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Muro de Berlim
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O Muro de Berlim

O Muro de Berlim, construído pela Alemanha Oriental para separar a Berlim Ocidental, não comunista, da Berlim Oriental, começou a ser construído em 13 de agosto de 1961, passou por modificações até os anos 1980 e foi derrubado em 1989.

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Principais eventos até a construção do Muro de Berlim

1945 Termina a Segunda Guerra Mundial e Berlim se divide entre domínio soviético do lado oriental e domínio americano, inglês e francês do lado ocidental
1948 – 1949 Forças soviéticas bloqueiam Berlim Ocidental, uma ilha na região comunista controlada pela Alemanha Oriental. Aliados do lado ocidental entregaram suprimentos por 15 meses por via aérea
1949 República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental) é fundada em 3 de maio. República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) é fundada em 7 de outubro
1953 Protesto contra as condições de trabalho na Alemanha Oriental é reprimido pelo Exército vermelho
1961 Fronteiras entre Berlim Ocidental e Oriental são fechadas. Soldados começam construção do muro.
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Localização

& divisão geo-política

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Queda do símbolo da Guerra Fria

A queda do Muro de Berlim foi um dos momentos mais importantes da história e levou a grandes mudanças no mundo. A queda do símbolo da Guerra Fria ocorreu de forma pacífica, segundo protagonistas americanos.

O “muro da vergonha” não caiu da noite para o dia, foi resultado de um “processo longo e complexo”, de diversas negociações diplomáticas, afirma a então porta-voz do Departamento de Estado americano, Margaret Tutwiler.

Um dos momentos que auxiliaram na queda do muro, segundo Tutwiler, foi o discurso do presidente americano Ronald Reagan no dia 12 de junho de 1987. Na ocasião, o líder americano se dirigiu ao último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev, e disse: “senhor Gorbachev, derrube esse muro”.

O autor do discurso, Peter Robinson, então funcionário da Casa Branca, diz que não tinha ciência na época que estava escrevendo um capítulo importante da história e se preocupava apenas em terminar o texto a tempo.

“Estou convencido a partir de depoimentos de alemães que viviam do lado oriental que essas palavras (de Reagan) os ajudaram a visualizar a liberdade como uma realidade possível e factível”, afirma Robinson, acrescentando que o muro foi derrubado pelas pessoas, pedaço por pedaço.

(Agência Efe)

Estrutura

Toque ou passe o mouse para ver detalhes dos elementos:


5000

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200

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300

presos

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Rotas de fuga

O Muro de Berlim não impediu que as pessoas fugissem do leste para o oeste. Cerca de 5 mil pessoas conseguiram passar para o lado capitalista e ao menos 136 morreram tentando.

As pessoas tentavam fugir por túneis, balões de ar, ultraleve e, na maioria dos casos, escondidas em carros que cruzavam os pontos de controle.

  • Fugas em carros
  • Túneis
  • Balão de ar
  • Ultraleve



Compartimentos dos veículos eram modificados para esconder pessoas. Entre 1964 e 1966, Kurt Wordel usou três carros da marca Volkswagen para transportar 55 pessoas. Em 1987, uma adolescente de 17 anos conseguiu cruzar o muro escondida entre duas pranchas de surfe em cima de um carro.



70 túneis foram cavados entre os dois lados. O mais famoso foi o túnel 57, com comprimento de 130 metros, por onde 57 pessoas fugiram para Berlim Ocidental em 1964.



Em 1979, duas famílias cruzaram a fronteira ao norte do país em um balão confeccionado por elas mesmas.



Em 1984, Ivo Zdarsky escapou de Berlim Oriental voando no ultraleve que construiu.

Cronologia: da Construção à Queda

1961 13 de agosto
O Muro de Berlim é construído

24 de agosto
Primeira morte. Gunter Litfin, 24 anos, estava do lado Oriental e foi morto.
1962 17 de agosto
Vítima mais famosa do Muro de Berlim. Peter Fecher, 18 anos, da Alemanha Oriental, é baleado tentando cruzar para o lado Oeste e deixado sangrando até morrer.
1963 26 de junho
John F. Kennedy, então presidente dos EUA, visita Berlim e faz um dicurso dizendo 'Eu sou um berlinense', para enfatizar o apoio de Washington à Alemanha Ocidental.
Veja o discurso
1987 12 de junho
Ronald Reagan, então presidente dos EUA, visita Berlim e pede que o líder soviético Mikhail Gorbachev destruir o Muro de Berlim.
Veja o discurso
1989 5 de fevereiro
Última morte do muro. Chris Gueffroy, 20 anos, da Alemanha Oriental, é baleado e morre.

6 e 7 de outubro
Protestos antigoverno ocorrem em Berlim Oriental, Dresden e Leipzig.

18 de outubro
Líder da Alemanha Oriental Erich Honecker é retirado do cargo.

4 de novembro
500 mil pessoas protestam em Berlim Oriental.

9 de novembro
Todas as fronteiras entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental são abertas.

10 de novembro
2 milhões de alemães do lado Oriental cruzam para a Alemanha Ocidental.

Depoimentos

Johannes Gaedicke,
29 anos, nasceu na Alemanha Oriental e tinha 5 anos quando o muro de Berlim foi derrubado. Ele lembra que os pais acompanharam as notícias pela TV, celebraram e choraram de emoção. Em entrevista ao Estado, ele conta que passou a comer laranja e bananas com frequência com o fim da divisão da Alemanha e passou a assistir aos filmes da Disney.

(por Melina Costa, especial para O Estado de S. Paulo)

Johannes Linn,
pesquisador sênior do programa de Economia Global e Desenvolvimento do Brookings Institute
“Nasci na Baviera e cresci longe do que se tornaria a Cortina de Ferro e do muro que dividiria Berlim. Mas o "leste" era uma ameaçadora gota vermelha no meu atlas escolar.

Em maio de 1959, visitei Berlim pela primeira vez e fui para Berlim Oriental apenas cruzando uma fronteira invisível. Presenciei uma parada com assustadores tanques soviéticos, mísseis apontados e soldados marchando.

Mais tarde, estudei na Universidade Livre de Berlim, no lado ocidental, e o muro foi erguido dividindo a cidade. Berlim Ocidental era uma ilha de liberdade, bem-estar e isolamento, algo ao mesmo tempo emocionante e deprimente. Por exemplo, uma excursão à meia-noite para o muro no fim de uma festa era o melhor jeito de ficar sóbrio novamente. Eu tinha amigos no lado oriental e podia visitá-los, mas tinha de dizer adeus sabendo que eles nunca poderiam me seguir até o lado ocidental sem arriscar a vida.

No dia 9 de novembro de 1989, acompanhei maravilhado de Washington, nos EUA, as imagens alegres e incompreensíveis do muro sendo quebrado. No ano seguinte, visitei Berlim. Lembro que, quando me aproximava do muro, ouvia um barulho persistente: pingue-pongue-pingue-pongue. Eram pessoas - muitas pessoas - martelando o muro e o destruindo. Esse era o jeito deles de ter certeza de que tudo aquilo não era um sonho."

Johannes Linn, pesquisador sênior do programa de Economia Global e Desenvolvimento do Brookings Institute, um dos mais influentes think tanks do mundo. Trabalhou por trinta anos no Bancos Mundial e ocupou funções como a de vice-presidente para a Europa e a Ásia Central.”

(por Melina Costa, especial para O Estado de S. Paulo)

Monika Brüning,
73 anos, aposentada. Sempre morou em Berlim Ocidental.
“No dia 9 de novembro, jantei na casa de uma amiga, cheguei em casa cansada e fui dormir para acordar às 6 horas no dia seguinte e trabalhar. Quando acordei, liguei o rádio e pensei 'não posso estar ouvindo direito'.

O muro havia caído! No trabalho, meus colegas contaram que haviam passado a noite no muro. Na hora do almoço, fomos até um ponto da fronteira, que não ficava muito longe, para ver o que estava acontecendo. Os alemães orientais estava eufóricos.

No fim de semana seguinte, recebi a visita do meu irmão, que morava na cidade de Hanover, com sua mulher e meu sobrinho que tinha 6 anos. Eles também queriam ver o muro. Fomos para o lado leste de Berlim e, quando chegamos na fronteira, meu sobrinho começou a chorar e dizer que queria voltar para a Alemanha.

Então explicamos que ali também era a Alemanha. Mas ele chorava e dizia que queria ir embora por causa do cheiro. Era inverno e na Alemanha Oriental eles usavam um tipo de carvão para aquecimento que soltava muita fumaça e tinha um cheiro ruim. Quase todos os lugares lá tinham esse cheiro. Notava-se também uma camada de poeira preta. Quando voltávamos de viagem da Alemanha Oriental, era preciso lavar as janelas dos carros.

Naquele mesmo fim de semana, fui com meus parentes para a Ku’damm (diminutivo para Kurfürstendamm, principal rua comercial de Berlim), e isso você não pode imaginar. Estava tão cheio que não era possível caminhar. Uma massa enorme de pessoas, o carros não conseguiam passar. Os alemães orientais ganharam 20 marcos cada um e foram para as lojas. Eles ficaram muito confusos ao ver que um mesmo produto tinha preços diferentes em lojas diferentes. Eles diziam uns aos outros 'não compre na primeira loja, olhe primeiro'.

Minha amiga tinha a família inteira na Alemanha Oriental, então quando o muro ainda estava de pé, íamos para lá duas vezes ao ano. Era muito complicado. Eles checavam toda a sua bagagem. Uma vez, eu queria ir com amigos para a Espanha de férias e precisávamos passar pela Alemanha Oriental. Na fronteira, o guarda pediu os passaportes e minha bolsa de mão. Ele abriu meu caderno de endereços e perguntou 'por que você tem tantos endereços aqui?' E eu respondi brincando 'porque sou uma garota de programa'. Ele pediu que eu saísse do carro e começou a checar as malas. Ficamos lá duas horas por conta do meu comentário estúpido.”

(por Melina Costa, especial para O Estado de S. Paulo)

Confira outros textos:

Queda do Muro de Berlim completa 25 anos
Entrevista: 'Meu pai era um agente da Stasi'
'O muro é um sentimento'

Curiosidades

  • O impacto urbanístico
  • Ostalgie
  • Aplicativo

Em Berlim, 192 ruas foram cortadas pelo muro. Patrulhas especiais vigiavam os rios e lagos da cidade. Vários prédios de Berlim, alguns de importância histórica, foram afetados pela construção. O caso mais famoso foi a derrubada da igreja da Reconciliação, na Rua Bernauer, em janeiro de 1985. 15 estações de linhas de trem e metrô do Oeste que ficavam do lado oriental foram fechadas.

(crédito: divulgação)

(crédito: divulgação)

Após a reunificação da Alemanha, o vestuário, jeito de falar e o repertório dos alemães orientais viraram motivo de chacota. Mas, na última década, a cultura da antiga Alemanha Oriental passou a ser celebrada em um fenômeno conhecido como “ostalgie”, algo como “nostalgia do leste”.

Em Berlim, os bairros do leste são hoje os mais dinâmicos da cidade. É lá que estão as baladas mais disputadas, os ateliês mais inovadores e sedes de empresas start up. Turistas pagam até 89 euros (cerca de RS 275) para fazerem passeios a bordo de um Trabant – ou, como é conhecido carinhosamente Trabi –, o carro produzido no lado oriental que nunca sobreviveu à concorrência com os modelos ocidentais.

Inaugurado há sete anos, o hotel Ostel promete “uma viagem de volta ao tempo” em seus quartos decorados com móveis da Alemanha Oriental e eletrodomésticos da década de 1970. Há até retratos de antigos líderes socialistas pelas paredes, como o de Erich Honecker, que governou a Alemanha Oriental entre 1976 até 1989.

(por Melina Costa, especial para O Estado de S. Paulo)



(crédito: divulgação)

(crédito: reprodução/iTunes)

Você sabe dizer onde exatamente ficava o Muro de Berlim? Um aplicativo disponível em inglês e alemão ajuda turistas e berlinenses a encontrarem e explorarem o que sobrou do muro que cercava Berlim Ocidental.

Em parceria com o instituto de pesquisa Zentrum für Zeithistorische Forschung, especializado em história contemporânea, e a rede nacional de rádio Deutschlandradio, o Centro Federal de Educação Política desenvolveu o programa para o aniversário de 50 anos da construção do muro.

Um tour guiado leva a pessoa aos pedaços que sobraram do muro de Berlim, memoriais e lugares marcantes na história da Alemanha dividida. A “viagem” é mostrada em um mapa interativo.

Os lugares apresentados podem ser visitados a pé ou pelos transportes públicos de Berlim. As pessoas podem criar as próprias rotas e pesquisar se perto de onde estão existe algum ponto histórico relacionado ao muro.

Antes & Depois

Antes
Moradores do leste e oeste da Alemanha celebram no Portão de Brandemburgo a abertura das fronteiras em 9 de novembro de 1989
Depois
Visão geral do Portão de Brandemburgo em 22 de julho de 2009

(Fabrizio Bensch/Reuters)



Antes
Pessoas posam no Portão de Brandemburgo em 6 de junho de 1989
Depois
Vista geral do Portão de Brandemburgo em 14 de julho de 2009

(Fabrizio Bensch/Reuters)



Antes
A foto de 1990 mostra soldados da Alemanha Oriental treinando perto do checkpoint Charlie. As torres de controle já estavam abandonadas, mas o muro continuava erguido
Depois
Imagem de 2009 mostra a mesma esquina onde soldados treinavam totalmente reconstruída

(Fabrizio Bensch/Reuters)



Alemanha na sombra do Muro de Berlim: mesmo após 25 anos da queda e da reunificação da Alemanha, profundas divisões ainda existem:



Azul: Oeste

Vermelho: Leste



População da Alemanha: 80.327.700 (2011)

64.46mi
15.86mi

Produto Interno Bruto (PIB): €2.737,6 bi (2013)

€2.328,3 bi
€0.409,3 bi

Taxa de desemprego: 6,9% (por Estado, 2013)

4.2% - 11.9%
8.9% - 13.2%

Média Salarial (ganho mensal de trabalhadores em tempo integral ,2013)

€3.296 - €3.886
€2.797 - €3.321

População acima dos 65 anos (2011)

19% - 22%
22% - 25%

População abaixo da linha da probreza (ter renda 60% abaixo da média ,2012)

14.2%
20.3%

(Fonte: EURES, Federal Statistical Office and the statistical Offices of the Laender, Statistisches Bundesamt, wsws.org)

Contrastes na Alemanha



As diferenças que separaram as Alemanhas Oriental e Ocidental por 40 anos não desapareceram completamente após a a queda do Muro de Berlim. Para 75% dos alemães do leste, a reunificação foi um sucesso, mas só 50% dos entrevistados ocidentais compartilham esse pensamento.

Após a queda do muro, fábricas e empresas comunistas tiveram de competir com concorrentes ocidentais mais eficientes. O capitalismo chegou rápido demais para eles e acabou provocando a falência de companhias em áreas que nunca se recuperaram do choque econômico. Até hoje, a renda do lado oriental é bem menor que do ocidental.

A taxa de desemprego da Alemanha tem sido destaque nos jornais por se manter baixa há duas décadas. No entanto, o índice se distribui de forma desigual pelo país: os Estados ocidentais têm menos desemprego que os vizinhos.

Na parte ocidental, vivem mais estrangeiros e um dos motivos para isso, segundo uma pesquisa da Universidade de Leipzig, é o clima do ocidente ser mais convidativo para quem vem de fora. Na ex-Alemanha Oriental, a grande presença de brancos faz com que partidos de extrema direita neonazista ganhem força.

Em contrapartida, há fatores que colocam o leste à frente do oeste. Por exemplo, a produção de lixo é menor no lado oriental. Por terem convivido com escassez de alimentos até 1989, os moradores aprenderam a economizar e comprar apenas o que consomem, hábitos que parecem ter prevalecido.

Foi também na antiga Alemanha comunista que se consolidaram as creches. Enquanto as mães do oeste alemão ficavam em casa com os filhos, as do leste trabalhavam fora. Por isso, o governo oriental fez grandes investimentos em creches, que ainda hoje são um legado para a população.

Mesmo com as disparidades, os alemães vivem em harmonia por mais de duas décadas e meia, realidade que faz com que muitos considerem a Alemanha um exemplo bem-sucedido de reunificação.

(Washington Post)

Conheça mais sobre o tema:

Filmografia Acervo Estadão
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Conteúdo Fernanda Simas
Diretor de Arte Fabio Sales
Infográfico Jonatan Sarmento, Tiago Henrique, Mauro Girão e Vinicius Sueiro
Audiovisual Pedro do Val
Outras fontes MCT, Graphic News, Governo de Berlim, Museu do Muro de Berlim, Reuters