Uma das dez empresas mais antigas do País

Pesquisa aponta ‘Estado’ na 10ª posição de ranking de longevidade comercial; entre veículos de comunicação, é 4º

Milton da Rocha Filho

O jornal O Estado de S. Paulo está entre as dez empresas privadas mais antigas do Brasil e é um dos jornais centenários do País, segundo levantamento do especialista em História da Administração de Empresas Geraldo Gonçalves Júnior. “Empresas com mais de 140 anos no Brasil são difíceis de encontrar”, resume.

De acordo com o professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP) Jacques Marcovitch, uma das explicações para isso é a proibição imposta por décadas pelo reino português de se criar indústrias. “O Brasil perdeu séculos de história autônoma na economia. Só na transição do Brasil monárquico para a 1.ª República surgem os pioneiros”, afirma.

Entre eles, o professor da USP cita o barão de Mauá no Rio de Janeiro, a família Prado - com ênfase em Antônio Prado - em São Paulo, a família Queiroz em Piracicaba, as famílias Lundgren em Pernambuco e Mascarenhas em Minas Gerais.

Mesmo entre as companhias criadas por esses pioneiros, porém, são poucas as que conseguiram chegar ao século 21. Fundada por Herman Lundgren em 1861, a Pernambuco Powder Factory deu origem, décadas depois, às Casas Pernambucanas.

Em Minas, Bernardo Mascarenhas e seus irmãos Caetano e Antônio Cândido fundaram em 1872 a Companhia de Fiação e Tecidos Cedro Cachoeira - hoje chamada de Cedro Têxtil - em Tabuleiro Grande, atual Paraopeba.

Além dos obstáculos históricos, as várias oscilações da economia e da política brasileira ao longo dessas 14 décadas ajudam a explicar as dificuldades para se manter em atividade. “Nesses últimos 140 anos, quando defrontados às oscilações da economia e outras adversidades, os pioneiros empresários, entre os quais o jornalista Julio Mesquita, delinearam novos horizontes e tomaram decisões para continuar a busca de um destino promissor.”

Ousadia e apego ao trabalho mesclaram-se no ideário desses pioneiros. “Eles ficaram atentos às mudanças do entorno para captar sinais além das aparências e reconhecer as armadilhas e os desvios ilusórios como aqueles acontecidos durante os governos autoritários”, finaliza Marcovitch.

No caso dos veículos de comunicação, o levantamento aponta o Diário de Pernambuco como o mais antigo em circulação hoje no País, com 189 anos. Depois, vêm Jornal do Commercio, do Rio, com 187 anos, e O Mossoroense, do Rio Grande do Norte, com 142. O Estado ocupa o quarto lugar, seguido pelo O Fluminense, com 132 anos. “São jornais que descrevem a história do País”, resume o jornalista e estudioso dos jornais brasileiros, Matias Molina.

É JORNALISTA DO ‘ESTADO’