A delação da JBS: os nomes que já foram citados

Atualizado em 19.05.2017, às 21h25

O empresário Joesley Batista, da JBS, disse à Procuradoria-Geral da República (PGR) que seu grupo empresarial pagou “nos últimos anos” R$ 400 milhões em propina a políticos e servidores públicos. A lista, segundo ele, inclui senadores, deputados e presidentes da República.

Presidente e ex-presidentes

Michel Temer (presidente)

R$ 15 milhões

Teria dado aval a uma operação para comprar o silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Operação Lava Jato. O empresário disse ao presidente que estava pagando mesada a Cunha e a Lúcio Funaro, apontado como operador do ex-presidente da Câmara, para que ambos ficassem em silêncio sobre irregularidades. “Tem que manter isso, viu?”, afirmou Temer ao empresário.

Ricardo Saud, ex-diretor da JBS, afirma que o presidente teria pedido R$ 1 milhão em dinheiro vivo. A quantia, segundo Saud, foi entregue ao coronel aposentado João Baptista Lima, amigo de Temer. O valor seria parte de um acerto entre o PT, o PMDB e a JBS durante as eleições de 2014.

Segundo Joesley Batista, ele conheceu o presidente por meio de Wagner Rossi, então ministro da Agricultura. Em 2010, Temer teria pedido dinheiro e o empresário pagou R$ 3 milhões em propinas, sendo R$ 1 milhão por doação oficial e o restante para a empresa Pública Comunicações, do marqueteiro Elsinho Mouco. Em agosto e setembro do mesmo ano, Joesley teria, também a pedido de Temer, pago a quantia de R$ 240 mil à empresa Ilha Produções.

Joesley também diz que, no ano passado, pouco antes de assumir a Presidência, Temer pediu R$ 300 mil para pagar despesas de marketing político na internet. O dinheiro. de acordo com Joesley, foi entregue a Elsinho Mouco em espécie.

Outro lado: Temer afirmou que “jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha”.

Dilma Rousseff, ex-presidente (2010 - 2016)

Seria beneficiária de conta-corrente em offshore no exterior. O ex-ministro Guido Mantega (Fazenda/Governos Lula e Dilma) seria o operador das contas. Segundo o empresário Joesley Batista, dono da JBS, o saldo das duas contas teria chegado a bater US$ 150 milhões em 2014. Em reunião com Mantega, no final de 2010, o petista teria pedido que abrisse uma nova conta destinada somente a Dilma.

Outro lado: Dilma afirmou que informações do empresário são “improcedentes e inverídicas”

Lula, ex-presidente (2003 - 2010)

Seria beneficiário de conta-corrente em offshore no exterior. O ex-ministro Guido Mantega (Fazenda/Governos Lula e Dilma) seria o operador das contas. Segundo o empresário Joesley Batista, dono da JBS, o saldo das duas contas teria chegado a bater US$ 150 milhões em 2014.

Outro lado: Segundo Lula, “diálogos com terceiros nem sequer foram comprovados”



Ministros

Alexandre de Moraes

Atualmente ministro do STF e ex-ministro da Justiça

É citado no pedido de abertura de inquérito contra Michel Temer, feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Este considera que o senador Aécio Neves, em conversa com Joesley Batista gravada pelo empresário, tentou obstruir as investigações da Lava Jato com Temer e Moraes, direcionando os inquéritos por meio da escolha de delegados. A questão, entretanto, não teria sido finalizada entre os três.

Guido Mantega

Ex-ministro da Fazenda

US$ 5 milhões

Teria intermediado pagamentos de propina a parlamentares do PT. Segundo executivos da JBS, o então ministro era uma espécie de operador do grupo no BNDES. O empresário informou também que teria feito um empréstimo de US$ 5 milhões conversível em participação societária em 2012 ao ex-ministro para uma empresa chamada Pedala Equipamentos Esportivos.

Wagner Rossi

Ex-ministro da agricultura

Joesley Batista diz que conheceu Temer por meio de Wagner Rossi. De acordo com o anexo 9 da delação, Joesley disse que Rossi afirmou ser aliado político de Temer e operar com ele no Porto de Santos.

José Serra

R$ 15 milhões

Ex-ministro das relações exteriores

Em 2010, o tucano era candidato à presidente. Segundo Joesley Batista, a JBS pagou R$ 20 milhões à sua campanha, R$ 7 milhões via caixa dois. Uma simulação de compra de um camarote no Autódromo de Interlagos para encobrir a operação foi feita por R$ 6 milhões. "Teve realmente esse camarote, só não podia ser R$ 6 milhões", disse Joesley. A empresa PPM Análise e Pesquisa teria recebido R$ 420 mil da JBS.

Outro lado: Serra disse que “jamais recebeu qualquer tipo de vantagens indevidas das empresas de Joesley Batista”.

Senadores

Aécio Neves

Senador afastado

R$ 80 milhões

Foi gravado pedindo propina ao empresário Joesley Batista, dono da JBS, sob o argumento de que precisava de dinheiro para a defesa na Operação Lava Jato. O senador teria oferecido também a JBS a escolha de uma diretoria da Vale, colocando no posto alguém de confiança dos irmãos Batista. Em conversa gravada por Joesley Batista, o empresário diz ter falado com Aécio sobre a indicação de Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobrás. Aécio disse que já havia escolhido outra pessoa para a vaga, mas Joesley poderia escolher outra diretoria da mineradora. Ricardo Saud, relatou, no último dia 7, que o grupo pagou R$ 80 milhões para a campanha do então candidato do PSDB à Presidência.

Outro lado: Tucano afirmou que reunião com empresário “tratou-se de uma relação entre pessoas privadas”

Renan Calheiros

Senador

Teria tentado impedir o processo de delação de Joesley Batista por meio do advogado Willer Tomaz. "Com possível ajuda do procurador da República, Ângelo Goulart Vilella, (Thomaz) estava tentando atrapalhar o processo de colaboração premiada ora em curso, com o escopo, possivelmente de proteger amigos políticos integrantes do PMDB", destaca Janot no pedido de abertura de inquérito enviado ao ministro do STF Edson Fachin. Janot afirma que Thomaz receberia R$ 8 milhões de Joesley e pagaria R$ 50 mil por mês a Ângelo.

Romero Jucá

Senador

Teria tentando impedir o processo de delação de Joesley Batista por meio do advogado Willer Tomaz. "Com possível ajuda do procurador da República, Ângelo Goulart Vilella, (Thomaz) estava tentando atrapalhar o processo de colaboração premiada ora em curso, com o escopo, possivelmente de proteger amigos políticos integrantes do PMDB", destaca Janot no pedido de abertura de inquérito enviado ao ministro do STF Edson Fachin. Janot afirma que Thomaz receberia R$ 8 milhões de Joesley e pagaria R$ 50 mil por mês a Ângelo.

Deputados

Eduardo Cunha

Ex-deputado e ex-presidente da Câmara (PMDB-RJ)

R$ 5 milhões

Teria recebido “saldo de propina” depois de preso pela Lava Jato. O valor se referia a uma dívida de R$ 20 milhões com o ex-deputado, referente à atuação dele na tramitação de projeto de lei que desonerou a cadeia produtiva do frango.

Outro Lado: O advogado de Cunha não se pronunciou

Rodrigo Rocha Loures*

Deputado (PMDB-PR) e ex-assessor de Temer

R$ 15 milhões

Teria aceitado propina para resolver pendências da J&F, holding que controla a JBS, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Em conversa gravada, Joesley teria prometido dar ao congressista 5% de um lucro anual de R$ 300 milhões, que obteria ao resolver o imbróglio no órgão.

Outro lado: Joesley afirmou que Loures aceitou propina de R$ 15 milhões para resolver pendências da J&F, holding que controla a JBS, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)**
* AFASTADO DO MANDATO
** DEFESA NÃO FOI LOCALIZADA

Governadores

Fernando Pimentel

Governador de Minas Gerais

R$ 30 milhões

Em 2014, Guido Mantega teria requisitado insistentemente a Joesley pagamento de propina para Fernando Pimentel, governador eleito de Minas Gerais. Ao questionar Mantega, ele teria dito: “isso é com ela”. Joesley então teria solicitado audiência com Dilma.

Outro lado: Petista afirmou que afirmações “não têm nenhum suporte em provas ou evidências”

Outros personagens

Lúcio Bolonha Funaro. Operador do peemedebista e do empresário em esquemas de corrupção. Teria recebido mesada de R$ 400 mil para manter silêncio em seus depoimentos.

Andréa Neves. Considerada braço direito de seu irmão, Aécio Neves, ela teria pedido R$ 40 milhões para comprar um apartamento no Rio de Janeiro a Joesley, mas este afirmou que só daria o dinheiro caso Bendine fosse indicado a uma diretoria da Vale.

Elsinho Mouco. Pouco antes de assumir a Presidência, Temer teria procurado Joesley para uma reunião em seu escritório em São Paulo pedindo R$ 300 mil para pagar despesas de marketing político na internet. O dinheiro. de acordo com Joesley, foi entregue a Elsinho Mouco em espécie.

Willer Tomaz. Advogado de Renan e Romero Jucá, estava tentando atrapalhar o processo de colaboração premiada ora em curso, com o escopo, possivelmente de proteger amigos políticos integrantes do PMDB". Teria receberia R$ 8 milhões de Joesley.

Ângelo Goulart Vilella. Procurador que atuava no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), teria ajudado o advogado Willer Tomaz com informações sobre o processo de colaboração premiada ora em curso. Teria recebido R$ 50 mil por mês de Tomaz.