Os craques que não foram, mas mereciam
Quando se fala nas campanhas de seleções brasileiras em Copas do Mundo, é costume lembrar os nomes dos que jogaram. Reservas são frequentemente esquecidos, como se nem estivessem lá. E há pior, os que foram cortados antes do embarque por várias razões, muitas delas inexplicáveis.
A maioria dos cortados era de craques absolutos. Havia tantos jogadores, era tal a profusão de talentos, que todas as seleções brasileiras campeãs do mundo, sem exceção, deixaram aqui no Brasil jogadores de imensas qualidades, que poderiam ir e não foram.
Por outro lado, essa mesma quantidade de craques era de tal ordem que impedia que se lamentasse uma eventual injustiça, porque os que iam simplesmente ganhavam a Copa. Era craque comparado com craque.
Lembro de um arrasador ataque do Vasco da Gama de 1958 composto por Sabará, Almir, Vavá, Roberto Pinto e Pinga. Só Vavá foi para a Copa. Luisinho e Roberto Belangero, grandes jogadores do Corinthians, também ficaram por aqui, fazendo companhia a Canhoteiro, o mago, o Mandrake, do São Paulo.
Ninguém parecia fazer muita falta, saía um craque entrava outro. Talvez seja apenas um sonho, mas havia um ataque da seleção paulista aí por 1959 que era: Julio Botelho, Chinesinho, Pagão, Pelé e Canhoteiro. Um ano e meio depois saíram as convocações para a Copa de 1962. Desse ataque, que deve realmente ser um sonho, só Pelé foi convocado.
De quebra, cortaram Benê, magnífico meia do São Paulo e nem lembraram de chamar Orlando Peçanha, titular campeão de 1958, talvez porque em 1962 ele era, em Buenos Aires, simplesmente capitão do Boca Juniors.
Em 1970 aconteceu a mesma coisa. Ficaram por aqui, por exemplo, Dirceu Lopes, um dos maiores que vi jogar, Ademir da Guia (!), Toninho Guerreiro, único pentacampeão da história do Campeonato Paulista.
Lembro com muito carinho esses, e muitos outros, que ficaram fora das Copas ganhas pelo Brasil em 1958, 1962 e 1970. Acho que merecem ser chamados de campeões, tanto como os que lá estiveram, nas campanhas que consagraram o futebol brasileiro.