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A lembrança de
Rachel de Queiroz


EM QUIXADÁ, A FAZENDA "NÃO ME DEIXES" E UM MEMORIAL LOCALIZADO NO CENTRO DA CIDADE MANTÊM VIVA A MEMÓRIA DA ESCRITORA QUE CONSAGROU O GÊNERO REGIONALISTA NO PAÍS

 

Presente. A fazenda "Não me Deixes", que Rachel ganhou do pai em 1920, ainda é frequentada pela família Queiroz

 

UM POEMA PARA "O QUINZE" E O REFÚGIO DE RACHELClique e assista ao videoEmbora tenha nascido em Fortaleza, em 17 de novembro de 1910, a romancista Rachel de Queiroz dizia se considerar natural de Quixadá, o ponto de partida de “O Quinze”, editado com recursos da família em junho de 1930, quando Rachel tinha apenas 19 anos. A abastada família Queiroz era proprietária de várias fazendas em Quixadá, na localidade hoje conhecida como Daniel de Queiroz, em homenagem ao pai de Rachel.

 

A fazenda “Não me Deixes”, que Rachel, falecida em 4 de novembro de 2003, ganhou do pai em 1920 sempre foi um refúgio da escritora e até hoje é frequentada pela irmã Maria Luiza e sobrinhos da escritora, que não deixou filhos.  “Rachel passava os invernos aqui, abraçava quem chegasse. É difícil encontrar uma pessoa como ela”, diz Francisco Evandro Pereira da Silva, de 49 anos, que nasceu, cresceu e sempre trabalhou nas propriedades da família.

Homenagem.  O Chalé da Pedra abriga o Memorial Rachel
de Queiroz. A escritora ganhou estátua em Quixadá

 

No centro de Quixadá, o Memorial Rachel de Queiroz guarda móveis e objetos da romancista. Funciona em uma casa construída nos anos 1920 por um industrial cearense, o Chalé da Pedra. As maiores preciosidades de Rachel em Fortaleza estão sob a guarda do escritor José Augusto Bezerra, presidente da Academia Cearense de Letras. No instituto de leva seu nome e na biblioteca de sua própria casa, Bezerra guarda, entre muitos livros, documentos e objetos pessoais cedidos pela família de Rachel, um raro exemplar da primeira edição de “O Quinze”, com uma dedicatória de jovem escritora para sua mãe.

 

A edição traz uma introdução e um poema escritos por Rachel, que já não são encontrados em edições recentes. Dirigindo-se ao “respeitável público”, a escritora diz que “O Quinze é uma ousadia ingênua de ensaísta. Livro feito aos 19 anos, há de ter todos os defeitos daquilo que a gente produz nesta idade em que estou(...)”, escreveu a jovem. O poema, segundo José Augusto Bezerra, era um “abre-alas” para o romance que viria a seguir. Descrevia um sol inclemente que devastou as plantações em período de seca aguda.

 

 

Capítulo 3A SECA DE 1932: MEMÓRIA DE UM CAMPO DE CONCENTRAÇÃO