A nova geração de fazedores

Conheça quem são as pessoas que criam e compartilham por prazer ou negócios

Julia Lindner

Makers são entusiastas, curiosos e adoram criar coisas nas horas vagas. Podem ser também profissionais, que conseguem construir modelos de negócio alternativos literalmente com as próprias mãos. Especialistas em áreas como ciência, tecnologia, arquitetura, engenharia e design, os “fazedores” do século 21 vivem compartilhando interesses em suas comunidades, sejam elas virtuais ou não.

A abordagem de solucionar problemas de maneira criativa e mostrar aos outros como fazer isso está relacionada à onda “do it yourself” (faça você você mesmo, em tradução livre). Na geração atual de fazedores, o movimento ganha uma nova expressão: “do it with others” (faça com os outros, em português). Os makers são pessoas dispostas a trabalhar de maneira colaborativa e buscar espaços para trocar ideias e conhecimento.

Curiosidade é a marca registrada da geração de fazedores Crédito: Nilton Fukada

Os principais pontos de encontro são os makerspaces e hackerspaces. Apesar de serem considerados um lugar para todos, hoje são ocupados predominantemente por homens jovens de classe média que estão na universidade. De acordo com André Leal, designer de produto e sócio do Fab Lab Brasília, o movimento está fragmentado no Brasil. “Tem muita gente fazendo de tudo, mas cada um no seu cantinho.”

Os laboratórios, diz Leal, facilitam a discussão e permitem que os makers se sintam amparados ao descobrirem que existem outros fazendo o mesmo que eles. “Percebemos que as mulheres, por exemplo, têm um receio de que não terão capacidade”, diz Leal, que organiza clubes de programação e workshops especialmente para o público feminino, minoria entre os visitantes.

Makerspaces se tornam pontos de encontro e troca de conhecimento Crédito: Filipe Araújo

Parte dos frequentadores dos makerspaces tem profissão e usa o espaço nas horas vagas, como um hobby. Para Frederico Barbieri, professor de Engenharia Mecânica e coordenador do laboratório do Insper, é comum ver visitantes sem um objetivo previamente definido. “Eles convivem com outras pessoas, conversam e colaboram com os demais.” Para o professor, a cultura maker vai muito além da tecnologia. “Não há mais essa dissociação entre o fazer com as mãos e o nível de complexidade do trabalho feito. O movimento representa a volta para o artesanal.”