Crises de 2015 - Cenário Sombrio

Centro da cidade de Kobani, na Síria, é bombardeado por aliança liderada pelos EUA 22/10/2014 (Lefteris Pitarakis/AP)

Clique nos países do mapa abaixo para ver informações sobre suas respectivas crises, além de uma linha do tempo com 5 fatos importantes que culminaram na situação atual.

Síria, Iraque e Estado Islâmico



A campanha militar dos EUA contra o Estado Islâmico conseguiu retardar o avanço do grupo jihadista. Mas a dinâmica mais ampla do conflito nos dois lados da fronteira síria-iraquiana continua favorecendo o grupo.

Visão Global

O governo do presidente Barack Obama segue uma linha hipotética no Iraque, mas isso não ocorre na Síria, que atualmente é tratada como santuário das forças do Estado Islâmico (EI) que sitiam o Iraque. Quando o plano americano delongo prazo de treinar insurgentes para combater o EI e o regime de Bashar Assad for concretizado, talvez sobre muito pouco da Síria para ser salva. Isso, pressupondo que o governo leve seu próprio plano a sério, apesar de a história sugerir que não.

Então, o que poderá ser feito – por quem quer que seja– para deter a máquina de moer carne síria? Na semana passada, David Ignatius do Washington Post escreveu sobre um documento revelado recentemente que propõe acordos de cessar-fogo entre os rebeldes sírios e Assad que, em última análise, poderão levar a um processo de reconciliação política.

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Ucrânia



Responsável por piorar as relações entre Rússia e potências ocidentais, especialmente EUA, o conflito da Ucrânia poderá crescer no sul, caso Moscou insista em abrir rotas de acesso ao território da Crimeia. A ideia tem o apoio dos rebeldes do leste.

Visão Global

Neste ano, as tragédias e atrocidades observadas na crise da Ucrânia dominaram as manchetes dos jornais e as opiniões sobre as relações do Ocidente com a Rússia. Sem dúvida, os Estados Unidos, seus aliados e parceiros europeus têm de reagir à anexação da Crimeia pelos russos, à desestabilização da região oriental da Ucrânia, à derrubada de um avião de linha pelos separatistas e à ameaça à ordem global que todas essas ações representam. No entanto, a necessidade da resposta não significa que qualquer uma bastará.

Até agora, ela tem se concentrado mais em uma punição à Rússia e seus líderes por suas transgressões morais do que na solução dos persistentes problemas que afetam as relações entre ocidentais e russos que levaram ao impasse. Uma resposta séria deve ter como base uma estratégia mais abrangente que reflita os interesses numa relação que é crucial para a estabilidade regional e a ordem global, como também entender porque a situação se degradou de modo tão terrível

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Sudão do Sul



Com as tropas da Uganda e os rebeldes sudaneses lutando juntos contra as forças do governo, a guerra tem se espalhado para os vizinhos e criado o risco de uma desestabilização futura em uma já problemática região.

Visão Global

Os conflitos e crises que tolheram a África durante tanto tempo ficaram evidentes na sexta-feira, quando voei para Juba, capital do Sudão do Sul. Lembro-me de ter ido a Juba em janeiro de 2011 quando o povo do Sudão do Sul votou por esmagadora maioria pela independência. Mesmo naquele momento de júbilo, a ameaça de violência étnica aparecia no horizonte. Isso se tornou tragicamente real em dezembro, quando eclodiu a luta entre forças leais ao governo e milícias alinhadas a um líder rebelde. Hoje, vemos ecos de inúmeros conflitos anteriores: milhares de inocentes mortos, os dois lados recrutando crianças-soldado e um país à beira da inanição.

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Nigéria



Nigéria deve enfrentar dias difíceis em 2015. Primeiro, porque a brutal insurgência do grupo islâmico Boko Haram continuará destruindo o norte. E, segundo, porque a queda global do preço do barril de petróleo enfraquecerá o governo, cujas contas dependem cerca de 70% da commodity.

Visão Global

Mais recentemente, as atenções do mundo se concentraram na Nigéria e no sequestro de cerca de 300 estudantes pelo grupo Boko Haram, há um mês. O presidente Goodluck Jonathan demorou três semanas para admitir publicamente o sequestro e aceitar a ajuda americana na busca das meninas.

Um elemento comum liga esses líderes que caíram em desgraça: a corrupção dos seus governos. Sarah Chayes, do Carnegie Endowment for International Peace, vem estudando a correlação entre a corrupção e o aumento do extremismo militante. “Quase todos os países que enfrentam uma insurgência extremista, da Nigéria ao Afeganistão, são governados por uma camarilha de cleptomaníacos”, escreveu ela em um artigo no Los Angeles Times

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Somália



Enquanto ofensivas conjuntas entre forças da União Africana e do Exército somali conseguiram resultados e importantes vitórias contra o grupo Al-Shabab, o governo federal somali ainda está envolvido em uma disputa de poder com o governo de fato, colocando em dúvida os planos de eleições e um referendo constitucional em 2016.

Visão Global

A operação na Somália foi montada mais recentemente, nos últimos meses, depois de um intenso debate no governo para decidir se missões que preveem um ataque direto valiam o risco de vida para os seus executores. FuncionáriosdoDepartamentodeEstado observaram em particular que tais missões têmescasso valorestratégico,e questionaram se o Al-Shabab, grupo extremista com sede na Somália, que reivindicou a autoria do ataque ao shopping center de Nairóbi, no Quênia, no mês passado, não seria bemmais do que um problema regional. Dezenas de pessoas forammortas no ataque.Até agora, o governo utiliza tropas de outros paí- ses africanos, treinadas por empresas privadas americanas, para combater as forças do Al-Shabab na Somália. Mas o ataque do mês passado em Nairóbi levou alguns funcionários americanos a avaliar a capacidade do Al-Shabab de semear o caos além das fronteiras da Somália

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República Democrática do Congo (RDC)



As milícias internacionais atuando no país continuam uma ameaça. Forças congolesas lançaram operações contra os militantes ugandenses das Forças Democráticas Aliadas (ADF), mas sua liderança continua forte. A milícia continua a massacrar vilarejos nas áreas de suas operações.

Visão Global

Em um leito do hospital de Masisi, na conturbada Província de Kivu do Norte, dominada por rebeldes, K.S., de 33 anos, não consegue olhar para o filho recém-nascido. O bebê faz parte de uma geração perdida no rastro dos conflitos na Repú-blica Democrática do Congo, ex-Zaire: os filhos de estupros. O crime ocorre no país mais do que em qualquer outro lugar do mundo.

O estudo mais recente, da Associação Americana de Saúde Pública, divulgado em 2011, registrou 400 mil estupros de mulheres, de entre 15 e 49 anos, em um ano. Isso significa que 1.095 congolesas foram estupradas por dia – 45 por hora. Num país como o Congo, de proporções continentais e infraestrutura precária que impede o acesso às regiões mais remotas, é difícil obter números confiáveis.

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Afeganistão



Depois de ter a primeira ampla transferência de poder pacífica de sua história, o atual governo ainda tem desafios como eleger nomes estratégicos para o gabinete, a necessidade urgente de reformas e a insurgência taleban.

Visão Global

Funcionários americanos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) querem que acreditemos que a democracia está ganhando força no Afeganistão, que a insurgência do Taleban parou e a Al-Qaeda está sendo derrotada. Evidentemente, todos esses argumentos são uma desculpa para as forças americanas começarem a se retirar no fim do ano, plano que foi considerado errado quando foi concebido, em dezembro de 2009, e agora está se revelando catastroficamente errado.

Como John F. Sopko, inspetor-geral para a reconstrução do Afeganistão, disse em um discurso no dia 12, em Georgetown, o Afeganistão “continua sendo atacado pelos insurgentes, não dispõe de recursos suficientes, é assolado pela corrupção, castigado por elementos criminosos envolvidos no tráfico de ópio e no contrabando, e o governo encontra todo tipo de dificuldade para exercer suas funções básicas”.

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Iêmen



Sem histórico de violência sectária, o Iêmen começa se envolver em uma. Após a desastrosa transição política, o país enfrenta o ressurgimento dos movimentos separatistas no sul, em uma situação agravada pela deterioração das condições econômicas e de segurança.

Visão Global

A violência jihadista alastra-se como uma epidemia e chega até o Mali e o Níger. O Iêmen tornou-se um país tão perigoso que, há duas semanas, Grã-Bretanha e EUA tiveram de abandonar suas embaixadas na capital, Sanaa. Somente nas ricas monarquias do Golfo persiste uma estabilidade irrequieta. Mas ela depende consideravelmente do preço elevado do petróleo, que permite às várias dinastias reais subornar suas populações para torná-las dóceis. Os monarcas menos ricos,como o reida Jordânia, temem perder seu trono.

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Líbia



A transição pós-Primavera Árabe na Líbia também não teve sucesso e o caos está se espalhando por suas fronteiras. O país está travado com dois legislativos rivais e um deles reconhecido internacionalmente. Intervenções do Ocidente na crise, no entanto, acabaram por beneficiar o avanço de jihadistas no Sahel.

Visão Global

A mudança de regime na Líbia criou um Estado capenga; o apoio morno a uma mudança de regime na Síria preparou o terreno para uma guerra civil prolongada. A trajetória da região é preocupante: Estados fracos incapazes de policiar seu território; poucos Estados relativamente fortes competindo por primazia; milícias e grupos terroristas ganhando influência; e o apagamento de fronteiras.

A cultura política local confunde democracia com ditadura da maioria e eleições são usadas como veículos para consolidar o poder, e não para compartilhá-lo.

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Venezuela



Comparado com outros da lista, a Venezuela não é uma zona de conflito. Mas apesar da calma ter retornado às ruas do país, as causas que motivaram os protestos em 2014 permanecem inalteradas e ameaçam um novo período de instabilidade este ano.

Visão Global

A Venezuela é um país profundamente dividido, onde a propaganda e a mídia há muito constituem o campo de batalha entre um poderoso Estado de esquerda e uma oposição concentrada na classe média e na elite.

O governo comanda pelo menos 10 estações de televisão e mais de 100 estações de rádio.Os críticos afirmam que a imprensa independente se sente cada vez mais pressionada a calar ou a adotar a autocensura.

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