porta. É permitido fotografar em seu interior. Há muçulmanos lendo o Alcorão dentro da mesquita.
Prove a comida do Tatarstão. Há doces deliciosos, como o chuk-chuk e alguns pastelões. Não deixe de passar pela rua Bauman, cheia de restaurantes e lojas de presentinhos, como as tradicionais matrioscas, aquelas bonequinhas de madeira uma dentro da outra. A cidade respira cultura. A temperatura no verão é agradável, com sol quente e muito calor.
O BALNEÁRIO DE SOCHI
A cidade é muito agradável, lembra o Rio de Janeiro no verão. Robson Morelli
Sochi é banhada pelo Mar Negro, portanto, é uma cidade de praia. Só isso já a torna mais próxima dos brasileiros. O clima lembra o Rio, mas sua cara é de Teresópolis, onde a seleção costuma ficar antes de torneios importantes. Por isso que Tite queria levar o time para lá na Copa. Ele esteve na cidade para conhecê-la e gostou do que viu. Sochi é pequena. Tudo acontece num raio de até dez quilômetros. Aeroporto, hotel, praia e centro de treinamento estão próximos. O sol é quente no verão. A praia não tem areia branca e mar azul. Não há nem areia. Há cascalhos e o mar, sem ondas, não é azul. Para o russo isso pouco importa. O Complexo Esportivo de Sochi é a maior atração da cidade, com autódromo de F-1, arenas que sediaram os Jogos de Inverno de 2014, com seu Parque Olímpico e pira, e o estádio de futebol, reformado para o Mundial. Sochi é chamada de Riviera Russa. O povo é descontraído e alegre.
SÃO PETERSBURGO, A CIDADE DOS CZARES
Museu Hermitage é uma das atrações de São Petersburgo. Reuters
Segure o fôlego ao pisar em São Petersburgo. A cidade, a segunda maior da Rússia, é encantadora, limpa, bonita e cheia de monumentos que nada se parecem com o que temos no Brasil. É um lugar onde o novo e o velho convivem em harmonia, e encantam na mesma proporção. Há pontes, palácios, rios, prédios, igrejas... muitas destas obras foram erguidas a mando do czar russo Pedro, o Grande. Esta velha capital do Império Russo foi fundada em 1.703. Já foi chamada de Petrogrado e Leningrado. Passeios de barcos são obrigatórios. Os mais íntimos a chamam de San Peter. Há ruas maravilhosas para conhecer, fazer compras ou simplesmente andar sob o sol. Não deixe de visitar a Praça do Palácio de Inverno e coma um estrogonofe de carne. Não deixe fora de sua lista, entre um jogo e outro da Copa, uma passada pela Catedral de São Isaac e pelo Museu Hermitage.
Segurança na Rússia e conforto dos estádios
O país do presidente Vladimir Putin passou no primeiro teste no quesito segurança e conforto do torcedor nas arenas da Copa das Confederações. Foram testadas apenas quatro das 12 que a Rússia terá na Copa, mas todas ofereceram condições bem mais do que satisfatórias para o público. Não houve problemas, confusão ou reclamação nas partidas do torneio vencido pela Alemanha em São Petersburgo. A segurança também foi perfeita nos estádios e em seus arredores. E as arenas foram entregues totalmente acabadas.
Bem-vindo à Rússia
Pelo menos nas Confederações, a segurança nas belas cidades-sede funcionou
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10 motivos para ver a Copa na Rússia
Copa do Mundo sediada em países de culturas e hábitos menos ocidentais ou menos parecidos com os nossos, sempre motiva o torcedor brasileiro a fazer as malas e se mandar durante o período da competição. Fui! Havia muitos brasileiros na África do Sul, por exemplo. Acompanhar um Mundial já é evento para se lembrar para o resto da vida. Quando a Copa acontece em uma sede como a Rússia, essa aventura se torna mais interessante. O Estadão relaciona 10 motivos para você ver de perto, in loco, a Copa do Mundo de 2018.
A organização dos confrontos de 2018
A Fifa já definiu quem jogará com quem na primeira fase da Copa da Rússia. O desenho dos confrontos já está feito, com datas, horários e cidades-sede. A tabela, no entanto, só tem um time definido, o anfitrião. A Rússia abre a competição em casa, dia 14 de junho, assim como o Brasil abriu contra a Croácia na Arena Corinthians, em 2014. Na tabela abaixo, os horários das partidas já estão no horário de Brasília. Os jogos vão acontecer em horários diferentes por causa dos nove fusos da Rússia. Alguns duelos começarão às 9 da manhã. Haverá jogos às 11h, 12h e 15h.
Todas as Copa do Mundo
De 1930 a 2014, a Fifa já organizou 20 Mundiais. O da Rússia, portanto, será a 21ª edição. O país-sede de 2018 nunca ganhou a competição. De quatro em quatro anos, a entidade só deixou de realizar o torneio de futebol durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O Brasil, de Pelé e Garrincha, de Pelé e Tostão, Rivellino e Gérson, de Romário e Bebeto, de Ronaldo e Rivaldo, foi quem mais ergueu a taça: cinco vezes. A Alemanha, atual campeão, venceu em quatro oportunidades, assim como a Itália. Veja uma breve história de todas as Copas!
Cidades-sededa Copa do mundo
Veja no mapa as 11 cidades que receberão jogos do Mundial da Rússia, do dia 14 de junho a 15 de julho.
Clique nos pontos do mapa e conheça um pouco de cada cidade.
