Os 41 delatores da lista de Fachin

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de inquérito contra nove ministros do governo Temer, 29 senadores e 42 deputados federais –como mostram as 83 decisões do magistrado obtidas pelo Estado. O grupo faz parte do total de 108 alvos dos 83 inquéritos que a Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou ao Supremo. A "lista de Fachin" menciona 41 delatores do Grupo Odebrecht..

As colaborações com o Ministério Público Federal

Role para aproximar o gráfico. Clique nos círculos para ver a descrição dos funcionários
delatores da lista de fachin
outros funcionários e executivos que estão colaborando
empresas do grupo
setor de operações estruturadas
* Odebrecht Engenharia Industrial era chamada de Odebrecht Plantas industriais


Contratos diretos das unidades da empresa com a Petrobras

Como funcionava o ‘Departamento da Propina’

O Setor de Operações Estruturadas, chamado de “departamento da propina” por investigadores, funcionou como órgão para pagamento de propinas e caixa-2 no grupo desde 2006 e foi dissolvido em julho de 2015, um mês após Marcelo Odebrecht e executivos do grupo serem presos pela Lava Jato. Foi instalado dentro da estrutura empresarial para controle, organização e operacionalização de pagamento ilícitos. Incluía em seus serviços não só a contabilidade e o controle financeiros desses dispêndios, mas também da “dissimulação da origem ilícita” dos pagamentos.

Organograma do Setor:

Pagamentos
Diretores de contratos, gerentes e líderes empresariais encaminhavam semanalmente demandas para o setor, através de planilhas do sistema MyWebDay e troca de e-mails pelo sistema de intranet Drousys. Duas formas de pagamentos eram efetuadas: por meio de contas secretas mantidas no exterior (caso da propina paga aos dirigentes da Petrobrás) e por entregas de dinheiro em espécie no Brasil, através de operadores do mercado financeiro e doleiros fixos, chamados de prestadores de serviços.

A planilha da propina. Reprodução de telas do sistema MyWebDay onde, segundo procuradores, Marcelo Odebrecht (MOB) autoriza pagamento de R$ 1 milhão para a campanha de Dilma Rousseff (DP)

Ordenadores
Três executivos eram os responsáveis pelas ordens de pagamentos e pela contabilidade do Setor de Operação Estruturadas da Odebrecht:

Hilberto Marscarenhas Alves da Silva Filho

(Charlie)

Principal executivo do Setor de Operação Estruturadas, era o supervisor do chamado “departamento da propina” e tinha como subordinados os demais funcionários do setor. Atuava na coordenação e organização da atividade de sistemática dos pagamentos, tanto nas movimentações em território nacional como no exterior. Apareceu como controlador da conta da offshore Smith & Nash Engineering Company Inc, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, oficial do grupo, mas não declarada.

Fernando Migliaccio da Silva

(Waterloo)

Cuidava da parte operacional das entregas de propina em espécie no Brasil. Subordinado a Hilberto Silva. Controlava o repasse de valores de contas secretas no exterior para contas paralelas mantidas com doleiros fixos, que eram prestadores de serviços. Controlava as contas em nomes das offshores Innovation Engineering and Research, Constructora Del Sur e Klienfeld Services. Foi preso na Suíça tentando esvaziar as contas mantidas naquele país.

Luiz Eduardo da Rocha Soares

(Toshio)

Cuidava dos pagamentos no exterior, via contas offshores e ex-funcionários. Subordinado a Hilberto Silva. Irmão de Paulo Soares, que desenvolveu o Sistema Drousys, na empresa Draft Systems do Brasil, criada para atuar no mercado, mas que tinha a Odebrecht como principal cliente. A Draft funciona no mesmo endereço da JR Graco Serviços Cadastrais, dos réus Olívio Rodrigues e seu irmão Marcelo, que eram operadores financeiros de propinas



Secretárias
Quatro secretárias cuidavam do funcionamento do "departamento da propina". Elas atuavam subordinadas aos três executivos recebendo os pedidos de pagamentos, controlando o fluxo de caixa, os balanços, planilhas e ordenamentos a prestadores, como doleiros e agentes do mercado financeiro, para entregas de valores e transferências, dentro e fora do Brasil:

Maria Lúcia Tavares

(Tulia)

Era secretária-executiva em Salvador. Responsável pela operacionalização dos pagamentos e controle da contabilidade do departamento, subordinada a Hilberto Silva, Fernando Silva e Luiz Soares

Ângela Ferreira Palmeira

(Tsarina)

Era secretária-executiva em Salvador. Responsável pela operacionalização dos pagamentos e controle da contabilidade do departamento, subordinada a Hilberto Silva, Fernando Silva e Luiz Soares

Alyne Nascimento Borazo

Era secretária em São Paulo. Assessorava Hilberto Silva, Fernando Silva e Luiz Soares



Audenira Jesus Bezerra

Era secretária em Salvador. Assessorava Hilberto Silva, Fernando Silva e Luiz Soares

O pagamento de propinas do Grupo Odebrecht seguia a mesma normatização e o sistema de gestão implementado no conglomerado empresarial. O Diretor de Contrato fazia um pedido para seu Diretor Superintendente. Este comunicava a seu Líder Empresarial, que comunicava o Diretor-Presidente. Com o OK, o diretor de contrato enviava o pedido para as secretárias executivas do Setor de Propinas, identificando origem do pedido, fonte do recurso, autorizador e beneficiário: