Grupo Corpo

Casa dos Pederneiras vira a sede do Corpo

Em 1975 surge a companhia criada pelos irmãos Paulo, Rodrigo e Miriam na capital mineira

Tudo começou no lar de uma família mineira. Em 1975, os irmãos Paulo, Rodrigo e Miriam transformaram a casa em que nasceram - na Rua Barão de Lucena, 166, no bairro de Serra, em Belo Horizonte - na sede do Grupo Corpo, que tinham acabado de criar. Os pais foram morar de aluguel para dar espaço ao sonho dos filhos. Paredes foram derrubadas e quartos foram emendados para criar salas de dança. Assim, construíram um campo de trabalho para exploração e a produção do primeiro espetáculo, que se tornaria um clássico e sucesso instantâneo.

Maria Maria surgiu quando os irmãos Pederneiras reuniram três de seus amigos: o coreógrafo argentino Oscar Araiz, Milton Nascimento, que compôs a trilha, e Fernando Brant, que elaborou o roteiro. Da parceria surgiu um marco. Os resultados imediatos foram as plateias lotadas, a entrada de receitas que permitiriam a construção da nova sede em 1978 - um edifício de três andares na Avenida Bandeirantes, 866, no bairro Mangabeiras - e as portas abertas para turnês.

Os irmãos Pederneiras falam sobre o começo da companhia

O espetáculo levou o Corpo para a primeira turnê internacional em 1978, apenas três anos após a criação da companhia. Na ocasião, passou por sete países da América Latina, além de Lisboa e Paris, onde lotou o Théâtre de la Ville. Desde então, a agenda no exterior só cresceu. Segundo o diretor artístico do grupo, Paulo Pederneiras, hoje, a maior parte das apresentações do Corpo é realizada fora do País, o que também garante certa estabilidade financeira em tempos de crise.

Neste rastro de aparições por mais de 200 cidades pelo mundo - de Anchorage, no Alasca, a Zug, na Suíça -, a companhia fez história como o primeiro grupo brasileiro a se apresentar em casas de espetáculos e festivais históricos, além de conquistar vários admiradores e sua marca na história da cultura brasileira.

“Eu estava pesquisando trabalhos de dança na América do Sul e fui a uma apresentação deles em outra cidade aqui nos Estados Unidos. Fiquei imediatamente impressionado com a qualidade artística da coreografia e as habilidades extraordinárias dos bailarinos em interpretar o vocabulário de dança”, diz Joseph Melillo, produtor executivo do Brooklyn Academy of Music, onde o Corpo já se apresentou cinco vezes desde 2002. “O que tem sido consistente é a disciplina artística excepcional dos bailarinos.”

Cenas dos primeiros trabalhos do Grupo Corpo
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