Últimas glórias nos pés de gênios e olhar de mestres
A generosa quantidade de folhinhas viradas na vida me fez ver os cinco títulos do Brasil. Epa, calma lá! Com ressalvas. Não lembro do primeiro, pois mal havia saído do berço. Recordo vagamente do segundo, pelos rojões, pelos balões e pela farra da meninada nas ruas do Bom Retiro. No tri, em 70, era adolescente e não vibrei muito porque a final foi contra a Itália e fiquei com pena dos meus pais e tios imigrantes. O tetra e o penta acompanhei de perto, como rodado profissional da imprensa e escaldado pelas esperanças, beleza e tristezas dos times de Telê Santana nos anos 80.
As glórias mais recentes foram consequência, dentre outros fatores, da presença de craques a desequilibrar em favor da Amarelinha e do trabalho eficiente de dois mestres na arte de montar equipes competitivas. Além de contarem com tropas de coadjuvantes de primeira grandeza, dentro e fora de campo.
Na campanha de 94, Carlos Alberto Parreira teve o bom senso de não abrir mão de Romário, como havia feito em quase toda a fase eliminatória. Mesmo que não morresse de amores pelo baixinho irrequieto, constatou o óbvio: era o momento dele brilhar. E assim foi.
A seleção teve como base muitos dos que estiveram na malfadada aventura de 90 e girou em torno de seu principal atacante. Foi aquela com campanha menos vistosa, dentre as conquistas, mas não se lhe tira o mérito do equilíbrio; apresentava formação sólida e ajustada. Pode não ter encantado, porém tampouco passou sufoco. Romário desatava nós dos rivais, enquanto Parreira tratava de apertar bem os do Brasil. Não foi por acaso que o tetra veio nos pênaltis, sem gols no tempo normal e na prorrogação.
Felipão teve tato e paciência ao apostar em Rivaldo e Ronaldo, em 2002. Meses antes do embarque para a Ásia, ambos estavam em condição física frágil; foram confirmados e arrasaram. E havia Marcos, Cafu, Ronaldinho, Roberto Carlos… Felipão também contou com o conjunto de fatores fenomenais que contribuíram para o sucesso: França e Argentina caíram logo de cara, a Itália e a Espanha foram garfadas contra a Coreia.
A seleção jogou muito. Depois, dormimos nos louros e fomos despertados com o chacoalhão dos 7 a 1 em 2014…