Rússia 2018

Estrelas do Mundial

O Estadão mostra os grandes craques que vão disputar a Copa do Mundo, suas histórias e principais qualidades que poderão ajudar suas seleções na luta pelo título. Clique em “ver todos” para conferir a lista completa

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Joe Klamar/AFP

Paulinho Brasil flag

Vida de altos e baixos

Com apoio de Tite, volante renasce no Barcelona

Por Gonçalo Junior

Quando era pequeno, Paulinho não conseguia ver a rua quando abria a janela. Ele morava no depósito da subprefeitura de Vila Maria/Vila Guilherme, zona norte de São Paulo. Dividia o terreno com tubos, cimento, pedra e areia. Ali trabalhava seu pai, Marcos Nascimento, analista de Suporte Técnico. A mãe, Érica Lima Nascimento, era assistente financeira.

Os horizontes começaram a ficar mais amplos quando passou na peneira par a jogar no Audax (SP). Acordava de madrugada e atravessava a cidade, de norte a sul, mas gostava. E se destacava. Descobriu que o futebol poderia ser seu futuro. Resolveu arriscar a sorte no time do Vilnius, da Lituânia, clube que tinha um intercâmbio com o Audax. Era 2006 e ele tinha 17 anos. No inverno, os termômetros chegam a 25° C negativos. Precisava de quatro casacos. Mas tem boas lembranças da neve.

Por outro lado, encontrou um rival tão cortante como o frio: o racismo. “Nas lojas, éramos atendidos com má vontade e os torcedores dos outros times imitavam macacos quando a gente passava”, diz Rodnei, um dos melhores amigos do volante. Paulinho não contava para a família e evita o assunto. No polonês LKS Lodz, o problema era outro: não pingava o salário na conta. Paulinho chorava para largar tudo. Foi a mulher Bárbara, primeira e única namorada, que o impediu.

Trocou a primeira divisão do Campeonato Polonês pela quarta do Campeonato Paulista no seu berço, o Audax. Passou a receber 20% do seu salário na Europa. Foi contratado pelo Bragantino, no qual ficou uma temporada, e atraiu o todo-poderoso Corinthians. Ali aperfeiçoou a função de volante: marcava, mas tinha liberdade para atacar. Foi aí que nasceu o estilo que o consagrou no Corinthians, soterrando a lembrança de Jucilei e Elias.

Essa versatilidade chamou a atenção dos técnicos da seleção, primeiro Mano Menezes e depois Felipão. E também dos europeus. Voltou para acertar as contas com o passado. Mas a passagem pelo Tottenham foi ainda mais frustrante. Não foi bem. Chegou a ser escolhido por torcedores em pesquisa da revista FourFourTwo como a pior contratação da história do clube londrino. Acabou vendido ao Guangzhou, da China, em 2015, por R$ 53 milhões. Ou R$ 22 milhões a menos do que a negociação anterior com o clube inglês. Desvalorização. Declínio. Incerteza.

Só que ele deu a volta por cima de maneira improvável. Dirigido por Felipão, renasceu. Em três anos disputou 91 jogos, marcou 26 gols e foi fundamental na conquista de cinco títulos. Tite, o mesmo que o dirigiu no vitorioso Corinthians, foi pinçá-lo.

Paulinho foi um dos responsáveis pela arrancada da seleção nas Eliminatórias Sul-americanas para a Copa do Mundo e acabou despertando o interesse do Barcelona. O sucesso surpreendeu boa parte dos críticos. Entrou no rodízio com Busquets, Rakitic, Iniesta e André Gomes. Foi eleito melhor estreante do Campeonato Espanhol. Mas uma lesão em janeiro interrompeu sua ascensão.

Paulinho é teimoso, mas otimista, daqueles que veem a metade cheia dos copos. Anos atrás, quando foi questionado pela reportagem do Estado sobre uma lembrança da infância, ele não falou da janela sem vista para a rua. “Eu gostava de empinar pipa”, disse, objetivo como seu jogo.

Agora, uma nova janela se abre para Paulinho. Uma que ele nem imaginava que ele poderia alcançar um dia quando morava no terreno da prefeitura: a janela da Copa do Mundo.

Velocidade
8
Habilidade
7.5
Cabeçada
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Finalização
8
Drible
7.5

Nossa avaliação

Os jogadores foram selecionados de acordo com sua qualidade técnica no principal mercado do mundo, a Europa. Foram avaliados os quesitos cabeceio, habilidade, velocidade, drible e finalização e as notas foram dadas pela equipe de Esportes do Estadão. A cada sábado, uma história nova - serão 32 jogadores ao todo.

Edição Robson Morelli / Textos Almir Leite, Ciro Campos, Daniel Batista, Glauco de Pierri, Gonçalo Junior, Marcio Dolzan, Matheus Lara, Paulo Favero, Raphael Ramos e Wilson Baldini Jr.

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Joe Klamar/AFP

Paulinho Brasil flag

Vida de altos e baixos

Com apoio de Tite, volante renasce no Barcelona

Por Gonçalo Junior

Quando era pequeno, Paulinho não conseguia ver a rua quando abria a janela. Ele morava no depósito da subprefeitura de Vila Maria/Vila Guilherme, zona norte de São Paulo. Dividia o terreno com tubos, cimento, pedra e areia. Ali trabalhava seu pai, Marcos Nascimento, analista de Suporte Técnico. A mãe, Érica Lima Nascimento, era assistente financeira.

Os horizontes começaram a ficar mais amplos quando passou na peneira par a jogar no Audax (SP). Acordava de madrugada e atravessava a cidade, de norte a sul, mas gostava. E se destacava. Descobriu que o futebol poderia ser seu futuro. Resolveu arriscar a sorte no time do Vilnius, da Lituânia, clube que tinha um intercâmbio com o Audax. Era 2006 e ele tinha 17 anos. No inverno, os termômetros chegam a 25° C negativos. Precisava de quatro casacos. Mas tem boas lembranças da neve.

Por outro lado, encontrou um rival tão cortante como o frio: o racismo. “Nas lojas, éramos atendidos com má vontade e os torcedores dos outros times imitavam macacos quando a gente passava”, diz Rodnei, um dos melhores amigos do volante. Paulinho não contava para a família e evita o assunto. No polonês LKS Lodz, o problema era outro: não pingava o salário na conta. Paulinho chorava para largar tudo. Foi a mulher Bárbara, primeira e única namorada, que o impediu.

Trocou a primeira divisão do Campeonato Polonês pela quarta do Campeonato Paulista no seu berço, o Audax. Passou a receber 20% do seu salário na Europa. Foi contratado pelo Bragantino, no qual ficou uma temporada, e atraiu o todo-poderoso Corinthians. Ali aperfeiçoou a função de volante: marcava, mas tinha liberdade para atacar. Foi aí que nasceu o estilo que o consagrou no Corinthians, soterrando a lembrança de Jucilei e Elias.

Essa versatilidade chamou a atenção dos técnicos da seleção, primeiro Mano Menezes e depois Felipão. E também dos europeus. Voltou para acertar as contas com o passado. Mas a passagem pelo Tottenham foi ainda mais frustrante. Não foi bem. Chegou a ser escolhido por torcedores em pesquisa da revista FourFourTwo como a pior contratação da história do clube londrino. Acabou vendido ao Guangzhou, da China, em 2015, por R$ 53 milhões. Ou R$ 22 milhões a menos do que a negociação anterior com o clube inglês. Desvalorização. Declínio. Incerteza.

Só que ele deu a volta por cima de maneira improvável. Dirigido por Felipão, renasceu. Em três anos disputou 91 jogos, marcou 26 gols e foi fundamental na conquista de cinco títulos. Tite, o mesmo que o dirigiu no vitorioso Corinthians, foi pinçá-lo.

Paulinho foi um dos responsáveis pela arrancada da seleção nas Eliminatórias Sul-americanas para a Copa do Mundo e acabou despertando o interesse do Barcelona. O sucesso surpreendeu boa parte dos críticos. Entrou no rodízio com Busquets, Rakitic, Iniesta e André Gomes. Foi eleito melhor estreante do Campeonato Espanhol. Mas uma lesão em janeiro interrompeu sua ascensão.

Paulinho é teimoso, mas otimista, daqueles que veem a metade cheia dos copos. Anos atrás, quando foi questionado pela reportagem do Estado sobre uma lembrança da infância, ele não falou da janela sem vista para a rua. “Eu gostava de empinar pipa”, disse, objetivo como seu jogo.

Agora, uma nova janela se abre para Paulinho. Uma que ele nem imaginava que ele poderia alcançar um dia quando morava no terreno da prefeitura: a janela da Copa do Mundo.

Velocidade
8
Habilidade
7.5
Cabeçada
8
Finalização
8
Drible
7.5
Antonio Bronic/Reuters

Mané Senegal flag

Senegal aposta na beleza do drible

Astro do Liverpool promete brilhar na Copa

Por Wilson Baldini Jr.

Os 26 mil habitantes da aldeia de Bambali, localizada às margens do Rio Casamansa, no Senegal, se orgulham do sucesso de seu filho ilustre Sadio Mané. Ao lado do brasileiro Firmino e do egípcio Mo Salah, o habilidoso ambidestro forma no Liverpool um dos trios de ataque mais temidos do futebol.

Aos 26 anos, Mané desembarca na Rússia com a missão de liderar “Os Leões de Teranga” na Copa. O melhor resultado da seleção foi em 2002, na Ásia, quando venceu a poderosa França, campeã mundial, na primeira fase, e caiu diante da Turquia, obtendo a sétima colocação.

O Liverpool não pensou duas vezes para pagar ¤ 40 milhões (R$ 181 milhões) para comprá-lo do Southampton, em 2016. O jogo que mais impressionou os dirigentes dos Reds foi em 2015, quando Mané precisou de 15 minutos para marcar três gols diante do Aston Villa.

Com grande visão de jogo, ótimo domínio de bola e velocidade, Mané se destaca no atual futebol burocrático pela coragem com que encara a defesa, graças à sua facilidade de driblar. O toque de primeira em busca de uma assistência ou de um início de tabela também é uma de suas marcas registradas.

Finalizador, bate bem na bola tanto de direita quanto de esquerda, e de fora da área. Usa como poucos o calcanhar, responsável por encontrar espaços obscuros nas retaguardas rivais.

Dia 19, Senegal estreia na Rússia diante da Polônia. O Grupo H ainda reúne Colômbia e Japão. O atacante sabe que seu trabalho será complicado, pois sua seleção não possui a mesma potência do Liverpool. O time aposta no zagueiro Koulibaly, do Napoli, e no atacante Keita Baldé, do Monaco.

“Temos uma equipe experiente. Podemos conseguir resultados expressivos”, disse Mané, eleito o melhor jogador do Campeonato Inglês em 2016/2017. “Estamos felizes por retornar ao Mundial após 16 anos. Não foi fácil. Lutamos contra muitas dificuldades. Mas agora que estamos na competição na Rússia, precisamos pensar em grandes resultados. É hora de fazer história para o nosso país”, disse Mané.

O senegalês fez o gol do Liverpool na final da Liga dos Campeões, quando perdeu para o Real Madrid por 3 a 1. Colombianos, japoneses e poloneses podem se preparar. Para tomar a bola do filho mais famoso de Bambali na Copa, eles vão ter de correr muito.

Velocidade
8.5
Habilidade
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Cabeçada
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Finalização
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Drible
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Raciocínio: Dele Alli gosta de se antecipar aos lances para surpreender
Carl Recine/Reuters

Dele Alli Inglaterra flag

Personalidade e Elegância

Meio-campista é uma das apostas da Inglaterra

Por Glauco de Pierri

Renovada e com a missão de apagar a péssima imagem deixada em suas últimas participações em Copas, a jovem seleção da Inglaterra do técnico Gareth Southgate chegará à Rússia com um meio-campista promissor e de personalidade forte. Tratase de Bamidele Jermaine Alli, o Dele Alli, ou, como ele deseja, só Dele.

Aos 22 anos, o jogador do Tottenham disse, em recente entrevista, que a velocidade de raciocínio é uma das suas principais características. “Eu acho que muitos dos meus gols surgem quando antecipo as jogadas. Então, você deve tentar adivinhar o que vai acontecer na sequência, onde a bola poderá cair, para que lado ela poderá sobrar... Assim, você sempre estará um passo à frente do defensor”, explica o garoto, considerado em seu país um armador veloz, técnico e de elegância em campo.

Dali em diante, tudo passou muito rápido na vida daquele moleque. Neymar foi tratado como “joia rara” na Vila Belmiro, a ser lapidada para brilhar num curto período. Aos 17 anos, estreou no time principal do Santos e logo passou a ser considerado o maior craque a vestir a camisa do clube. Depois de Pelé, evidentemente. Mas passou a perna em jogadores bons de bola, como Diego e Robinho.

Pela Inglaterra, Dele Alli já disputou 23 partidas e marcou dois gols, um deles contra a França, em Wembley. “Ele pode causar um grande impacto na Rússia”, crê Southgate.

Como tantos outros garotos, Dele precisou superar problemas na infância para explodir no futebol. Nascido em Milton Keynes, a 70 km de Londres, o promissor garoto cresceu em uma área vulnerável socialmente, conviveu com a separação de seus pais quando ainda era pequeno e viu sua mãe sofrer com o vício na bebida.

Aos 11 anos, passou a integrar as categorias de base do Milton Keynes Dons, time da terceira divisão do Reino Unido. Aos 13, viu sua mãe biológica o entregar para Alan e Sally Hickford, pais de Harry Hickford, seu melhor amigo até hoje e que também se tornou jogador de futebol. Em recente entrevista ao tabloide inglês The Sun, sua mãe, Denise, contou sobre a escolha de se separar do filho. “Emocionalmente foi de partir o coração. Eu tinha um sério problema com bebidas, desencadeado por uma infância infeliz. Era viciada em vodca, cerveja, qualquer coisa. O Conselho Tutelar me visitou após reclamações de meus vizinhos sobre amaneira como estava criando os meus filhos. Eram tempos realmente difíceis. Quatro filhos, de quatro pais diferentes.”

Em 2015, o meia chamou a atenção pelo seu alto desempenho nas categorias de base de seu time e da seleção inglesa, e foi contratado pelo Tottenham por £ 5 milhões (cerca de R$ 25 milhões na cotação atual). Em White Hart Lane, sua escalada foi rápida e no mesmo ano ele se tornou titular. Hoje, o valor de sua multa rescisória é de 80 milhões de euros ( R$ 352 milhões ). Especula-seque o espanhol Real Madrid estaria interessado em seu futebol.

Dele ainda tem questões da infância que não ficaram bem resolvidas. Uma dela sé a sua relação como pai nigeriano, Kenny Alli. Em 2016, o atleta surpreendeu ao deixar deu saro sobrenome Alli. Ele se justificou afirmando que não sentia conexão com seu pai biológico, apenas com os Hickford’s.

Velocidade
8
Habilidade
8.5
Cabeçada
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Finalização
7.5
Drible
7
Raciocínio: Dele Alli gosta de se antecipar aos lances para surpreender
Carl Recine/Reuters

Luka Modric Croácia flag

De refugiado a motor da seleção

Meia croata supera adversidades para brilhar

Por Matheus Lara

O elemento nada surpresa dos croatas para tentar dar trabalho a seus adversários nesta Copa do Mundo precisou superar adversidades da guerra e a desconfiança de seus pares para se tornar a principal peça de uma seleção de futebol e destaque num clube cheio de “galácticos”. Luka Modric, de 32 anos, vai para seu terceiro Mundial. Versátil, o atleta se destaca como armador ou segundo volante, e tem no chute de fora da área uma de suas principais armas.

Hábil tecnicamente, o provável capitão do time nacional tentará usar na Rússia sua experiência de disputas difíceis com o Real Madrid para tentar surpreender os rivais. Ele e o meia Rakitic, que atua no rival Barcelona, são as principais referências do time.

Mas o futebol vistoso de Modric esconde uma história de superação pessoal e também profissional. Nascido durante a Guerra dos Bálcãs numa cidade que pertencia à antiga Iugoslávia, encarou desde cedo um ambiente hostil. Perdeu o avô num bombardeio perto de onde morava. Quando tinha apenas 6 anos, precisou abandonar sua casa com a família e morou em um hotel para refugiados. Seu pai estava na guerra, do lado dos que pediam a independência da Croácia.

O futebol apareceu como uma forma de superar aquilo tudo. Mas também não foi fácil. Magro e fraco entre os 11 e 17 anos, ouviu muitos “nãos” até ter sua habilidade técnica notada pelo Dínamo de Zagreb, o maior time da Croácia. Ganhou experiência e rodagem sendo emprestado a equipes menores, e depois deslanchou. Em 2008, aos 23 anos, foi para o Tottenham, no futebol inglês, onde ganhou destaque e aprimorou o estilo que o fez se tornar ídolo em seu país.

Em 2013 veio um novo desafio: o poderoso Real Madrid. Ele sabia que precisaria enfrentar a concorrência de atletas como Xabi Alonso, Khedira, Özil e Kaká. Não foi nada para o meia, que com Carlo Ancelotti se tornou titular absoluto e passou a ser o “motor” da equipe de Cristiano Ronaldo e companhia. Assumiu a camisa 10 e já coleciona uma lista extensa de títulos com o time merengue, como quatro edições da Liga dos Campeões, três Mundiais de Clubes, além de prêmios individuais como o de melhor jogador da última conquista mundial do Real Madrid, diante do Grêmio, no ano passado.

Aos 11 anos, passou a integrar as categorias de base do Milton Keynes Dons, time da terceira divisão do Reino Unido. Aos 13, viu sua mãe biológica o entregar para Alan e Sally Hickford, pais de Harry Hickford, seu melhor amigo até hoje e que também se tornou jogador de futebol. Em recente entrevista ao tabloide inglês The Sun, sua mãe, Denise, contou sobre a escolha de se separar do filho. “Emocionalmente foi de partir o coração. Eu tinha um sério problema com bebidas, desencadeado por uma infância infeliz. Era viciada em vodca, cerveja, qualquer coisa. O Conselho Tutelar me visitou após reclamações de meus vizinhos sobre amaneira como estava criando os meus filhos. Eram tempos realmente difíceis. Quatro filhos, de quatro pais diferentes.”

Fora dos gramados, vive um novo momento conturbado. O jogador responde a um processo na Croácia no qual é acusado de prestar falso testemunho, crime no país, durante um depoimento na temporada de 2017. O Ministério Público croata acusa o jogador de mentir diante da Justiça a favor de Zdravko Mamic, ex-dirigente do Dínamo e acusado de corrupção.

Velocidade
7.5
Habilidade
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Oli Scarff/AFP

Neymar Brasil flag

Copa espera pelo craque do Brasil

Disputa pode alavancá-lo a melhor do planeta

Por Almir Leite

Aos 26 anos, Neymar quer fazer da Copa do Mundo de 2018 a sua Copa. Ele não nega objetivos pessoais. A ambição de arrebentar nos gramados da Rússia, porém, vai muito além disso. O jogador diz ter consciência da responsabilidade que recai sobre seus ombros e do que esperam dele, e se considera maduro o suficiente para assumir a missão. Nem mesmo a fratura sofrida há pouco mais de três meses no pé direito, além da reconhecida necessidade de recuperar a confiança, parece capaz de abalar Neymar. Ele sonha com a chance há quatro anos, desde que a joelhada que levou nas costas, desferida pelo colombiano Zúñiga, interrompeu sua trajetória no Mundial que disputava em casa, em 2014.

Copa do Mundo é algo que está no radar de Neymar desde os tempos em que, criança, ele chegou ao Santos. Tinha 11 anos e logo chamou atenção pelo talento incomum, pela facilidade com que driblava os amiguinhos, pelas arrancadas com objetividade raras para um garoto.

Dali em diante, tudo passou muito rápido na vida daquele moleque. Neymar foi tratado como “joia rara” na Vila Belmiro, a ser lapidada para brilhar num curto período. Aos 17 anos, estreou no time principal do Santos e logo passou a ser considerado o maior craque a vestir a camisa do clube. Depois de Pelé, evidentemente. Mas passou a perna em jogadores bons de bola, como Diego e Robinho.

Em nível nacional, Neymar surgiu em um momento que o Brasil começava a viver vácuo de craques. Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká já começavam a encarar a parte final da estrada e a nova safra se mostrava pouco promissora quando se tratava de foras de série.

Assim, em pouco tempo, Neymar se tornou o melhor do País. Seu talento não foi suficiente para Dunga levá-lo à Copa na África do Sul, mas pouco depois, ainda em 2010, ele dava início à sua trajetória na seleção principal.

Nesses quase oito anos, fez 83 jogos e marcou 53 gols – já é o quinto maior artilheiro do time, além de ter dois títulos: Copa das Confederações de 2013 e o inédito ouro olímpico nos Jogos do Rio- 2016, garantido com pênalti cobrado por ele na final com a Alemanha.

Neymar teve passagem marcante pelo Barcelona até se tornar, no ano passado, protagonista do maior negócio do futebol quando o PSG pagou R$ 820 milhões para levá-lo à França. Lá, Neymar é praticamente o dono do time.

Até onde se sabe, ele é querido por aquilo que faz dentro de campo no PSG e por seu jeito alegre e divertido fora dele. Seus companheiros não veem no brasileiro o sujeito marrento e até excêntrico que os críticos enxergam, mesmo após confusão com o uruguaio Cavani. Neymar dá de ombros aos críticos. Procura concentrar-se no objetivo de levar a seleção ao hexacampeonato, para fazer a alegria da torcida, realizar um sonho de criança e habilitar-se de vez ao título de melhor do mundo.

Velocidade
8.5
Habilidade
9.5
Cabeçada
7.5
Finalização
9
Drible
9.5
Carl Recine/Reuters

Thomas Muller Alemanha flag

A máquina de gols da seleção alemã

Por Wilson Baldini Jr.

Versátil, habilidoso e eficiente. Quando se fala em futebol moderno o nome do alemão Thomas Müller sempre é citado. Aos 28 anos, o meia ou segundo atacante ou centroavante e ainda ponta-esquerda desembarca em campos russos como o maior artilheiro em atividade a disputar Copas. Ele é autor de dez gols em duas edições (2010 e 2014). Fez cinco gols em cada uma.

Seus últimos quatro anos não foram tão bons quanto os de preparação para o Mundial do Brasil no ciclo passado, quando formou um trio arrasador ao lado do francês Franck Ribéry e do holandês Arjen Robben no Bayern de Munique, que chegou ao título europeu de 2012-2013, com direito a eliminações de adversários importantes como Arsenal, Juventus e Barcelona antes de bater o rival Borussia Dortmund na decisão.

Será a primeira Copa do menino nascido em bairro periférico da zona norte de São Paulo, que teve ascensão meteórica na carreira. Pouco antes de completar 18 anos, estreou no time principal do Palmeiras, amparado na enxurrada de gols que fazia na base. Antes dos 20 já estava no City, que desembolsou sem pestanejar € 32 milhões (R$ 123 milhões de hoje) por ele a pedido de Guardiola.

Para muitos críticos, porém, Müller está em alta. Com contrato renovado com o Bayern até 2021, clube que defende desde os 11 anos, a experiência do jogador, campeão no Brasil, com direito a participação no histórico 7 a 1 do Mineirão, é de suma importância ao time de Joachim Löw na busca do pentacampeonato. “É difícil para qualquer adversário saber o que ele vai fazer. Thomaz corre para todos os lados e está sempre buscando o gol”, disse o orgulhoso Löw.

Müller não é de dribles mirabolantes ou jogadas de efeito. Basta ver como foram feitos seus gols nas Copas. Jogadas rápidas, inteligência, frieza e simplicidade. Uma cabeçada no meio da zaga rival, um rebote do goleiro, uma complementação após contra-ataque, toque colocado fora do alcance do goleiro ou até mesmo um pênalti bem cobrado. Assim são os gols do alemão na maioria das vezes.

Além de mais um título com a Alemanha, seleção na qual soma 38 gols em 90 jogos, Müller pode se tornar o maior artilheiro dos Mundiais. A equipe alemã tem a tradição de sempre apresentar grandes goleadores em competições internacionais. Müller está atrás do compatriota Klose (16 gols), do brasileiro Ronaldo (15), do alemão Gerd Muller (14), do francês Just Fontaine (13), de Pelé (12), do húngaro Kocsis, do alemão Jurgen Klinsmann (ambos com 11), além de dividir a lista com dez gols com Rahn (Alemanha), Lineker (Inglaterra), Batistuta (Argentina), Cubillas (Peru) e Lato (Polônia). Mas só ele ainda joga.

“Ele tem todas as condições de entrar para a história na Rússia. Ele tem no mínimo mais duas edições de Copas. Já pode me superar neste Mundial”, diz Klose.

Ele está animado. “Sempre entro nas partidas em busca de ajudar o time com gols, mas o mais importante é a conquista dos títulos. É disso que vamos atrás na Rússia”, afirmou o jogador. Os adversários da Alemanha que se cuidem!

Velocidade
8.5
Habilidade
8.5
Cabeçada
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Finalização
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Mariana Bazo/Reuters

Christian Cueva Peru flag

Baixinho atrevido comanda Peru

Meia se destaca pela habilidade e dribles

Por Wilson Baldini Jr.

Consta que o primeiro título conquistado por Christian Cueva como jogador profissional não foi pelo clube que defendia. Corria o ano de 2008 e o peruano, que mal chegara aos 17 de idade, portanto, um garoto ainda, atuava pelo Universidad San Martín, da capital Lima. Após um jogo, ele decidiu visitar a família em sua cidade natal, Trujillo, e participar de um tradicional e pitoresco “torneio do boi”. Não avisou ao técnico do San Martín do compromisso particular e contou à família que estava de folga no clube – quando na verdade deveria estar treinando.

Um craque em processo de lapidação. A definição é de alguém que é ao mesmo tempo professor, fã e anjo da guarda do garoto de 20 anos: Pep Guardiola. Dono de talento incomum, o atacante do Manchester City é o principal jogador surgido no futebol brasileiro desde Neymar. Ainda tem muito a aprender e a fazer em campo. Já deu mostras, porém, de ter competência para se tornar um dos grandes nomes do Mundial da Rússia em 2018.

No fim, ajudou a equipe do bairro a ganhar o boizinho, mas levou um gancho do primeiro treinador.

A escapadinha para disputar o torneio de bairro demonstra o apreço de Cueva pela família. A ligação é muito forte e vem do berço. De origem humilde, o meia do São Paulo sempre se importou muito com os pais, Luis Cueva e Maqui Bravo, duas pessoas que o incentivaram no futebol desde cedo. O jogador é casado com Pamela López Solorzano e tem uma filha, Brianna, com quem frequentemente aparece em vídeos nas redes sociais – um hábito diferente que caiu no gosto do jogador.

Mas é a inconstância que parece ser uma de suas marcas na vida, seja dentro de campo ou fora dele. O jogador do clube do Morumbi é habilidoso como poucos, tem bom drible e é do tipo vertical, que gosta de ir à área tentar o gol ou deixar os companheiros em condições para marcar. O problema é que, às vezes, o peruano desliga – ou decide que é hora de tentar algo diferente.

Cueva chegou ao futebol profissional em 2007. Aos 16 anos, ele vestiu o uniforme do pequeno Huamachuco para um amistoso contra os reservas do Universidad San Martín. Jogou um tempo em cada equipe, agradou ao técnico do então campeão peruano e conseguiu seu primeiro contrato.

Desde então, o meia de futebol irreverente e estatura baixa (1,69 m) oscila. Além de times no Peru, passou pelo futebol chileno, espanhol e mexicano antes de chegar ao Brasil. Colecionou polêmicas e atos de indisciplina, mas no fim sempre se acerta. É bom de conversa e seu futebol fala mais alto.

É com a camisa da seleção que Cueva realmente se destaca. Usa a 10 do Peru, que terá na Rússia jogos contra França, Dinamarca e Austrália. Ele um jogador que arrisca muito e que gosta de partir para cima dos rivais. Compensa o biotipo franzino para o enfrentamento corpo a corpo com habilidade no drible. Seu lado preferido no campo é o esquerdo, mas o meia gosta de conduzir a bola para o corredor central e arriscar chutes a gol – Cueva é destro.

Pelo Peru, marcou oito gols em 44 jogos. O último deles recentemente, em amistoso com a Escócia. Entre os peruanos, tem status de ídolo. Junto com Guerrero, é a esperança de seu país para que a seleção faça bonito em seu retorno a uma Copa 36 anos após sua última participação.

Velocidade
7.5
Habilidade
8
Cabeçada
6
Finalização
7.5
Drible
8
Eric Vidal/Reuters

Kevin de Bruyne Bélgica flag

'Garçom' belga é discreto e calado

Jogador é especialista em dar assistências

Por Ciro Campos

Kevin de Bruyne não é o rosto mais utilizado em comerciais, a estrela mais procurada pelos torcedores ou o candidato a artilheiro de competições. O prazer desse meia belga de 26 anos está em dar assistência para os companheiros, cuidar do filho de dois anos e não se exibir em carros de luxo ou marcas caras de roupa. Apenas quando se trata de objetivos o jogador do Manchester City não é humilde. Seu sonho é a inédita conquista da Copa para o seu país.

Campeão inglês na última temporada, De Bruyne é especialista em deixar os companheiros em boa situação para marcar. Foram 16 assistências, a maior quantidade do torneio, ao longo de 37 partidas. Apenas em uma rodada o belga não atuou.

Será a primeira Copa do menino nascido em bairro periférico da zona norte de São Paulo, que teve ascensão meteórica na carreira. Pouco antes de completar 18 anos, estreou no time principal do Palmeiras, amparado na enxurrada de gols que fazia na base. Antes dos 20 já estava no City, que desembolsou sem pestanejar € 32 milhões (R$ 123 milhões de hoje) por ele a pedido de Guardiola.

Fama e badalação não combinam com De Bruyne. O atleta se acostumou desde cedo a se dedicar à carreira e compreender que era preciso se esforçar muito para ter sucesso. Por isso, com oito anos ele criticou o seu então técnico, reclamando que as sessões de treino eram monótonas. Aos 14, pediu autorização à família para se mudar de cidade.

O talento de quem tem visão de jogo, espírito coletivo e preparo físico logo despertaria o interesse de grandes da Europa. Por isso, o Chelsea procurou o Genk e fechou a contratação do belga. De Bruyne se sentiu orgulhoso, arrumou as malas. Ao chegar a Londres ouviu do clube a promessa de que seria mais utilizado no futuro.

O meia aceitou a perspectiva e acabou emprestado para o Werder Bremen, da Alemanha, onde foi duas vezes campeão. Quando voltou ao Chelsea, ele teve de superar uma grande decepção. Foram somente três jogos pelo time e um descontentamento com o técnico recém-contratado José Mourinho. De Bruyne disse só ter conversado com o português duas vezes na vida, ficou irritado com a situação e resolveu ser tão teimoso quanto havia sido na época de criança, na ocasião em que brigou com seu treinador. O belga reclamou, foi para o Wolfsburg, da Alemanha, onde brilharia por um ano e meio.

O Manchester City, de Pep Guardiola, resolveu então investir cerca de R$ 275 milhões no jogador em 2015. Valorizado no mercado, ele decidiu pela primeira vez na carreira comprar um carro e abrir o empreendimento paralelo de ter uma marca própria de roupas.

Conhecido pelas poucas palavras, mesmo no momento de maior irritação na vida ele não quis abrir a boca. Em 2014, De Bruyne soube que a então namorada havia lhe traído com o colega de seleção, o goleiro Courtois. O meia não quis saber de diálogo e brigou com o companheiro. Os dois logo fizeram as pazes.

O entrevero não interfere no ambiente da seleção belga. A equipe vai para a Rússia determinada a um bom resultado e confiante na grande fase de um meia discreto e que prefere dar um passe a fazer gols.

Velocidade
8
Habilidade
8.5
Cabeçada
7
Finalização
8.5
Drible
8.5

Mohamed Salah Egito flag

Salah faz o mundo olhar para o Egito

Atacante do Liverpool vive excelente fase

Por Daniel Batista

Talvez nenhuma seleção dentre as 32 que vão para a Copa do Mundo seja tão dependente de um jogador quanto o Egito. Mohamed Salah é mais que um craque em sua terra natal. Ele é o responsável por colocar o nome do país de volta ao cenário esportivo mundial, um exemplo para seu povo e um dos melhores atletas do mundo. Até votado para ser presidente do Egito ele já foi. Mesmo sem se candidatar, claro. O curioso é que Mo Salah foi descoberto após uma das maiores tragédias da história do futebol.

Desde criança, ele sonhava ser jogador, algo inimaginável para quem vivia em um país em que o investimento no esporte é baixo. Mas o egípcio não aceitou sua condição e, aos 14 anos, conseguiu um contrato no Al Mokawloon, clube do Cairo, que ficava há quatro horas e meia de Nagrig, onde morava. Eram nove horas de viagem nos cinco dias da semana.

No dia 1.º de fevereiro de 2012, uma tragédia abalou o Egito, mas serviu para o mundo descobrir Salah. Uma briga generalizada no estádio Port Said, durante a partida entre Al Masry e Al Ahly, causou a morte de 74 pessoas e suspendeu os campeonatos locais por dois anos. O Basel, da Suíça, já estava de olho naquele menino de cabelos encaracolados que se destacava pela velocidade e facilidade para fazer gols. Aproveitou a paralisação do futebol no país das pirâmides para marcar um amistoso contra a seleção sub-23 do Egito. A ideia era vê-lo em campo de perto.

“Eu nunca tinha visto um jogador com tanta velocidade. Jamais vou esquecer de sua apresentação”, disse o presidente do Basel na época, Bernhard Heusler, em entrevista ao site britânico Sky Sports. Com 20 anos, Salah foi contratado então pelo clube suíço e deu início à sua carreira em terras europeias.

Em sua primeira temporada, foram 79 jogos e 20 gols, o suficiente para o Chelsea comprá-lo. Mas Salah não se deu bem. O técnico José Mourinho não gostava de seu futebol. Por isso, o trocou por Cuadrado, que estava na Fiorentina. No clube italiano, o egípcio voltou a se destacar: fez nove gols em 26 partidas. Foi parar na Roma, onde marcou outros 34 gols em 83 jogos.

Enquanto tentava se encaixar entre os astros da bola, Salah já era protagonista e carregava sua seleção nas costas em busca da classificação para o Mundial na Rússia. Em junho do ano passado, chegou ao Liverpool e entrou de vez para o hall dos grandes do futebol. Foi eleito o craque do Campeonato Inglês e é uma das esperanças do Liverpool contra o Real Madrid na decisão da Liga dos Campeões, dia 26. Na Copa, sonha surpreender o mundo e os rivais do Egito: Rússia, Uruguai e Arábia Saudita.

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9
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Jon Nazca/Reuters

Andrés Iniesta Espanha flag

Último ato do ídolo de uma geração

Por Matheus Lara

Aos 34 anos, cabelos brancos e ralos, o autor do gol que deu à Espanha seu primeiro título mundial, em 2010, se prepara para se despedir dos gramados. Andrés Iniesta não ganhou status de ídolo à toa. Primeiro, do Barcelona, onde passou 22 anos e foi peça essencial em 32 títulos. Mas também do time nacional, agora comandado por Julen Lopetegui. O gol no segundo tempo da prorrogação diante da Holanda na África do Sul consolidou o melhor momento da “Fúria”, que, renovada, tenta voltar ao topo.

Identificado com o “tiki-taka” que marcou sua geração, Iniesta é a maior aposta para jogadas de criatividade e velocidade no meio de campo espanhol. Passes curtos e rápidos, valorização da posse de bola e hábil em sua proteção, o meia costuma ser a referência da equipe para articular jogadas ofensivas. O peso de ser uma referência ganha relevância ainda maior no contexto da despedida.

“Possivelmente será minha última aparição com a seleção”, afirmou Iniesta recentemente. Na Espanha, já estão sendo preparadas festas de despedida para o jogador. “Não quero estar (em campo) só por estar, não tenho a necessidade de estar nos lugares só por estar”, diz. No mês passado, o jogador tornou pública sua decisão de deixar o clube catalão após 16 anos. “Deixar o Barcelona foi uma decisão muito pensada. Sei o que significa jogar nesse time, ser capitão dele. Mas sendo honesto comigo e com o clube, entendo que minha etapa acaba neste ano, por sempre entender que esse clube merece o melhor de mim. E que no futuro não poderia dar o melhor.”

Além de Iniesta, somente Gerard Piqué, Busquets e Sergio Ramos estarão na Rússia entre os campeões do mundo de 2010. Ou seja, será uma equipe renovada, e que mostrará em campo uma mistura de experiência com juventude. Iniesta sabe que será uma dessas referências para atletas como Koke, Isco e Asensio no desafio de tentar chegar ao topo do mundo pela segunda vez na história.

A confiança é grande, como demonstra o treinador espanhol. Sobretudo por ter Iniesta no elenco. “Ele ganhou fãs em cada estádio em que atuou”, afirmou Lopetegui. “Teve uma grande temporada, como a anterior e antes, pois sempre jogou em seu mais alto nível. Estamos felizes que Iniesta ainda possa estar jogando assim e bastante animados para o Mundial.”

O primeiro desafio da seleção espanhola na Rússia será fazer seu torcedor esquecer o fracasso no último Mundial, no Brasil, quando o time foi eliminado ainda na fase de grupos, depois de perder para Holanda e Chile, que avançaram. O caminho no país dos czares começa árduo. Já na estreia da primeira fase, a Espanha enfrenta a seleção de Portugal, de Cristiano Ronaldo, para depois jogar contra o Irã e então enfrentar Marrocos.

Velocidade
8
Habilidade
8.5
Cabeçada
6.5
Finalização
7
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8
Charles Platiau/Reuters

Antoine Griezmann França flag

França aos pés do Pequeno Diabo

Atacante é a referência ofensiva dos ‘Azuis’

Por Raphael Ramos

As chances de a França conquistar o bicampeonato mundial na Rússia passam necessariamente pelos pés de Antoine Griezmann, de 27 anos. Líder da renovada e talentosa geração francesa que tem colecionado bons resultados nos últimos anos e alçou a seleção à lista de favoritos ao título, o atacante foi eleito terceiro melhor do mundo em 2016 – atrás somente de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi – e, mesmo com altos e baixos, é o principal jogador da equipe.

Griezmann sintetiza todas as características que um atacante moderno precisa ter: velocidade, habilidade e finalização precisa. A letalidade de Griezmann na área o fez ganhar o apelido de Le Petit Diable (O Pequeno Diabo). De fato, ele costuma infernizar seus marcadores. Griezmann é um jogador inquieto, que não guarda posição no campo. Versátil, pode atuar tanto como centroavante ou pelas beiradas do gramado sem perder o poder de fogo.

Foi sob o seu comando que a França esteve muito perto de conquistar a Eurocopa de 2016. Jogando em casa, com o apoio da torcida, a equipe chegou à grande decisão, quando acabou derrotada por Portugal, de Cristiano Ronaldo, na prorrogação. Mesmo com o segundo lugar, o atacante foi artilheiro (seis gols) e eleito o melhor jogador do torneio pela Uefa.

Chama a atenção a ascensão de Griezmann na seleção francesa. Até a Copa de 2014, ele era apenas coadjuvante, que teve a dura missão de substituir o astro Franck Ribéry, cortado em cima da hora por lesão. Após enfileirar boas atuações, ele virou protagonista e ponto de referência da equipe. Mesmo com jogadores do quilate de Pogba, Dembele e Mbappé, é Griezmann que os demais procuram quando estão com a bola. Canhoto habilidoso, o atacante lourinho é um jogador muito difícil de ser marcado. Com ótima visão de jogo, é elogiado por sua capacidade de interpretar o adversário e ocupar os espaços vazios do campo. Por isso, virou figura central do time de Deschamps.

O curioso é que a história de Griezmann na seleção sofreu um longo hiato que poderia ter comprometido a sua carreira. Em 2012, ele foi suspenso pela Federação Francesa após uma saída noturna da concentração não autorizada antes de jogo decisivo do time sub-20. Como punição, o atacante ficou fora de todas as equipes nacionais no período de novembro de 2012 a dezembro de 2013. Com isso, fez a sua estreia na seleção principal somente em março de 2014, às vésperas da Copa no Brasil. E não saiu mais da equipe.

Hoje, Griezmann é alvo de disputa de Real Madrid, Manchester United e Chelsea, que querem tirar o jogador do Atlético de Madrid já na próxima janela de transferências. Especula-se que o negócio, se concretizado, não sairá por menos de 100 milhões de euros (R$ 421 milhões), mais do que o triplo do que o Atlético pagou em 2014 na negociação com o Real Sociedad.

Velocidade
9
Habilidade
8.5
Cabeçada
7.5
Finalização
9
Drible
8.5
Andres Stapff/Reuters

Luis Suárez Uruguai flag

Um caso de amor rebelde com a bola

Entre polêmicas e gols, atacante brilha

Por Paulo Favero

A esperança do Uruguai para voltar a brilhar em uma Copa do Mundo chama-se Luis Alberto Suárez. Mais brilhante jogador da Celeste, o atacante tem faro apurado de artilheiro e, inspirado, pode ajudar sua seleção a chegar longe no torneio que será disputado na Rússia. Nas últimas temporadas, ele tem tido uma excelente média de gols e boa participação nas assistências, seja no Barcelona, seu clube na Espanha, ou na seleção comandada pelo técnico Oscar Tabárez.

Aos 31 anos, Suárez parece que tem conseguido domar sua rebeldia em campo. Ele já se envolveu em diversas polêmicas. Quando estava no Liverpool, foi acusado de racismo pelo francês Patrice Evra e acabou punido com uma suspensão de oito partidas e multa de 40 mil libras (R$ 190,7 mil). O jogador explicou que chamou o adversário de “negro”, mas não de forma preconceituosa.

Ele relatou esse episódio em sua biografia Crossing the Line e jura que tudo foi um problema de tradução. “Não sou racista. Estou triste e chateado, e sei que isso vai me acompanhar para sempre. Não usei a palavra ‘negro’ no mesmo sentido que existe no inglês. Obviamente, não pretendia ser simpático ao Evra, mas não quis ofendê-lo de maneira racista. Em espanhol o sentido é diferente. Minha mulher me chama de ‘negro’ e minha avó chamava de ‘negrito’ meu avô”, disse.

Outro episódio emblemático em sua carreira ocorreu na Copa de 2014, no Brasil. No duelo do Uruguai com a Itália, as câmeras de televisão flagraram o atleta dando uma mordida no ombro do zagueiro Giorgio Chiellini. Foi julgado pelo Comitê Disciplinar da Fifa e punido com gancho de nove jogos, além de ser suspenso do futebol por longos quatro meses. Além disso, teve de pagar multa no valor de 100 mil francos suíços (cerca de RS 349 mil).

Essas turbulências na trajetória do atacante podem ter origem em sua infância de dificuldades, segundo contou sua avó em entrevistas durante a última Copa do Mundo. Quando tinha 9 anos, seus pais se separaram e a situação financeira apertou. Ele começou a ajudar trabalhando nas ruas, varrendo calçadas ou fazendo outros bicos. Esse passado de dificuldade faz com que a paixão do torcedor uruguaio por ele seja maior. Por isso que a cada deslize, é rapidamente perdoado em seu país.

Suárez nasceu em Salta, mas se mudou para Montevidéu ainda criança e foi nas ruas da capital uruguaia que ele desenvolveu seu futebol. A evolução foi ainda maior quando o amor da sua vida, Sofia Balbi, se mudou para a Europa com a família. Apaixonado, o garoto de então 16 anos fez a promessa para a menina de 14 que apostaria no futebol para jogar na Europa, e reencontrá-la. Poucos anos depois, ele foi contratado pelo Groningen, da Holanda. Na temporada seguinte, já ganhava fama no Ajax. Eles se casaram em 2009 e têm dois filhos, Delfine e Benjamin. E constroem juntos essa história de amor.

Velocidade
8.5
Habilidade
8
Cabeçada
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9
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8.5
Paul Hanna/Reuters

James Rodríguez Colômbia flag

A maior esperança dos colombianos

Como em 2014, meia vai liderar a equipe

Por Daniel Batista

A Colômbia não tem um meia tão técnico e motivo de orgulho da nação desde a aposentadoria de Carlos Valderrama. James Rodríguez é o maestro de uma equipe que conseguiu fazer com que o futebol do país voltasse a ser respeitado. A Copa de 2014 foi uma mostra e, para a Rússia, o desafio é chegar ainda mais longe.

Sem poder contar com o parceiro Radamel Falcão, que se machucou às vésperas da Copa no Brasil, James Rodríguez comandou a Colômbia na campanha que acabou nas quartas do Mundial, após cair diante do Brasil, por 2 a 1. Ele marcou o gol de honra. Nas oitavas, eliminou o Uruguai com vitória por 2 a 0, com dois gols do meia. James ainda acabou a competição como artilheiro, com seis gols. Números que comprovam a sua importância.

“James tem força e é um atleta motivado. Temos de apoiá-lo, pois temos um grande jogador e o vejo como meu sucessor”, disse o ídolo colombiano Valderrama.

Assumir o protagonismo de um time se tornou uma rotina para James, que só viu seu estrelato perder o brilho quando passou pelo Real Madrid, onde sucumbiu diante de Cristiano Ronaldo, entre outros. Ele começou a carreira no colombiano Envigado e com apenas 15 anos já fazia parte da seleção colombiana sub-17. Com 17, foi para o Banfield, da Argentina, onde começou a chamar a atenção dos grandes clubes da Europa.

No clube argentino, James atingiu uma marca que ainda não foi batida. Ainda com 17 anos, marcou um gol contra o Godoy Cruz e se tornou o estrangeiro mais novo a balançar as redes no Campeonato Argentino.

Em 2010, foi negociado com o Porto, onde viveu seus melhores momentos no futebol europeu. Conquistou oito taças, entre elas a Liga Europa de 2011. O sucesso fez com que o Monaco resolvesse investir pesado e por ¤ 45 milhões (R$ 190, 3 milhões) o contratou em 2013, na segunda transferência mais cara do País, na época.

No clubes francês, fez dez gols em 38 jogos e com a lesão de Falcao Garcia se tornou a grande esperança da Colômbia na Copa no Brasil. O desempenho no Mundial foi tão bom, que ele realizou o sonho de muitos jogadores e conseguiu um contrato no Real Madrid.

Mas a euforia deu lugar a frustração. No clube espanhol, passou a maior parte do período no banco de reservas e se tornou apenas mais um, em meio a tantos craques. Assim, precisou deixar a equipe merengue para reencontrar a alegria e o bom futebol.

Em maio de 2017, chegou ao Bayern de Munique e voltou a ser protagonista. “Faz tempo que não vejo um camisa 10 como James Rodríguez. Um jogador com tanta gana e vontade. É um garoto que aproveita bem as oportunidades”, comentou Freddy Rincón. Na Rússia, James terá a chance de mostrar ao mundo que sua técnica pode levar a Colômbia a voos mais altos

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8
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8
Cabeçada
6
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8.5
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7.5
Nacho Doce/Reuters

Philippe Coutinho Brasil flag

A maior chance do menino prodígio

Copa pode confirmar meia como astro da bola

Por Almir Leite

Philippe Coutinho chegou ao Vasco ainda criança, tinha oito para nove anos. Começou no futsal, e logo foi considerado um prodígio. Demonstrava técnica e habilidade espantosas para alguém de sua idade. Migrou para o futebol de campo, continuou se destacando e, aos 16 anos, antes de se profissionalizar, foi adquirido pela Inter de Milão. Era menor de idade, não pôde ir imediatamente para a Itália e assim teve de esperar. Em 2009, chegou ao time de cima do Vasco, levado pelo então técnico Renato Gaúcho. Naquela altura, já era “veterano” de seleções de base, que frequentava desde o sub-14. E, entre os que viam o garoto jogar, a opinião

era quase unânime: um dia Philipinho, como é chamado na família, se destacaria na seleção principal.

O tempo passou, Coutinho foi para a Europa, teve passagens não muito positivas por Internazionale e Espanyol – há quem diga que sua timidez atrapalhou – e em 2013 chegou ao Liverpool. Demorou, mas começou a fazer sucesso na Inglaterra. Trocara a inibição que o “travava’’ em campo por passes, dribles, chutes venenosos e futebol objetivo.

Faltava vingar na seleção brasileira. Com Dunga, ele chegou a fazer três gols num 7 a 1 sobre o Haiti na Copa América Centenário, em 2016. Mas vivia de lampejos com a camisa amarela. Não era aquele meia-atacante que se impunha. Faltava alguma coisa. Até que Tite chegou e mudou sua vida.

Philippe Coutinho se “apresentou’’ a ele logo na estreia do técnico, saindo do banco para mudar o jogo contra o Equador, vencido pelo Brasil por 3 a 0 na alturas de Quito. A partir de então, Coutinho assumiu seu lugar na seleção. Atuando pela direita, pela esquerda, mais nas beiradas e centralizado, tornou-se uma das principais figuras da equipe de Tite. O treinador o considera um jogador completo.

“Ele tem todas as características importantes de um jogador. Passe, competitividade, finalização de média distância, assistência, rapidez de raciocínio e execução das jogadas’’, pontua. “Tem capacidade de criar algo diferente e, além disso, adquiriu maturidade.’’

Aos 25 anos, com a responsabilidade de quem custou ¤ 160 milhões ao Barcelona (R$ 662 milhões hoje), Coutinho anseia pela primeira Copa. Pretende ser protagonista. E não faz por menos. “Quero representar meu País e um dia estar entre os melhores do mundo. Este é o sonho de todo jogador. Pra mim não é diferente. Quero chegar preparado e fazer um grande Mundial.’’

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8
Habilidade
9.5
Cabeçada
6
Finalização
8.5
Drible
8
Hannah McKay/Reuters

Mesut Özil Alemanha flag

O mágico do meio de campo alemão

Canhoto tem a precisão de um taco de bilhar

Por Wilson Baldini Jr.

Aperna esquerda tem a precisão de um taco de bilhar ao efetuar os passes, sempre feitos em ângulos diferentes que buscam espaços inéditos dentro de campo. Esta é a principal característica de Mesut Özil, o mágico do meio de campo da seleção da Alemanha.

Titular do time de Joachim Löw desde 2009, Özil esbanja domínio de bola na canhotinha, que usa com maestria para acelerar as jogadas de ataque. Rápido, sempre chega perigosamente na área adversária e gosta de colocar seus companheiros em condição de finalizar. A marcação dura não o intimida e seus arranques são difíceis de ser parados pela zaga.

Tímido e de poucas palavras, Özil destaca o relacionamento com o técnico português José Mourinho, com quem trabalhou no Real Madrid, como um marco em sua carreira.

“Eu o considero (Mourinho) um pai no futebol”, admitiu o jogador alemão. Mas os dois tiveram um início de parceria bem conturbado.

Depois de um jogo, Mourinho disse que Özil era “fraco demais” para encarar divididas. “Você acha que basta dar um ou outro passe bom. Você é fraco demais para lutar por bolas divididas no meio de campo. Você se sente tão bom que acha que é suficiente dar 50% apenas”, provocou o técnico português na ocasião.

Özil se revoltou e teria jogado a camisa no chão do vestiário. “Que diabos você quer”, teria rebatido. O treinador continuou. “Sabe, Mesut? Você é um covarde. Por que você não começa a chorar? Você é um bebê chorão, vá para o banho. Não precisamos de você.”

Mourinho bateu duro no alemão, mas, passado o tempo, Özil agradece a crítica. “Depois entendi por que Mourinho se comportou assim. No fundo, era fácil de entender, ele queria que eu desse tudo de mim, que saísse da minha zona de conforto, queria me impulsionar dessa maneira para que minha evolução não parasse nunca”, escreveu em seu livro, que leva seu nome.

“Em sentido estrito, Mourinho tinha razão. Quando cheguei a Madri tendia a acreditar que bastava um pouco de jogo bonito e a me dar por satisfeito muito rapidamente. Ele me tirou essa atitude e mais tarde agradeci a ele.”

Sob o comando do português, Özil ganhou o Espanhol, a Copa do Rei e a Supercopa da Espanha. Atualmente, no Arsenal, da Inglaterra, ele mantém o nível de atuações a ponto de ter seu lugar garantido por Löw para a disputa de sua terceira Copa do Mundo.

O meia é filho de turcos. Sofreu muito com o racismo no início de carreira e com o medo de ratos na infância. Hoje, ele mostra otimismo com a Alemanha na disputa da Rússia – o time perdeu amistoso para o Brasil por 1 a 0 na terça. “Temos um grupo eclético. Jogadores experientes, que já foram campeões mundiais, e um grupo jovem que mostra um preparo físico, técnico e tático muito bom”, comentou Özil. Para o jogador, a Alemanha vem forte em busca de sua quinta estrela mundial.

Velocidade
8
Habilidade
8.5
Cabeçada
6.5
Finalização
8
Drible
7.5
Vincent West/Reuters

Sérgio Ramos África do Sul flag

Experiência para reencontrar o topo

Zagueiro vai em busca da segunda conquista

Por Matheus Lara

Sergio Ramos é um dos poucos remanescentes do time campeão mundial na África do Sul, em 2010, e vai fazer valer sua experiência para tentar colocar a Espanha de novo no topo do mundo. Na Rússia, ele estará em campo junto com atletas de uma nova geração que, depois do fiasco na Copa de 2014 – a seleção não passou da fase de grupos –, tenta retomar a velha “fúria” espanhola.

Num time renovado, o principal trunfo do zagueiro que atua no Real Madrid será a experiência. Com Piqué e Iniesta, que também levantaram a taça do Mundial, o capitão quer mostrar para jovens como Isco, Koke, Carvajal e Asensio que a força coletiva da equipe espanhola de Julen Lopetegui pode superar o favoritismo de times com mais tradição em Copas ou com mais talentos individuais, como o Brasil e a Argentina.

Ramos não pensa em parar tão cedo. Aos 31 anos, evitar considerar a possibilidade de que esta seja sua última Copa. “Sempre penso no dia a dia, tento desfrutar de cada momento que este magnífico esporte me presenteia. Então, não acho que possa ser este o meu último Mundial, muito pelo contrário”, afirmou o atleta, recentemente. “Enquanto minha ambição e vontade permitirem, tentarei prolongar o máximo possível, porque sou feliz há muitos anos neste esporte. Se puder prolongar essa felicidade, por que não fazê-lo?”

A confiança de Sergio Ramos está ligada ao fato de ter se encontrado novamente em campo. Depois de conquistar o mundo atuando na lateral direita, voltou a jogar como zagueiro, sua posição de origem, e vem de grandes momentos no Real Madrid, onde conquistou cinco títulos na última temporada –incluindo a Liga dos Campeões da Europa e o Mundial de Clubes sobre o Grêmio.

No time nacional, Ramos pode alcançar uma marca histórica. No empate por 1 a 1 com a Alemanha em amistoso em março, completou 150 jogos pelo time espanhol. O zagueiro está a 17 partidas de alcançar o goleiro Iker Casillas, capitão do título mundial e o atleta que mais atuou pela Espanha na história. “É um momento especial. Tudo passa muito rápido. Mas sigo mantendo o desejo de representar meu país. Não há nada mais bonito. Enquanto consiga manter o espírito ganhador, vou representar sempre que me chamarem. Quero ser o jogador que mais vezes vestiu a camisa da Espanha. Sei que não será fácil.”

O primeiro desafio da Espanha na Copa será contra Portugal, num duelo dos dois últimos campeões da Eurocopa. O clássico ibérico acontece no dia 15 de junho no Fisht Stadium, em Sochi, pela 1.ª rodada do Grupo B, que ainda tem Marrocos e Irã. Para Sergio Ramos, mais uma vez o desafio será parar seu companheiro de equipe no Real, Cristiano Ronaldo. Em sua avaliação, a Espanha não está atrás de nenhuma outra equipe do Mundial na Rússia.

“Acreditamos em nós mesmos e no nosso grupo”, avalia. “Fomos campeões e queremos voltar a ser. Somos uma equipe a ser batida, assim como outras quatro ou cinco do Mundial.”

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8
Habilidade
8
Cabeçada
8.5
Finalização
7
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7
Henry Romero/Reuters

Lionel Messi Argentina flag

O gênio e a taça que ele sonha erguer

Colecionador de recordes persegue a Copa

Por Gonçalo Junior

Todos os craques têm lendas ao redor de si. Diz uma delas que Messi ficou trancado no banheiro antes de uma final infantil. O trinco emperrou. Quando percebeu que o jogo já ia começar, bateu o desespero. Ele quebrou o vidro da janela – não se sabe ao certo com o que – e saiu pelo buraco. No jogo, fez três gols e ergueu sua primeira taça.

Mais de 20 anos depois, Messi está novamente diante de um trinco teimoso. É aquele que permite abrir a porta e alcançar a Copa do Mundo. Ele nunca teve esse gostinho. O jogador eleito cinco vezes o melhor do planeta jamais levantou um troféu pelo seu país. É um asterisco em toda sua trajetória como gênio do futebol.

No Brasil, esteve próximo. Foi demolindo rivais – quase sempre pelo placar mínimo – até a final no Maracanã em 2014. Foi vice-campeão. A fotografia de seu olhar de cobiça e desesperança para o troféu máximo – tão perto e tão longe – nas tribunas do estádio se tornou imagem marcante.

Em 2010, o time era meio bagunçado porque Maradona pensou que seu carisma poderia substituir um esquema tático. Agora, é na Rússia. Aos 30 anos, Messi provavelmente disputará mais um Mundial (o de 2022), mas a ampulheta do seu sonho está nos últimos grãos de areia. O drama do craque argentino está emoldurado pela angústia de uma nação inteira, que não conquista nada no futebol mundial há 25 anos.

O último troféu da Argentina foi o da Copa América de 93, quando o time tinha, por exemplo, Simeone, hoje técnico do Atlético de Madrid. Messi não tem culpa direta nisso. Ou tem. Em poucos momentos, levou à seleção a presença mítica e mística que tem no Barcelona.

Como nas temporadas passadas, Messi está voando. Eliminou o Chelsea com seu 100.º gol na Liga dos Campeões e sobra no Campeonato Espanhol. Hoje, ele realiza com maestria o conselho que Salvador Aparício, primeiro técnico da sua vida, lhe deu ainda na infância: “toca a bola”. Ele é o líder de assistências do torneio, com 15 passes.

Quando era pequeno, pegava a pelota em seu campo e só parava no gol. Até hoje, os dirigentes do River Plate e do Newell’s Old Boys devem lamentar o “não” que deram para custear o tratamento hormonal que Messi precisava fazer para crescer. Eram US$ 1.500 por mês. O Barcelona pagou. Diz a lenda – mais uma – que ele quase desistiu do teste porque teve de aguardar duas semanas até a volta do treinador Carles Rexach de uma viagem. O ano era 2000.

No final do treino, o técnico escreveu em um guardanapo que cuidaria de Messi. Era seu primeiro contrato. Mas o mito começou a ganhar corpo nove anos depois quando Pep Guardiola decidiu abrir mais espaço para “as crianças” – como ele dizia – da base, como Pedro e Busquets. Foi aí que Lionel virou Messi. De lá para cá, os números traçam sua biografia e precisam ser atualizados a cada rodada, não dá para contar numa página, e os prêmios viraram rotina. Mas ainda falta abrir um trinco.

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9.3
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9.3
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Charles Platiau/Reuters

Paul Pogba França flag

O desengonçado que deu certo

Meia de pernas longas superou desconfianças

Por Raphael Ramos

Se, em 2014, quando tinha apenas 21 anos e foi eleito pela Fifa o melhor jogador jovem da Copa do Mundo do Brasil, o meia Paul Pogba era somente um garoto promissor, agora o grandalhão de 1,91 metro já é uma realidade reconhecida internacionalmente pelo seu talento e, por isso, chega ao Mundial da Rússia como uma das principais esperanças da seleção francesa.

O jeitão desengonçado e as pernas longas renderam a Paul Pogba o apelido de “Polvo Paul” pela semelhança com os tentáculos de um molusco. Mas engana-se quem pensa que o biotipo atrapalhe o jogador. Muito pelo contrário. Com passadas largas e corpo esguio, Pogba superou as desconfianças graças à facilidade rara para deixar os adversários para trás e desmontar defesas.

E isso não é algo recente. Em 2013, por exemplo, ele foi campeão e melhor jogador do Mundial Sub-20. Naquele ano, Pogba conquistou seu primeiro título com a Juventus, o Campeonato Italiano, e foi eleito Golden Boy (Menino de Ouro), prêmio entregue ao melhor jogador jovem da Europa.

De temperamento forte e, às vezes até explosivo, o meia aprendeu a controlar a cabeça. Episódios como a cusparada que deu em um adversário durante partida do Campeonato Italiano de 2013 e que lhe rendeu três jogos de suspensão ficaram no passado.

A Copa de 2014 foi o seu grande cartaz para o mundo. Mesmo com oscilações de desempenho, Pogba caiu nas graças da torcida, do técnico Didier Deschamps e dos companheiros. Com a cabeça no lugar, o meia consolidou o seu espaço na seleção francesa e passou a chamar a atenção dos principais clubes do mundo.

Em 2016, Pogba optou por trocar a Juventus pelo Manchester United e foi comprado por € 120 milhões (aproximadamente R$ 480 milhões). Até a transferência de Neymar do Barcelona para o Paris Saint-Germain, no ano passado, ele era o atleta mais caro da história do futebol mundial. E não era por menos. Além do porte físico privilegiado, Pogba sempre se destacou pelas jogadas criativas. É um jogador inventivo não só quando decide pintar o cabelo com cores extravagantes.

Habilidoso, o meia costuma surpreender os adversários ora com dribles inesperados ora com passes precisos. Assim, tornou-se peça importante da engrenagem montada por Deschamps na seleção e um dos principais expoentes da nova geração de jogadores talentosos da França.

Ultimamente, Pogba tem vivido às turras com José Mourinho, técnico do Manchester United. Em algumas partidas chegou a ficar no banco. Isso, no entanto, não diminuiu o prestígio internacional que carrega desde o Mundial Sub-20 de 2013. A lista de clubes interessados no jogador continua extensa, a começar pelo poderoso Real Madrid, disposto a contratá-lo na próxima janela de transferências.

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8
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8.5
Kacper Pempel/Reuters

Robert Lewandowski Polônia flag

O artilheiro do leste europeu

Capitão tenta recuperar prestígio da Polônia

Por Paulo Favero

O campo era de terra, duro, sem qualquer sinal de grama. Para se trocar, em vez de vestiário ele tinha à disposição um barracão sem calefação e com janelas emperradas. Foi nesse cenário, que é comum a muitas outras crianças pelo mundo, que Robert Lewandowski começou a jogar bola, em Varsóvia, aos 9 anos de idade.

O cenário era de uma Polônia que tinha saído do comunismo e estava tentando buscar seu lugar na Europa. O garoto, que nasceu em 21 de agosto de 1988, quando o país ainda fazia parte do Bloco do Leste, cresceu numa família de esportistas e pôde ter contato com diversas modalidades, mas sempre se mostrou mais encantado com a bola nos pés.

Iwona, sua mãe, foi uma jogadora de vôlei que atuou em um nível nacional no país. Já seu pai, Krzystof, foi um judoca, mas também tinha talento no futebol, passando para o garoto sua paixão pelos gols – ele faleceu em 2005, após um acidente vascular cerebral, e não pôde ver seu filhos estrear profissionalmente. “A morte dele foi o momento mais difícil para mim. De repente, eu era o homem da casa e tinha de ser um adulto. A memória do meu pai ainda me conduz”, disse, numa entrevista para o jornal Bild.

Aos 16 anos, tentou a sorte no Delta Varsóvia, uma equipe modesta, mas que revelava atletas para o Legia. Acabou tendo problemas de lesão, foi dispensado, mas em 2006 sua sorte começou a mudar quando assinou um contrato profissional com o Znicz Pruszków. Em duas temporadas, foi artilheiro, melhorou sua média de gols e acabou sendo eleito a revelação.

Então o Lech Poznan, tradicional time da primeira divisão do país, investiu na época 1,5 milhão de zloty (cerca de R$ 1,4 milhão na cotação atual) para contratar o centroavante. O retorno veio em gols e assistências e, ao final da segunda temporada, Lewandowski chamou a atenção do Borussia Dortmund, da Alemanha. Deixou a Polônia como campeão nacional e artilheiro, transferindo-se para o país vizinho.

Com 21 anos, ele já valia 4,5 milhões de euros (R$ 18 milhões), valor pago pelo Borussia na negociação. O acerto foi por quatro temporadas e em 131 partidas ele anotou 74 gols. Nesse período, já era realidade na seleção polonesa e disputou a Eurocopa em 2012, na Polônia e na Áustria, quando a equipe não foi bem e caiu na primeira fase.

Em 2014, Lewandowski já era considerado um dos melhores atacantes do mundo e acertou sua ida para o Bayern de Munique. Ao mesmo tempo, passou a liderar sua seleção e teve boa atuação na Eurocopa de 2016, quando levou a Polônia até as quartas de final, caindo apenas nos pênaltis diante de Portugal, que depois seria campeã.

Em ótima forma, ele será o capitão da Polônia na Rússia, quando terá a tarefa de recuperar o prestígio de uma seleção que já brilhou em Copas quando tinha Lato em 1974 e Boniek em 82.

Velocidade
8
Habilidade
7
Cabeçada
9
Finalização
9
Drible
8
Dylan Martinez/Reuters

Harry Kane Inglaterra flag

É bom não duvidar desse inglês

Em grande fase, inspiração vem de Tom Brady

Por Glauco de Pierri

Um dos atacantes mais cobiçados do mundo, o inglês Harry Kane mudou de patamar nas últimas temporadas. Hoje com 24 anos, o astro do Tottenham acumula gols e recordes e é, de longe, a principal arma da Inglaterra no Mundial da Rússia. Mas nem sempre foi assim – Kane amargou vários momentos de incertezas até se firmar como titular de sua seleção.

Assim como quase todos os garotos ingleses, o atacante de 1,88m e exímio cabeceador passou a infância sonhando em se tornar jogador profissional de futebol. Nascido em Londres e torcedor do Tottenham quando criança, foi dispensado pelo Arsenal, justamente o maior rival dos Spurs, quando tinha apenas oito anos de idade, e contou com o apoio do pai para não deixar a frustração lhe arrancar a vontade de vencer.

Ele jogava no clube de seu bairro, o Ridgeway Rovers – que fica na região nordeste de Londres e onde o astro David Beckham deu seus primeiros chutes antes de completar dez anos –, quando um olheiro o levou para o Watford. Tinha 11 anos. Pouco depois já estava no Tottenham, onde percorreu todas as categorias de base, dos 12 aos 18 anos.

Profissionalizado, começou uma saga de empréstimos que o manteve longe de seu sonho: disputar um jogo da Premier League pelo time do coração. Leyton, Millwall, Norwich e, por fim, o Leicester, em 2013, foram os clubes em que atuou. Nessa época, torcedores o achavam “desengonçado” em campo.

Foi no Leicester que Kane passou a acompanhar de perto os jogos da NFL, especialmente as partidas e vídeos do New England Patriots, do astro Tom Brady. Foi aí que ele encontrou um documentário sobre a carreira do quarterback e de sua história de superação para brilhar no esporte da bola oval.

“Tom Brady foi a 199.ª escolha na sua turma de Draft no ano 2000. Imagine isso! Isso explodiu em minha mente, mas de uma forma positiva. Todos duvidaram de Tom durante toda a sua carreira. Foi inspirador para mim. Brady continuou trabalhando duro, obsessivamente, acreditou nele mesmo e se tornou um atleta melhor. Foi aí que eu disse para mim mesmo: ‘Quer saber? Eu vou fazer a mesma coisa. Eu vou trabalhar o mais duro possível e minha chance vai aparecer e eu vou agarrá-la’. E foi o que eu fiz”, contou o atacante ao site The Players Tribune.

Titular incontestável da seleção inglesa do técnico Gareth Southgate, Kane bateu uma série de recordes nos últimos meses. Em 2017, marcou 56 gols e terminou a temporada como o principal goleador da Europa – o atacante ainda superou a marca de 54 gols que pertencia ao argentino Lionel Messi.

Ele ainda estabeleceu outra marca importante, a de gols na Premier League em um único ano – anotou 39 em 2017 e superou Alan Shearer, que balançou as redes 36 vezes em 1995. Por todas as reviravoltas em sua carreira, é bom não duvidar de Harry Kane.

Velocidade
7.5
Habilidade
7
Cabeçada
8.5
Finalização
8.5
Drible
7.5
Andres Stapff/Reuters

Dybala Argentina flag

Desafio é ser novo Messi

Garoto joga à sombra do craque na seleção

Por Gonçalo Junior

Paulo Dybala começou a ser chamado de “Joia” em 2011, quando bateu todos os recordes da história do modesto Instituto de Córdoba, na segunda divisão do futebol argentino. Foi o único a fazer dois tripletes (três gols no mesmo jogo) na mesma temporada e o primeiro a balançar as redes em seis partidas consecutivas. O menino de 17 para 18 anos festejou o gol de número 1.000 da história do clube e se tornou o goleador mais jovem da equipe em torneios oficiais, superando o lendário Mario Kempes, da Copa de 78. Tudo isso justificou sua venda ao Palermo, da Itália, por € 12 milhões (R$ 48,1 milhões).

Ele fez o caminho inverso de seu avô, Boleslaw Dybala, que havia deixado a Europa no pós-guerra (193945) para tentar a vida em Córdoba.

Dybala precisou de três temporadas para encher a família de orgulho. Foi destaque do campeão da Série B italiana. A ascensão meteórica o levou para a Juventus (2015) por € 32 milhões (R$ 128 milhões).

Em dois anos em Turim, ele ofuscou a saída de Tevez e renovou contrato até 2022. Dybala passou a ganhar € 7 milhões (R$ 23,3 milhões) por temporada, valor igual ao do jogador mais bem pago do clube, o também argentino Gonzalo Higuaín. O garoto ganhou a camisa 10 da Juventus, usada por lendas como Michel Platini, Roberto Baggio e Alessandro Del Piero.

O fim da temporada passada, no entanto, marcou o início de uma fase descendente do meia. Ele foi a grande decepção da última decisão da Liga dos Campeões, quando os italianos perderam para o Real Madrid por 4 a 1. Não fez nada. Deixou de ser intocável no clube italiano e passou a ocupar o banco de reservas em vários jogos. O técnico Massimiliano Allegri justificou sua decisão dizendo que “correr não é essencial, mas ajuda”. A situação piorou por causa de lesão muscular que o afastou dos gramados no mês de janeiro.

Na Argentina, Dybala mexeu num vespeiro ao declarar que era difícil jogar ao lado de Messi. “Vai parecer estranho o que vou dizer. É um pouco difícil jogar com Messi na Argentina, porque jogamos na mesma posição. Sou eu que devo me adaptar a ele e fazê-lo se sentir bem no gramado”, disse Dybala.

O diário argentino Olé estampou a manchete “Sincericídio” para ilustrar o peso de suas palavras, mistura de sinceridade com suicídio. Foi vítima de memes e chiadeira. A declaração soou como reclamação. Contra Messi e o técnico Sampaoli. Por isso, o treinador deixou o menino na geladeira. Ele não entrou por um minuto sequer contra Peru e Equador, quando a Argentina finalmente conseguiu classificação.

Dybala estreou pela seleção principal diante do Paraguai, nas Eliminatórias para a Copa no Brasil. Até agora soma 11 jogos, mas nenhum gol. A Copa da Rússia será o momento de provar que pode jogar ao lado de Messi. E, no futuro, candidatar-se a substituir a lenda argentina.

Velocidade
7.5
Habilidade
8
Cabeçada
6.5
Finalização
8
Drible
7.5
Lucas Figueiredo/CBF

Marcelo Brasil flag

Toque de classe na lateral do Brasil

Forjado no futsal, brasileiro prima pela habilidade

Por Marcio Dolzan

Foi no futsal, esporte que lapida muitos dos craques para o futebol de campo, que Marcelo Vieira da Silva Júnior começou a se destacar. Das quadras do Fluminense, partiu para os campos de Xerém, em Duque de Caxias, onde o clube carioca trabalha suas categorias de base. Mudou do piso de madeira para o de grama em 2002, aos 14 anos. Chegou para ser centroavante, mas os técnicos logo perceberam que ele seria mais útil na lateral-esquerda.

Pelo lado do campo, três anos mais tarde Marcelo era titular do time principal e ajudou o Fluminense na conquista do Campeonato Carioca de 2005. A capacidade de drible e o poder de apoio logo chamaram a atenção dos europeus. Em 2007, já estava a serviço do Real Madrid.

No clube merengue, o lateral-esquerdo tinha como missão substituir Roberto Carlos, ídolo da torcida e titular da seleção brasileira pentacampeã mundial de 2002. O antecessor, aliás, é apontado pelo próprio Marcelo como um dos responsáveis por seu sucesso.

“Ele (Roberto Carlos) me ajudou muito em minha chegada. Me facilitou as coisas, me levou para casa com sua família, me deu seu número de telefone”, contou, ao renovar contrato com o Real no ano passado. “Não é normal que se porte tão bem com um jogador que chega para competir pela mesma posição, mas me ajudou muito. Além de ídolo, é meu amigo.”

Apesar da pressão e das inevitáveis comparações que teria com Roberto Carlos, Marcelo se impôs, foi ganhando seu espaço e nunca mais deixou o clube espanhol. Ele renovou contrato ano passado até 2022, e se cumprir o novo acordo terá jogado por um dos clubes mais importantes do mundo por 15 anos. Tarefa para poucos.

Os números ajudam o jogador a sustentar o status de titular do Real Madrid e da seleção. Os últimos quatro técnicos – Mano Menezes, Felipão, Dunga e Tite – convocaram Marcelo.

Em 2017, o lateral-esquerdo foi o atleta do Real Madrid que mais deu passes para gol: foram 12 assistências ao longo do ano, superando o alemão Toni Kroos (9), os espanhóis Carvajal e Isco (8), o português Cristiano Ronaldo e o francês Benzema (7 cada um).

O desempenho no ano foi tão bom que Marcelo foi o atleta que mais recebeu votos para integrar a seleção ideal da Uefa, eleita pelo jornal esportivo francês L’Équipe – Neymar e Daniel Alves foram os outros brasileiros.

Pelo Brasil, o lateral chegou a 51 partidas no empate com a Inglaterra, em amistoso disputado em novembro. A passagem inclui dois Jogos Olímpicos – foi bronze em Pequim-2008 e prata em Londres-2012 –, a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014. A eficiência é um dos motivos de Marcelo ter sido titular nessas competições e pelo qual, salvo uma reviravolta improvável, será também na Rússia no meio do ano.

Velocidade
7.5
Habilidade
8
Cabeçada
5
Finalização
7.5
Drible
7.5
Carl Recine/Reuters

Javier “Chicharito” Hernández México flag

Mexicano com DNA do futebol

Atacante é de família com Copas no currículo

Por Marcius Azevedo

O futebol está no DNA de Javier “Chicharito” Hernández. Desde pequeno, o atacante da seleção mexicana tinha por destino seguir os passos do avô, Tomás Balcázar, e do pai, Javier Hernández Gutiérrez. A Copa do Mundo da Rússia será sua terceira. Aos 30 anos - faz aniversário poucos dias antes do início do torneio -, o jogador é uma das esperanças de gol do time do técnico Juan Carlos Osorio.

O apelido foi herdado do progenitor. Javier Hernández Gutiérrez era conhecido como “Chicharo”, que significa ervilha, em espanhol, alcunha que recebeu por causa dos olhos verdes. Outra coincidência é que o pai também disputou uma Copa pelo México, em 1986, no segundo Mundial organizado pelo país latino.

O avô de Chicharito, Tomás Balcázar, foi ainda mais longe do que o filho. Ele foi uma lenda no futebol mexicano, fazendo parte da seleção nacional que jogou a Copa de 1954, na Suíça. Marcou, inclusive, um gol diante da França, na derrota por 3 a 2, na primeira fase do torneio.

A façanha de Balcázar foi igualada pelo neto na Copa do Mundo de 2010, na África. E contra o mesmo adversário. Chicharito marcou na vitória do México diante da França, também na fase de grupos. O atacante festejou ainda mais um gol naquele Mundial, nas oitavas de final, na eliminação diante da Argentina. Ele tem outro gol em Copas. Em 2014, marcou na vitória contra a Croácia por 3 a 1, em partida disputada na Arena Pernambuco.

Marcar gols pela La Tri é uma situação corriqueira para Chicharito. Na caminhada para levar o México para a Rússia, o atacante se tornou o maior artilheiro da história da seleção mexicana. São 49 gols em 99 jogos, uma média de 0,49 por partida, deixando para trás Jared Borgetti. Ele tem mais gols do que algumas lendas locais, como Hugo Sánchez, ex-Real Madrid.

Chicharito igualou Borgetti na vitória diante da Costa Rica por 2 a 0, pelas Eliminatórias, no dia 25 de março, e se isolou na artilharia com mais um gol na derrota para a Croácia, em amistoso um mês depois, em Los Angeles. “Juro que nunca imaginei isso ou sonhei.”

Apesar de idolatrado pela torcida mexicana, muito mais pela vontade do que pela habilidade, o desafio de Chicharito será chegar à Rússia com ritmo de jogo. Contratado pelo West Ham United, da Inglaterra, no começo da temporada 2017-2018 (estava no Leverkusen, da Alemanha), por R$ 74 milhões, o atacante está ficando mais tempo no banco do que em campo.

O técnico David Moyes está insatisfeito com o desempenho do mexicano e, por pouco, não o liberou para se transferir para a Turquia. Mas Chicharito ficou no futebol inglês e pode receber mais chances de jogar pela ausência de jogadores importantes por lesão. A torcida mexicana torce para que ele possa voltar a atuar e fazer gols para que, mais uma vez, ajude a na caminhada em uma Copa do Mundo.

Velocidade
6.5
Habilidade
7
Cabeçada
7.5
Finalização
8
Drible
7.5
Eric Vidal/Reuters

Eden Hazard Bélgica flag

O belga que joga por uma família

Meia habilidoso é filho de casal de ex-jogadores

Por Ciro Campos

O casal belga Carine e Thierry estava ansioso pela chegada do primeiro filho, em 1991. O garoto se chamaria Eden e seria apresentado naturalmente à paixão dos pais, o futebol. A influência deu tão certo que o primogênito não só se transformou na principal estrela do país como abriu caminho para os outros três irmãos mais novos seguirem a carreira.

O meia Eden Hazard, camisa 10 do Chelsea e da Bélgica, é produto de um ambiente familiar completamente futebolístico. O pai jogou como volante em equipes da segunda divisão belga e a mãe atuou como atacante profissional. “Eu estava na barriga dela quando ela jogava. Até os três meses de gravidez minha mãe jogou. Acho que herdei uma mistura dos meus pais no meu estilo de atuar”, disse Hazard em entrevista ao jornal inglês The Independent.

Cercado pelo futebol desde cedo, Hazard teve uma carreira precoce. O meia de rápida condução de bola, visão de jogo e bom passe começou no esporte aos quatro anos e ainda adolescente, com 14, deixou o país. O jogador de 27 anos foi tentar a carreira em clubes franceses e logo se fixou no Lille, onde começaria a evoluir rapidamente e a se tornar um exemplo para os irmãos.

O belga logo garantiu seu espaço no time e com 17 anos virou o mais jovem jogador da história do clube a marcar um gol. Com essa mesma idade passou a ser convocado para a seleção belga e despertou interesse dos grandes times europeus. O status de estrela se confirmou quando ele ajudou o pequeno Lille a ser campeão francês em 2011. Um ano depois o Chelsea, que havia acabado de ganhar a Liga dos Campeões, contratou o meia.

Na Inglaterra o jogador evoluiu e ajudou a seleção a se firmar como uma potência na Europa. A Bélgica será pela segunda Copa seguida cabeça de chave, movida principalmente pelos jogadores liderados por Hazard. A geração talentosa e formada por nomes como Courtois, De Bruyne e Lukaku chega à Copa da Rússia mais madura após ter vacilado nas competições recentes.

A experiência de Hazard também se forjou pela carreira no Chelsea. Já foram quatro títulos conquistados no clube e um posto de titular absoluto. Agora o camisa 10 espera usar essa experiência a favor da Bélgica, equipe que por ter um elenco bem técnico espera voltar a uma semifinal de Mundial depois de 32 anos.

O meia estará amparado pelo clã Hazard nessa empreitada. Um dos irmãos mais novos, Thorgan, de 24 anos, é meia e tem sido convocado como reserva para a seleção. Mais outros dois irmãos esperam seguir o caminho de sucesso: Kylian é meia, tem 22 anos, e também joga no Chelsea, enquanto o caçula, Ethan, de 15, já iniciou a carreira. Portanto, o primogênito vai à Copa não só para representar a Bélgica como também para defender uma honrosa dinastia familiar.

Velocidade
8.5
Habilidade
9
Cabeçada
6
Finalização
7.5
Drible
8.5
Wolfgang Rattay/Reuters

Toni Kroos Alemanha flag

O motor do meio de campo da Alemanha

Todas as jogadas possuem assinatura do meia

Por Wilson Baldini Jr.

Muitos são os fatores que garantem o sucesso da Alemanha, atual campeã mundial, e do Real Madrid, time que conquistou todos os títulos do futebol europeu, além do campeonato mundial de clubes. Um deles é a presença de Toni Kroos, “o motorzinho” do meio de campo. Aos 28 anos, o ambidestro meia é o exemplo do jogador moderno.

Kroos é o “gerente” dos times nos quais atua. Com um preparo físico exemplar, todo início de jogada de ataque precisa ter seu “carimbo”, ou seja, passar por seus pés.

Inteligente, demonstra tranquilidade e classe para sair do campo de defesa e buscar o ataque. Ele sabe o que vai fazer com a bola antes que ela chegue aos seus pés. Sempre está um lance à frente dos adversários. A aproximação da “redonda” e da marcação rival não o assusta.

O primeiro toque, geralmente, serve para se livrar do primeiro combate. Com rapidez, passa para o campo de ataque e quase sempre encontra uma boa opção para servir um atacante ou lateral.

Com grande visão de jogo, gosta de se posicionar do lado esquerdo do campo. É um dos poucos que têm habilidade para virar o jogo de um lado para outro com precisão e rapidez, sendo sempre uma ótima opção para desafogar o sistema defensivo.

Seus passes de 30, 40 metros chamam a atenção dos torcedores, que, por muitas vezes, aplaudem sua iniciativa, cada vez menos comum nos campos pelo mundo no futebol atual.

Por jogar sempre com a cabeça em pé, Kroos sabe se infiltrar muito bem pela zaga adversária e muitas vezes chega com liberdade para finalizar, sempre com muito perigo.

Um exemplo disso foi a semifinal da Copa do Mundo de 2014, contra o Brasil, quando foi o autor de dois dos sete gols na histórica goleada de 7 a 1 e ainda apontado como o melhor jogador da partida disputada no Mineirão.

Além de todas essas qualidades, o meia também sabe cobrar faltas e escanteios com maestria, tornando essas jogadas muito perigosas. Que o diga o zagueiro Sergio Ramos, do Real, autor de vários gols após as assistências do companheiro de equipe.

Um grave erro na final da Copa de 2014, contra a Argentina, quando recuou uma bola de cabeça nos pés de Higuaín, serviu de aprendizado e ajudou Kroos a tornar seu jogo ainda mais seguro.

Há três anos no Real Madrid, nenhum torcedor “merengue” imagina ver sua equipe em campo sem a presença de Tony Kroos. Nunca 30 milhões, valor pago ao Bayern de Munique, em 2014, foram tão bem gastos.

Daqui a menos de cinco meses, nos campos russos, Kroos vai ter como missão carregar o meio-campo alemão em busca do hexa. Os adversários que se cuidem mais uma vez.

Velocidade
8.5
Habilidade
9.1
Cabeçada
7
Finalização
8.5
Drible
8.5
Sergio Perez/Reuters

Falcão Garcia Colômbia flag

O experiente que estreia em Copas

Lesão tirou o atacante do Mundial de 2014

Por Daniel Batista

Falcao Garcia é um daqueles casos de jogadores experientes que ainda tiveram o prazer de disputar uma Copa do Mundo. Uma lesão acabou com seu sonho em 2014. Mas, desta vez, o objetivo não ficará apenas como uma vontade. Astro da Colômbia e do Monaco, o atacante tenta fazer com que outra vez sua seleção vá mais longe do que muita gente espera.

Ídolo em seu país, Falcao tem, provavelmente, sua primeira e última chance de brilhar em um Mundial. Quatro anos atrás, uma grave contusão no ligamento do joelho esquerdo frustrou sua vinda ao Brasil. Agora, a esperança de que nada impeça seu sucesso na Rússia faz com que todos os colombianos depositem total confiança no atacante de 31 anos.

“Ele vive um momento fantástico e sentimos sua falta em muitos jogos. Acho que voltamos a ter um líder, um fenômeno que nos trará muita coisa boa”, aposta o técnico José Pekerman. A ansiedade e a vontade de fazer bonito na Rússia motivam o atacante nesta temporada. “Sonhei muito com o Mundial, que é uma das minhas principais motivações para seguir adiante, mas não quero me adiantar aos fatos. Se Deus me der a oportunidade de estar lá, assim será”, afirmou Garcia.

O atacante divide com James Rodríguez o estrelato da seleção, tendo como principal diferença o fato de conseguir tal respeito com a torcida mesmo sem nunca ter jogado profissionalmente por um clube de seu País. Falcao é um caso raro na galeria de ídolos colombianos, pois fez toda sua carreira no exterior. Criança, ele chegou a defender o Millonarios, mas com apenas 15 anos foi para a base do River Plate argentino e de lá só saiu em 2009, quando se transferiu para o Porto e deu início à trajetória no futebol europeu.

No clube português teve passagem marcante, foi artilheiro da Liga Europa 2011/12 e conquistou sete títulos. Em alta, se transferiu para o Atlético de Madrid e o brilho só aumentou. No dia 9 de dezembro de 2012, chamou atenção com a incrível marca de cinco gols em um jogo, na vitória por 6 a 0 sobre o Deportivo La Coruña.

Destaque no futebol europeu e na seleção colombiana, nada parecia impedir o sucesso do atacante até sua transferência para o Monaco, quando viu tudo mudar. Nem de longe Falcao Garcia lembrava aquele craque que encantou os torcedores do Porto e do Atlético de Madrid. Para tentar se reencontrar, foi emprestado a Manchester United e Chelsea, mas passou sem deixar saudades em ambos.

Quis o destino que Falcao voltasse a ser “aquele Falcao” justamente no Monaco, após a frustrante passagem pelo futebol inglês. Na temporada passada, ele liderou a equipe na conquista do campeonato nacional, quebrando a hegemonia do PSG, que vinha de quatro títulos consecutivos, e está em alta nesta temporada, para a alegria também do povo colombiano.

Velocidade
7
Habilidade
7
Cabeçada
9
Finalização
8.5
Drible
6.5
Gonzalo Fuentes/Reuters

Mbappé França flag

O novo astro da constelação azul

Atacante é o segundo mais caro da história

Por Raphael Ramos

O fenômeno Kylian Mbappé é o principal expoente de uma geração talentosa e promissora de jogadores que tem mudado o mercado da bola com transações por valores astronômicos nunca vistos antes na história do futebol francês. Aos 18 anos, artilheiro e campeão francês na última temporada, o garoto trocou o Monaco pelo Paris Saint-Germain em agosto por 180 milhões de euros (R$ 692 milhões) e passou a ser o segundo atleta mais caro da história, atrás apenas de Neymar – devido às limitações do “Fair Play Financeiro”, ele está emprestado ao PSG, mas, ao término desta temporada, o clube parisiense depositará o montante ao Monaco.

Mbappé não é exceção neste novo capítulo do futebol francês. Entre as maiores transações da última janela de transferências, outros cinco colegas do país estão na lista: os também atacantes Ousmane Dembélé e Lacazette, o meia Tolisso, o lateral-direito Mendy e o volante Bakayoko. Todos custaram ao menos 40 milhões de euros (R$ 153 milhões) e estão em clubes de primeira linha na Europa.

Mas, entre as novas estrelas da França, a mais reluzente é mesmo Mbappé. É no seu futebol inventivo que o técnico Didier Deschamps confia para derrubar os adversários no Mundial da Rússia. Formado nas categorias de base do Monaco, desde cedo o atacante se destaca pela visão de jogo privilegiada e faro de gol. Não à toa, ele fez sua estreia no time profissional do Monaco em 2015, com apenas 16 anos, quebrando a marca do ídolo Thierry Henry, que disputou a primeira partida no clube em 1994, com 17 anos.

Arisco e abusado, Mbappé se aproveitou da fragilidade dos rivais nos gramados da França e passou a enfileirar gols. Assim, ganhou fama e logo chamou atenção de clubes como Arsenal, Real Madrid, Barcelona, Manchester City e Liverpool. O estrelato definitivo veio na temporada passada, quando quebrou a hegemonia do PSG e levou o Monaco ao título do Campeonato Francês, algo que a equipe não conquistava desde 2000.

Mbappé também fez história nas categorias de base da seleção francesa ao conquistar o Campeonato Europeu sub-19 em 2016. Este ano, ele foi convocado pela primeira vez pelo técnico Deschamps e já “cavou” o seu lugar na seleção ao lado de jogadores consagrados com Pogba e Griezmann.

Em nove jogos até agora, o garoto fez duas assistências e um gol. Até por causa da inexperiência internacional, é criticado às vezes por desperdiçar lances teoricamente fáceis para um jogador com o seu talento. Seu futuro é promissor. Este ano, ele já faturou o prêmio Golden Boy, dado a atletas com menos de 21 anos, e foi apontado por nada menos do que Lionel Messi como possível melhor do mundo num futuro próximo. Nada mal para um garoto de apenas 18 anos, que ainda gosta de aproveitar os dias de folga para se divertir na Disneylândia.

Velocidade
9
Habilidade
8.5
Cabeçada
8
Finalização
8
Drible
8.5
Ivan Alvarado/Reuters

Edinson Cavani Uruguai flag

Um jogador com a alma celeste

Incansável, atacante nasceu para fazer gols

Por Paulo Favero

O uruguaio Edinson Cavani é um dos principais artilheiros do futebol mundial na atualidade. Máquina de fazer gols, o atacante do Paris Saint-Germain, da França, quer ajudar seu país a brilhar novamente em uma Copa do Mundo. Na Rússia, ele terá a companhia de Luis Suárez, outro goleador nato, e ambos sabem que eles podem levar a Celeste longe na competição.

Nascido em Salto, na fronteira com a Argentina, a quase 500 quilômetros da capital Montevidéu, Cavani tem estilos completamente distintos dentro e fora de campo. Se quando está com a bola nos pés é participativo e incisivo, fora dele gosta de privacidade e da tranquilidade do mato. “O Cavani, quando está de férias, fica o tempo todo em sua fazenda. Ele é um homem do campo. Gosta da vida assim, dos animais, de caçar, da calmaria. Não há nada que o tire de lá”, diz o zagueiro Diego Lugano, que atuou com Cavani na seleção uruguaia e tem uma enorme admiração pelo antigo companheiro.

O atacante do PSG mora no centro de Paris e, sempre que consegue, vai a um parque da cidade para dar comida aos pintinhos e patinhos. Ele não esconde sua origem e sua saudade do campo. A ligação é tão forte que Cavani evita as diversões da cidade grande e costuma ficar mais isolado. Recentemente, quando se especulava uma crise entre ele e o brasileiro Neymar para ver quem seria o cobrador oficial de pênaltis do PSG, a ausência de Cavani foi sentida em uma foto no aniversário de Thiago Silva, na qual estavam vários jogadores da equipe francesa. No mesmo momento, o uruguaio estava em um haras com vários cavalos. A especulação foi grande, mas quem conhece o jogador sabe de suas paixões e escolhas.

Um dado curioso é que Cavani é o único atleta evangélico na seleção do Uruguai. O atacante tem um estilo recatado longe dos holofotes, mas quando está em ação parece se transformar. Cavani foi artilheiro em todas as equipes em que passou e no PSG pode quebrar o recorde de gols de Ibrahimovic – o sueco tem 156, apenas três a mais do que Cavani (153). “Isso seria um feito incrível, mas todo mundo sabe o jeito que eu penso, que é mais no coletivo do time do que no individual”, explicou.

Cavani é ídolo em Paris e ganhou o torcedor por causa de sua dedicação extrema em campo. “Acho que ele é o melhor atleta com quem já joguei”, revelou Lugano ao Estado, lembrando que seu antigo companheiro não economiza energia e se mostra incansável para ajudar na defesa e partir para o ataque. Com ele, a probabilidade de placar em branco é bem pequena.

Velocidade
7.5
Habilidade
7
Cabeçada
9
Finalização
9
Drible
8.5
Mauro Horita/Mowa Press

Gabriel Jesus Brasil flag

O craque que dobrou Guardiola

Atacante é garantia de bom futebol e gols

Por Almir Leite

Esperança de gols do Brasil na Copa, Gabriel Jesus empolgou um dos maiores técnicos do mundo.

Um craque em processo de lapidação. A definição é de alguém que é ao mesmo tempo professor, fã e anjo da guarda do garoto de 20 anos: Pep Guardiola. Dono de talento incomum, o atacante do Manchester City é o principal jogador surgido no futebol brasileiro desde Neymar. Ainda tem muito a aprender e a fazer em campo. Já deu mostras, porém, de ter competência para se tornar um dos grandes nomes do Mundial da Rússia em 2018.

Será a primeira Copa do menino nascido em bairro periférico da zona norte de São Paulo, que teve ascensão meteórica na carreira. Pouco antes de completar 18 anos, estreou no time principal do Palmeiras, amparado na enxurrada de gols que fazia na base. Antes dos 20 já estava no City, que desembolsou sem pestanejar € 32 milhões (R$ 123 milhões de hoje) por ele a pedido de Guardiola.

Considerado por muitos o melhor treinador do mundo, o espanhol logo enxergou em Jesus um conjunto de qualidades que só quem nasceu para jogar futebol tem: habilidade, visão de jogo, espírito de luta, força física (apesar da aparência franzina e da expressão de “bebê chorão”) e facilidade de colocar a bola da rede. “Estamos comprando gols”, resumiu Guardiola ao comentar para a imprensa inglesa a contratação do brasileiro.

Gabriel Jesus tem outras características. Entre elas a personalidade, demonstrada, entre outras ocasiões, logo na estreia na seleção. Ele vinha de um ouro olímpico, e como um dos protagonistas após mau começo. Tite, iniciando o trabalho, resolveu apostar no garoto. Ganhou fácil. Na vitória por 3 a 0 sobre o então temido Equador, em Quito, fez dois gols e sofreu pênalti.

Fazia tempo que a seleção, que já viveu dos gols de Careca, Romário e Ronaldo, entre outros, não tinha um camisa 9 com tanto talento. Não demorou e começaram a compará-lo com o Fenômeno. Aí Guardiola apareceu de novo e pediu calma. “Ele tem tudo para ser um dos maiores do mundo, mas ainda há fatores que precisam melhorar. Estou aqui para ajudá-lo”, disse. “Precisa correr menos com a bola nos pés. No dia em que tiver calma e observar os movimentos que tem de fazer com a bola, se tornará igual ao Ronaldo.”

O espanhol não é muito paciente. Muitas vezes dá chiliques quando um jogador não faz o ele que pede. Com Gabriel é diferente. É paciente nos jogos, treinos e até fora do clube – eles moram no mesmo condomínio em Manchester e Guardiola está sempre com o atacante. Jesus também aprende rápido. Em campo, está se colocando cada vez melhor na área, às vezes do lado oposto à jogada. Por isso, em muitos de seus gols, ele só precisa ter o trabalho de tocar a bola para as redes.

O próprio atacante não nega ter longo caminho a percorrer. Mas já fez o suficiente para ser titular da seleção de Tite e justificar a expectativa de que faça uma excelente Copa do Mundo.

Velocidade
8.5
Habilidade
9
Cabeçada
8
Finalização
8.5
Drible
8
Susana Vera/Reuters

Isco Espanha flag

‘Novo Iniesta’ quer mostrar mais

Meia do Real Madrid disputa primeira Copa

Por Matheus Lara

Destaque do Real Madrid na temporada 2016-2017 do futebol europeu, o meia Isco Alarcón, de 25 anos, quer mostrar em sua primeira do Copa do Mundo que pode ser mais do que um “novo Iniesta” na seleção espanhola. E olha que ser Iniesta, do Barcelona, não é pouco. Ele é um dos principais nomes da geração que ainda tem nomes como Marco Asensio, Koke e Morata. Todos eles terão o desafio de resgatar a força da Espanha depois do fiasco de ter sido eliminada na primeira fase do Mundial de 2014.

As comparações entre Isco e o autor do gol que deu o título mundial à Espanha em 2010 não são por acaso. Assim como Iniesta, o jovem meia tem bom domínio de bola, criatividade e se destaca tanto no Real Madrid quanto na seleção na articulação das jogadas ofensivas.

Isco e Iniesta animam a torcida espanhola. Isso pode ocorrer na Rússia. A Espanha está no Grupo B do Mundial, com Irã, Marrocos e Portugal.

Na boa campanha das Eliminatórias da Europa, ele foi decisivo em partidas importantes, como na vitória por 3 a 0 sobre a Itália, que acabou contribuindo para o fracasso dos italianos, que acabaram ficando fora do Mundial.

Isco ganhou destaque no futebol europeu na temporada 2011-2012, quando suas atuações pelo Málaga fizeram com que recebesse o prêmio Golden Boy, entregue pelo jornal italiano Tuttosport e considerado o Bola de Ouro para os novatos. Messi, em 2005, e Rooney, em 2004, também fatururam a premiação.

O meia foi para o Real Madrid em 2013 por 30 milhões de euros (R$ 90 milhões, na cotação da época). Em 2017, renovou seu contrato com o time merengue até 2022, ocm multa rescisória de 700 milhões de euros (R$ 2,6 bilhões), de acordo com a imprensa do país. “O futebol proporciona momentos que podem mudar a sua vida. Trabalhei muito para chegar até aqui e quero continuar a crescer”, disse o jogador, em entrevista semana passada.

Isco ganhou espaço e a confiança do técnico da equipe de Madri, Zinedine Zidane, na ausência de Gareth Bale, fora de boa parte dos jogos do Real na temporada passada por causa de sucessivas lesões. “Isco atua como se estivesse jogando futebol na rua”, elogia Zidane. “Ele se preocupa quando as coisas não vão bem, dedica-se, joga com paciência e se sente bem em campo. Estou feliz de vê-lo cada vez melhor”, disse.

Velocidade
7
Habilidade
8.5
Cabeçada
6
Finalização
8.3
Drible
8
Daniel Rodrigo/Reuters

Di María Argentina flag

Parceiro de Messi busca redenção

Meia tem histórico de lesões pela Argentina

Por Gonçalo Junior

Desde que foi campeão mundial sub-20 e conquistou a medalha olímpica em 2008 com a Argentina, o meia Angel Di María virou uma espécie de escudeiro de Lionel Messi. Para torcedores e especialistas, os dois ocupavam – quase – o mesmo patamar técnico e tático e, juntos, faziam a seleção jogar. Nas últimas temporadas, as lesões fizeram com que Di María ficasse para trás nessa briga. Na Copa da Rússia, o meia franzino e veloz, apelidado de El Magro, busca um acerto de contas com sua própria história.

A lista de azares na seleção é extensa. Na Copa América de 2015, ele foi substituído aos 30 minutos da final e viu a Argentina perder nas penalidades para o Chile. No ano seguinte, na Copa América Centenário, nos Estados Unidos, Di María se contundiu na segunda partida, diante do Panamá. Ficou fora o restante do torneio – a Argentina foi à final, mas de novo perdeu para os chilenos nos pênaltis. Nas Eliminatórias para a Copa da Rússia, o meia só atuou no confronto decisivo com o Equador, aquele em que Messi fez três gols e colocou a Argentina na Copa, depois de uma semana em dúvida. O calvário é tão incômodo que Di María contratou um psicólogo. “Comecei a trabalhar com um psicólogo porque quero estar cada vez melhor. Pode ser que a pressão influa nas lesões”.

A carreira europeia tem altos e baixos também. Nos quatro anos no Real Madrid (2010 e 2014), ele foi campeão da Liga dos Campeões. Em seguida, teve uma temporada perdida no Manchester United. Embora seja o segundo jogador que mais movimentou dinheiro com transferências (€ 179 milhões ou R$ 667 milhões), atrás apenas de Neymar, o argentino vem perdendo espaço no Paris SaintGermain. Aos 29 anos, Di María perdeu a posição para o meia Draxler e ficou com espaço ainda menor com a chegada de M’bappé e, claro, Neymar. Hoje, está no banco de reservas, lugar que quase nunca frequentou.

Nesse contexto, Di María busca sua redenção na Rússia. Redenção pessoal após tantas contusões e também coletiva. Em sua terceira Copa, ele vive o drama de atuar em uma seleção que não ganha nada desde 1993. As credenciais que apresentou no Mundial do Brasil foram boas. Nas oitavas contra a Suíça, Di María marcou o único gol do jogo depois de 118 minutos, após assistência de Messi. Na comemoração, emocionou os brasileiros ao homenagear a filha Mia, que havia nascido prematuramente aos seis meses. Depois de uma longa batalha nos hospitais, a menina sobreviveu sem sequelas. Hoje, ela tem três anos e continua sendo lembrada nos gols do pai.

No jogo seguinte, nas quartas de final contra a Bélgica, Di María deu a assistência para o gol salvador de Higuaín. Sua participação no Mundial terminou nesta partida com uma ruptura muscular na coxa esquerda.

Velocidade
9.3
Habilidade
9
Cabeçada
8
Finalização
8
Drible
8.5
Carl Recine/Reuters

Cristiano Ronaldo Portugal flag

Portugal tem o melhor do mundo

Aos 33 anos, atacante vai para a sua quarta Copa

Por Wilson Baldini Jr.

Durante a Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, Luiz Felipe Scolari, técnico da seleção portuguesa, não cansava de alertar os jornalistas que cobriam a então vice-campeã europeia: “Cristiano Ronaldo é um craque, mas seu auge vai ser daqui a quatro anos. A responsabilidade de um bom desempenho é dos mais experientes”, comentava o treinador, que apostava suas fichas em Figo, Deco e Ricardo Carvalho. CR7 tinha apenas 21 anos na campanha que levou os portugueses ao honroso quarto lugar.

Após uma década, Cristiano Ronaldo não vai desembarcar na Rússia ano que vem apenas como o capitão de Portugal. Aos 33 anos, com cinco troféus de melhor jogador da Fifa, inúmeros títulos com o Real Madrid, vários capítulos de um duelo espetacular com Lionel Messi e 615 gols, o atacante português vai para o seu quarto Mundial talvez como o maior jogador da história de seu país, superando o lendário Eusébio, com 79 gols em 147 partidas.

Líder da equipe campeã europeia em 2016, o camisa 7 com certeza vai preparar seu invejável físico (1,85 metro e 78 quilos) para, pelo menos, alcançar uma final, fato que seria inédito para Portugal. Desde 2015, quando completou 30 anos, o astro iniciou um tratamento genético que prevê, entre outras coisas, perda de um quilo ao ano em seu peso corporal. De acordo com análises médicas, dessa forma o craque terá condições de atuar em alto nível até os 35 anos, o que lhe permite sonhar com a Copa do Catar, em 2022.

Tanta vitalidade impressiona até mesmo grandes atletas de outras modalidades. “Uma das coisas mais incrí- veis é sua capacidade de se manter no topo por tanto tempo”, disse o jamaicano Usain Bolt, o maior velocista da história, que anunciou nesta temporada o fim de linha das disputas, aos 31 anos.

O foco de CR7 é Moscou. Em entrevista para a revista World Soccer, o atacante demonstrou otimismo em relação à competição no país dos czares. “É possível ganhar a Copa na Rússia. Nosso país sabe que Portugal pode chegar lá. Tudo pode acontecer no futebol. Serei otimista até o fim”, disse.

Os jogadores que compõem a seleção de Portugal estão em um patamar técnico muito abaixo de Cristiano Ronaldo. Assim, se ele conseguir a façanha de conduzir o time ao inédito título mundial, os elogios serão ainda mais exacerbados, como são fortes os aplausos dados a ele pelo presidente Florentino Pérez, do Real Madrid, que o considera “maior” do que Di Stéfano, lendário argentino pentacampeão europeu nos anos 1950 e apontado como um dos melhores jogadores de todos os tempos. Ou ainda de Zidane, notável camisa 10 francês e atual técnico do Real Madrid, que aponta Cristiano Ronaldo como um dos três maiores jogadores da história do time catalão.

É nesta condição que o craque português, reverenciado no mundo inteiro, desembarcará na Rússia ano que vem.

Velocidade
9.3
Habilidade
9.3
Cabeçada
9.7
Finalização
9.2
Drible
8
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