Com uma campanha consistente, a equipe liderou grande parte do torneio com um elenco de grandes jogadores, como o artilheiro Gabriel Jesus, o versátil Tchê Tchê e o xerife Yerry Mina. Cuca se firma como um técnico de ponta do futebol brasileiro

Os heróis do título

Corrida rumo ao título

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Destaques

Jailson o herói improvável

Jailson

Goleiro supera desconfiança e ganha primeiro título de expressão aos 35 anos

O mês de julho mudou a vida de Jailson. E para sempre. Depois que o titular Fernando Prass precisou ser submetido a uma cirurgia no cotovelo direito após lesão durante a preparação olímpica, o técnico Cuca deu chance para os goleiros reservas e muitos torcedores levaram as duas mãos à cabeça. “Estamos perdidos”, era a desconfiança. Afinal, como sonhar alto sem seu goleiro titular? Mas hoje, quem pensou assim sabe que cometeu um grande equívoco. O que seria um problema, se tornou um dos destaques do título nacional.

O clube até pensou em contratar outro goleiro. Acertou verbalmente com Felipe Alves, do Oeste, mas o clube interiorano não o liberou. O tempo mostrou que a decisão foi benéfica para o Palmeiras. Vagner foi o escolhido no período de maior instabilidade, com duas derrotas (Atlético-MG e Botafogo) um empate (Chapecoense). Depois de algumas falhas, voltou ao banco de reservas.

Na última rodada do primeiro turno do Brasileiro, contra o Vitória, Jailson assumiu a vaga. O goleiro de 35 anos, contratado em 2014 do Ceará, onde era reserva, até então só havia feito um jogo oficial e dois amistosos, mas fez grandes defesas e foi decisivo para a equipe se sagrar campeã do primeiro turno. Rapidamente ele ganhou espaço com o técnico e caiu nas graças da torcida. Jailson tornou-se o maior herói improvável da campanha.

No meio da trajetória, o goleiro cumpriu suspensão automática contra o Santos por ter recebido três cartões amarelos. Vinicius Silvestre, de 22 anos, jogou e virou opção para o futuro, mas Jailson continuou titular e a cada apresentação ganhava mais adepto. Neste mês, o jogo contra o Atlético-MG foi um marco. O jogador completou 16 partidas nesta edição do Campeonato Brasileiro, superando o número do próprio Fernando Prass. Na partida em São Paulo, em que o Palmeiras recebeu o time mineiro no primeiro turno, no Allianz Parque, Jailson, de 35 anos, era somente a terceira opção de Cuca. De um jogo para o outro, sua vida mudou. Ele ganhou um time e o Palmeiras ganhou um goleiro.

Com Jailson, o Palmeiras ainda não perdeu na Série A. A invencibilidade alcança 16 partidas. Ele passou sete jogos sem ser vazado. Sua única derrota com a camisa alviverde foi contra o Grêmio, pelo jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil.

A conquista do título foi motivo de orgulho duplo para o ex-terceiro goleiro do Palmeiras. Além de ganhar pela primeira vez na carreira um título de expressão, ainda pôde ajudar seu time de coração. Jailson já mostrou fotos em que, ainda garoto, exibia com orgulho sua camisa palmeirense sem sequer imaginar que algumas décadas depois, estaria sendo fundamental no aumento do número de conquistas do time.

Prass está em fase final de recuperação e até chegou a ser relacionado para o jogo com o Botafogo. Ele voltou a vestir luvas no fim de outubro e arriscou as primeiras quedas com a bola desde a cirurgia. O seu retorno, no entanto, deve ficar para a próxima temporada. Após a vitória sobre o Internacional, Jailson recebeu um dos elogios mais importantes de sua trajetória. “Parabéns, parceiro. E a invencibilidade continua, São Jailson”, escreveu Prass em uma rede social. Prass é ídolo do torcedor palmeirense, é o “São Prass” também, numa referência a São Marcos, eterno goleiro do Palmeiras.


Cuca de azarão a técnico campeão

Cuca

Técnico, que já vencido uma Libertadores, atinge novo patamar na carreira como treinador

A passagem de Cuca pelo Palmeiras não começou como se esperava. A expectativa formada em torno do novo treinador era quase revolucionária após os altos e baixos de Marcelo Oliveira – o time conquistou a Copa do Brasil nos pênaltis, mas passou praticamente todo o mês de novembro do ano passado sem vencer. Com Cuca, a equipe amargou de cara duas derrotas consecutivas, uma para o Nacional, do Uruguai, pela Libertadores, e outra diante do Audax, no Paulistão, que influenciaram diretamente no moderado desempenho do primeiro semestre.

Perder em casa acabou sendo um resultado decisivo para a desclassificação ainda na primeira fase do torneio sul-americano. Depois da eliminação nos pênaltis para o Santos no Estadual, Cuca prometeu a conquista do título nacional. “Vamos trabalhar direitinho, fazer as coisas direito para conquistar o título brasileiro”, disse em tom de promessa.

O compromisso público, visto com preocupação pela diretoria, tornou-se um poderoso motivador para os jogadores na procura de um título que não chegava havia 22 anos. “Todos compraram a ideia dele”, disse Zé Roberto.

A relação de Cuca com o Palmeiras começou em 1992. Ainda como atleta, o meia técnico e habilidoso fez parte do primeiro time montado na parceria com a Parmalat, mas acabou se transferindo para o Santos no fim daquele ano, antes do histórico título estadual de 1993. Como treinador, o estilo ofensivo, baseado na versatilidade dos jogadores, moldou um jeito dinâmico de jogar. O Palmeiras dificilmente atua pelo meio, setor sempre mais congestionado. Quase 40% dos gols da equipe foram feitos de duas formas principais: as jogadas de linha de fundo e de bola aérea.

Cuca até “inovou” ao transformar o arremesso lateral em um lance perigoso de cruzamento. Três gols aconteceram assim. “Criei essa jogada porque as dimensões do campo diminuíram, temos um bom batedor e a gente tem bons componentes no jogo aéreo que encaixam bem na segunda bola”, justificou.

Como era de se esperar, a equipe também oscilou dentro do Campeonato Brasileiro. O período mais difícil foi a sequência de três jogos sem vitória (derrotas para Atlético-MG e Botafogo e empate diante da Chapecoense). Por várias rodadas, também teve de controlar os nervos diante da perseguição do Flamengo e, nas últimas rodadas, do Santos.

O enorme leque de opções – o Palmeiras tem o elenco mais valorizado do País – foi bem aproveitado em campo. Tchê Tchê, escolhido a dedo pelo treinador, tornou-se um curinga que ataca e defende enquanto Dudu, Gabriel Jesus e Róger Guedes ajudam a marcar, mas sem perder as responsabilidades ofensivas.

Cuca conseguiu montar um Palmeiras equilibrado e maduro, retrato de sua evolução como técnico também. O time lembra o Atlético-MG campeão da Libertadores em 2013 por causa do jogo esticado e objetivo, que aposta em lançamento para explorar a velocidade dos atacantes; recorre à movimentação exaustiva do Botafogo de 2007 e, obviamente, traz ecos do Goiás e do São Paulo, como times que marcam, mas sabem o que fazer com a bola nos pés. Esse é o Palmeiras campeão brasileiro.

Depois de ter exorcizado diversos demônios do clube ao longo da temporada, ao encerrar tabus contra Corinthians no Pacaembu (21 anos), Inter no Beira-Rio (19 anos) e Sport na Ilha do Retiro (sete anos), Cuca afastou o maior de todos os fantasmas, os 22 anos sem o título brasileiro.

De azarão a campeão. Depois de carregar por muito tempo a fama de conseguir montar grandes times, mas sempre acabar derrotado, Cuca atinge novo patamar na carreira. Apesar de defender que acredita em sorte (mas só para quem trabalha duro), o técnico fazia cara de poucos amigos e desconversava quando era questionado sobre essa reputação negativa. Com a histórica vitória com o Atlético-MG em 2013 e o título brasileiro, agora, ele consolida a ascensão em sua carreira à beira do gramado.

Seu futuro no Palmeiras não está definido ainda. Depois de declarar que pretendia voltar a trabalhar na China, Cuca evitou tocar no assunto na reta final do Brasileiro. Não comentou a situação nem com familiares. O presidente Paulo Nobre, que encerra seu mandato no fim do ano, afirmou que o planejamento de 2017 está sendo discutido internamente. A proposta salarial da China por Cuca seria de R$ 1,5 milhão por mês. Cuca acumula uma passagem vitoriosa no futebol chinês: dirigiu o Shandong Luneng do começo de 2014 ao fim de 2015. Por lá, conquistou a Copa Chinesa e a Supercopa da China.


Dudu toma jeito e se transforma em líder

Dudu

Com a cabeça no lugar após mal-entendido com Cuca, atacante vira capitão e se destaca pelas assistências

A suspensão de seis partidas após o empurrão no árbitro Guilherme Ceretta de Lima na decisão do Campeonato Paulista do ano passado foi um divisor de águas na carreira do atacante Dudu. Antes com fama de briguento e explosivo, o camisa 7 contou com o apoio dos técnicos Marcelo Oliveira e Cuca para colocar a cabeça no lugar. “A gente vai crescendo profissionalmente e fica maduro quando acontece alguma coisa que nos prejudica”, reconhece o palmeirense.

A relação com Cuca começou de maneira conflitante. Dudu chegou a reclamar publicamente de cobranças do treinador, irritou-se por ser substituído e chegou a perder a vaga no time. Tudo isso no mês de maio, principalmente após a derrota para o São Paulo no Morumbi. A reconciliação veio depois de uma conversa “de homem para homem” nas rodadas seguintes, segundo o próprio jogador, que serviu para acabar com o mal-entendido.

Na última rodada do primeiro turno do Brasileiro, o atacante surpreendentemente foi escolhido como capitão após a grave lesão no cotovelo que Fernando Prass sofreu na preparação para a Olimpíada. A faixa virou o símbolo de uma nova fase do líder do Palmeiras. No início de julho, Dudu foi sondado por um time chinês, mas o Palmeiras não quis negociá-lo. O jogador se tornou também um símbolo do perfil de contratações bem-sucedidas da atualidade: jogador jovem com contratos longos e potencial para se tornar ídolo dentro do clube.

O estilo irreverente e provocador já rendeu comparações com Edmundo, eterno ídolo palmeirense. As primeiras surgiram quando Dudu usou um chapéu para festejar gol contra o Corinthians. A comemoração inusitada foi uma referência à maneira como chegou ao Palmeiras. Antes que o Alviverde demonstrasse interesse pela sua contratação, Corinthians e São Paulo estavam na parada.

Além de adotar um estilo mais discreto, Dudu evoluiu dentro de campo. Passou de finalizador a garçom. Em 2015, foi decisivo no título da Copa do Brasil com dois gols na finalíssima contra o Santos e terminou a temporada como o artilheiro com 16 gols em 56 partidas. O belo passe para Gabriel Jesus marcar o gol do Palmeiras no empate por 1 a 1 com o Atlético-MG, na última quinta-feira, em Minas Gerais, pela 35.ª rodada, foi a décima assistência do atacante, o que o coloca na liderança do quesito no torneio, ao lado do meia Gustavo Scarpa, do Fluminense.

Além dos dez passes para gol no Brasileirão, o capitão do Palmeiras foi o responsável por outros dois toques decisivos na Libertadores deste ano. Ao todo, são 12 assistências na temporada, mesmo número obtido em 2015, quando terminou o ano como o segundo principal assistente do clube, atrás do meia Robinho (13), que está no Cruzeiro. A diferença, no entanto, é que, em 2016, Dudu precisou de cinco partidas a menos para alcançar o feito (51, em 2016, contra 56, em 2015).

Animado pela possibilidade de ultrapassar a boa marca de 2015, Dudu destaca a importância de sua mudança de posicionamento. “Eu sempre joguei mais avançado, mas agora estou atuando um pouco mais recuado e isso facilita a olhar o jogo de outra maneira. Mais importante do que a posição onde jogar é poder ajudar o Palmeiras a vencer as partidas”, diz o atacante do Palmeiras.

Dudu mostrou diferencial importante nos grandes jogos. Desde que chegou ao clube, no início de 2015, o atacante já enfrentou os rivais do estado em 20 oportunidades, marcou seis vezes e deu quatro assistências. Do atual elenco, apenas o companheiro Rafael Marques balançou as redes mais que Dudu nos dérbis, com sete. “Os clássicos são jogos especiais para mim”, resume.


Gabriel Jesus o símbolo maior da conquista

Gabriel Jesus

Revelação é fundamental ao time e cumpre promessa de se despedir com o título

Em 2016, Gabriel Jesus conseguiu confirmar a enorme expectativa dos torcedores que vinha desde as categorias de base do Palmeiras, quando marcou 37 gols em 22 jogos em 2014 e quebrou o recorde do Campeonato Paulista Sub-17. A maior revelação do clube desde Vagner Love conquistou a vaga de titular na seleção brasileira e se tornou um dos rostos marcantes da recuperação da equipe, agora sob o comando de Tite.

Aos 19 anos, o menino prodígio também está na lista de 55 candidatos ao prêmio Rei das Américas, promovido pelo jornal uruguaio El País. Para completar o “ano mágico’’, ele foi protagonista na conquista do inédito ouro olímpico pelo futebol brasileiro nos Jogos do Rio.

Com a camisa do Palmeiras, acumula 83 jogos e 28 gols. No Campeonato Brasileiro, é um dos vice-artilheiros com 12 gols, um a menos que Fred. A trajetória como principal atacante, no entanto, foi irregular.

Gabriel Jesus teve um início arrasador, quando foi um dos líderes de uma equipe consistente e que ganhava dentro e fora de casa. Deu seu cartão de visitas logo na estreia quando fez dois gols na goleada sobre o Atlético-PR. Mas, depois de um primeiro turno cheio de gols, a fonte secou por algum tempo na segunda etapa do torneio.

Quando marcou o gol de empate diante do Atlético-MG no Estádio Independência, na quinta-feira, ele encerrou um jejum de oito jogos sem festejar. Chorou muito quando tirou o peso dos ombros. Seu último gol com a camisa do Palmeiras havia sido lá atrás, em setembro, diante do rival Flamengo.

Uma das razões do jejum foi a marcação cerrada sobre ele. As grandes atuações ao longo do ano levaram os adversários a preparar esquemas especiais para anular o palmeirense. “Uma das minhas missões é recuperar o Gabriel Jesus. Por isso, estou tentando colocá-lo em posições diferentes”, afirmou recentemente o técnico Cuca.

O atacante de 19 anos não tem posição fixa e pode atuar tanto centralizado, no meio da área, quanto pelos lados. Titular absoluto desde o comando de Marcelo Oliveira, Jesus encantou a torcida alviverde e ganhou a música “Glória, glória, aleluia, é Gabriel Jesus!” Em sua primeira temporada pelo Palmeiras, o atacante contabilizou 37 partidas e sete gols.

Ídolo de todos. Gabriel Jesus encanta não apenas a torcida, mas também os novos atletas. Nas peneiras que o Palmeiras realiza a cada três meses para as categorias de base, o camisa 33 é o modelo absoluto. Na última quinta-feira, no teste realizado na zona sul de São Paulo, dos 30 meninos entre 16 e 19 anos, 26 citaram Jesus como referência.

Ele é tão importante para o clube que o presidente Paulo Nobre costuma acionar seu jatinho particular – batizado de Air Pork One – para garantir seu retorno rápido após os jogos da seleção. Foi assim antes da partida contra o São Paulo, no Allianz Parque, após jogo da seleção brasileira em Manaus, contra a Colômbia. Ele foi importante na vitória por 2 a 1.

Diante do Atlético-MG, quando a operação se repetiu entre quarta e quinta-feira, ele foi ainda mais decisivo e fez o gol que abriu o primeiro placar. O time conquistou um “ponto de ouro”, na avaliação de Cuca.

Em alguns momentos, Gabriel Jesus sentiu a pressão de ser protagonista. Na última sexta-feira, o técnico Cuca disse que, para um jovem de 19 anos, o atacante tem sido muito exigido. “Ele é um menino. Tem muitas coisas na cabeça dele. Em um ano, ganhou o ouro olímpico, virou titular na seleção brasileira, foi vendido para o futebol inglês e pode ser campeão brasileiro. Não é fácil enfrentar tudo isso’’, comentou, já antevendo que o jogador acabaria realizando o sonho de conquistar o título em sua despedida do clube.

Mas mesmo quando a preocupação de preservar Gabriel Jesus e deixá-lo tranquilo e concentrado tornou-se necessária, foi impossível fazer com que ficasse focado somente em jogador futebol. Há novos compromissos. Semana passada, por exemplo, quando o Palmeiras estava em Atibaia, ele teve de deixar o local em um helicóptero direto para Mogi das Cruzes, onde participou de evento de premiação dos Jogos Escolares. O garoto já começa a conviver com os compromissos e responsabilidades de um ídolo.

Em janeiro, ele se transfere para Manchester City, dirigido por Pep Guardiola. O clube inglês pagou € 32,75 milhões (R$ 117,5 milhões em valores atuais). O técnico espanhol coloca grandes expectativas em seu futuro comandado. “Ele é como Kelechi (Iheanacho) e Sergio (Aguero). Quando a bola está lá, é gol”, diz Guardiola.

A imprensa inglesa já o trata como “novo Neymar”. O jornal Daily Mirror exaltou a exuberância de Jesus. “Ele incorpora o estilo brasileiro ideal de um jogador de rua, sempre procurando por soluções inesperadas e disposto a tentar coisas diferentes”. Mais sóbrio, o The Guardian demonstrou preocupação com a falta de sucesso de jovens brasileiros no Campeonato Inglês, lembrando apenas Juninho Paulista, no Middlesbrough. “Mas a qualidade de Gabriel Jesus é indiscutível”, constatou o jornal, se esquecendo dos “Samba Boys” do Liverpool, grupo formado pelo Coutinho, Lucas Leiva e Firmino.

No Palmeiras desde as bases, Jesus já afirmou que será difícil se despedir. “Na partida contra a Chapecoense, meu último jogo na arena (domingo), vai ser muito difícil me conter”.

O palco da conquista

O moderno estádio do Palmeiras foi decisivo na campanha


Allianz Parque um ano

O Allianz Parque completou 1 ano em novembro de 2015

Títulos palmeirenses

Relembre os títulos brasileiros anteriores do clube

1960 Taça Brasil

Na era da primeira Academia de Futebol do Palmeiras, o clube fez uma campanha curta e arrasadora para chegar ao primeiro título nacional, com a conquista da Taça Brasil. O time paulista entrou na competição apenas na fase final, assim como o Santa Cruz, já que o regulamente previa esse "atalho" aos representantes dos Estados finalistas do Campeonato Brasileio de seleções estaduais.

O Alviverde estreou logo na semifinal contra o dono da melhor campanha, o Fluminense. O equilibrado confronto começou com um empate sem gols no Pacaembu e exigiu do Palmeiras ter de vencer no Maracanã no jogo de volta, algo que conseguiu com um gol de Humberto, já nos minutos finais. A sofrida classificação rendeu ir à final contra o Fortaleza, ganhador da chave norte da competição.

Os encontros decisivos ao menos foram mais fáceis para o Palmeiras. Logo na ida, o time aplicou 3 a 1 na equipe nordestina e para a partida de volta, no Pacaembu, entrou em campo dias depois do Natal com absoluta tranquilidade. Após sair atrás no placar, a equipe goleou de forma impiedosa o Fortaleza por 8 a 2 para garantir a taça.


1967 Roberto Gomes Pedrosa

Na primeira edição do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, os clubes do eixo Rio-São Paulo tiveram a companhia de times de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. O inchaço da competição, com 15 participantes, não atrapalhou o domínio palmeirense ao longo da campanha, com somente duas derrotas em 20 partidas.

Na primeira fase o Palmeiras teve de superar um equilibrado grupo. Dos oito participantes, somente dois se classificavam e como os times só enfrentaram os adversários presentes na outra chave, não houve confronto direto. O Alviverde, conseguiu vaga como líder, ao terminar na frente de times fortes como Grêmio, Portuguesa e o Santos, de Pelé.

Depois, o Palmeiras foi ao quadrangular final junto com Grêmio, Inter e Corinthians. O Alviverde começou a fase final com vitória fora de casa sobre o Inter, seguidos de empates com Corinthians e Grêmio, todos como visitante. Nos três últimos jogos, a equipe foi mandante e selou a campanha vitoriosa com vitória sobre o Corinthians, empate com o Inter e no jogo final, vitória por 2 a 1 sobre o Grêmio, no Pacaembu, com gols de César Maluco.


1967 Taça Brasil

Apesar de ter entrado na competição só na reta final, o Palmeiras enfrentou muitas dificuldades para confirmar novamente o título nacional. O campeão paulista do ano anterior passou a disputar o torneio somente na semifinal, quando teve pela frente o Grêmio. Uma derrota em Porto Alegre, respondida com uma vitória no Pacaembu forçou um jogo desempate, novamente vencido pelo Alviverde, que com o 2 a 1, passou à decisão.

A final trouxe grandes dificuldades ao time paulista. O adversário foi a supresa da competição, o Náutico, que passou pelo Cruzeiro na semifinal. O favoritismo não pesou tanto contra o Palmeiras no primeiro jogo na Ilha do Retiro, vencido de virada por 3 a 1. O problema foi que na volta, no Pacaembu, foi a vez da equipe pernambucana surpreender, ao ganhar por 2 a 1 e forçar um jogo desempate dois dias depois, já às vésperas do Ano Novo.

O Maracanã foi o local escolhido para a partida extra, já em 29 de dezembro. O Palmeiras não deu chances ao Náutico, ao abrir 2 a 0 já no primeiro tempo, com gols de César Maluco e Ademir da Guia. Após manter o placar na etapa final, o Alviverde conquistou o terceiro título nacional da sua história.


1969 Roberto Gomes Pedrosa

Com a extinção da Taça Brasil no anterior, o Roberto Gomes Pedrosa se tornou o principal campeonato nacional naquele ano. Disputado por 17 equipes, o torneio durou de setembro a dezembro. O Palmeiras dominou o seu grupo e terminou na liderança, condição que lhe deu a vaga no quadrangular decisivo. Os outros classificados foram Botafogo, Corinthians e Cruzeiro.

A disputa entre os finalistas foi muito equilibrada. Logo na primeira rodada, um clássico paulista nervoso entre Corinthians e Palmeiras acabou empatado sem gols no Morumbi. O Alviverde, dias depois, foi até Belo Horizonte, onde empatou com o Cruzeiro em 1 a 1 e foi para a rodada final com a necessidade de torcer por uma combinação de resultados para chegar ao quarto título nacional, o terceiro em dois anos.

No Morumbi, o Palmeiras precisava vencer o Botafogo por uma vantagem de gols maior do que a possível vitória do Cruzeiro sobre o Corinthians. No Mineirão, a equipe da casa fez 2 a 1, placar menor do que a convicente vitória alviverde. No campeonato que marcou a despedida da primeira geração da Academia de Futebol, o time ganhou por 3 a 1 e conquistou a taça.


1972 Brasileiro

O Palmeiras de 1972 era forte, seguro e entrosado. A mesma base campeã da Taça Brasil e do Roberto Gomes Pedrosa no fim da década anterior continuou junta para liderar a equipe rumo à conquista. E na campanha o time não teve grandes adversários, afinal em 30 jogos, foram 16 vitórias, dez empates e apenas quatro derrotas.

"Éramos um time muito unido, todos os jogadores eram amigos fora de campo. Mesmo fora dos treinos, a gente saía para almoçar junto, jantar ou até para tomar uma cerveja", contou o ex-atacante Leivinha, artilheiro do time no torneio daquele ano, com 15 gols. "Tínhamos um ótimo entrosamento. Nos treinos, a gente praticava as jogadas e nas partidas, fiz muitos gols de cabeça", contou.

O poderio ofensivo da equipe nem precisou contribuir na decisão. Em jogo único no Morumbi, o Palmeiras empatou sem gols com o Botafogo e levou a taça por ter a melhor campanha. "A torcida palmeirense naquela época estava acostumada a ver o time ganhar títulos. A segunda geração da Academia era muito forte", disse Leivinha sobre a equipe que tinha, entre outros nomes, Leão, Dudu, Luis Pereira e Ademir da Guia.


1973 Brasileiro

O ano foi quase uma reprise do ano anterior. O elenco forte mantido e a melhor campanha da competição possibilitaram ao Palmeiras ser bicampeão nacional com a mesma receita de 1972. O time jogou pelo empate na decisão, segurou o 0 a 0 com o São Paulo e foi novamente o campeão, com outra volta olímpica no estádio do Morumbi.

Em 40 jogos naquela competição, o Palmeiras só perdeu três vezes. "O nosso time ficava treinando mesmo depois que o professor Oswaldo Brandão encerrava os trabalhos. Todo mundo queria melhorar, se aperfeiçoar e continuar a ser campeão mais vezes", contou o ex-atacante César Maluco. Para ele, não fosse o desmanche da base em 1974, a equipe teria sido campeã novamente.

Ter que enfrentar o São Paulo naquela final foi um grande atrativo. Os dois clubes polarizavam o futebol paulista naquela época e cabia a César Maluco o papel de ser um incentivador da rivalidade. "Eu sempre dava entrevistas em que previa o placar. Eu até sonhava com os gols. Naquele time, que tinha vários jogadores talentosos, era eu quem gritava e incentivava no vestiário", relembrou.


1993 Brasileiro

Foram 20 anos de espera da torcida para o Palmeiras retomar o topo do futebol nacional. A conquista de 1993 foi uma das várias glórias daquele período marcado pela parceria com a Parmalat. Para o artilheiro do time com 11 gols, Edmundo, a taça ficou mais fácil depois do título paulista daquele ano em cima do Corinthians, que encerrou os 16 anos do Palmeiras sem conquistas.

A equipe comandada pelo técnico Vanderlei Luxemburgo eliminou o São Paulo antes de ter pela frente a zebra do torneio, o Vitória. "Quando a gente ganhou o Paulista, tudo ficou mais leve e fácil no clube. A certeza do título já era forte no grupo quando ganhamos o primeiro jogo, em Salvador. Aí jogamos no Morumbi, na volta, com enorme tranquilidade", contou Edmundo, autor do último gol dos 2 a 0 sobre a equipe baiana no segundo jogo da decisão.

Entre o título paulista, garantido em junho, e o do Brasileiro, confirmado em dezembro, o Palmeiras construiu uma campanha de somente duas derrotas em 22 jogos na competição nacional. "Éramos um time forte e ficamos melhores no Brasileiro porque não havia mais a cobrança. Então, mesmo no papel de favoritos na final contra o Vitória, foi algo bem mais tranquilo do que ter de ganhar do Corinthians e acabar com o jejum do clube", explicou Edmundo.


1994 Brasileiro

Naquele ano o Palmeiras já considerava rotina ser campeão. Depois de ganhar os dois últimos títulos paulistas, mais o Brasileiro do ano anterior, o elenco convivia com o favoritismo e a expectativa de forma natural. Em 1994 foi novamente um domínio durante a campanha, com 31 jogos e 20 vitórias antes de encontrar na final o rival, o Corinthians.

O zagueiro daquele time, Antônio Carlos, contou que apesar da qualidade, o Palmeiras precisava conter problemas internos. "Era um elenco com muitos jogadores consagrados e de personalidade. Eu e o Edmundo, por exemplo, não nós falávamos. Hoje nós damos bem. Mas naquela época, a gente só se entendia dentro de campo mesmo, havia esse respeito", disse.

A equipe eliminou as surpresas Bahia e Guarani antes da final, contra o Corinthians. Foram dois jogos no Pacaembu, o primeiro com vitória por 3 a 1 e o último com empate em 1 a 1. "Ganhamos com certa tranquilidade, porque tínhamos um time melhor. No segundo jogo, mesmo saindo atrás logo no começo, o Palmeiras criou chances e soube definir a decisão", contou o ex-defensor.

Todos os campeões brasileiros

Por ano

AnoClube
1959Bahia
1960Palmeiras
1961Santos
1962Santos
1963Santos
1964Santos
1965Santos
1966Cruzeiro
1967Palmeiras*
1968Botafogo
1969Palmeiras
1970Fluminense
1971Atlético (MG)
1972Palmeiras
1973Palmeiras
1974Vasco
1975Internacional
1976Internacional
1977São Paulo
1978Guarani
1979Internacional
1980Flamengo
1981Grêmio
1982Flamengo
1983Flamengo
1984Fluminense
1985Coritiba
1986São Paulo
1987Sport**
1988Bahia
1989Vasco da Gama
1990Corinthians
1991São Paulo
1992Flamengo
1993Palmeiras
1994Palmeiras
1995Botafogo
1996Grêmio
1997Vasco da Gama
1998Corinthians
1999Corinthians
2000Vasco da Gama
2001Atlético (PR)
2002Santos
2003Cruzeiro
2004Santos
2005Corinthians
2006São Paulo
2007São Paulo
2008São Paulo
2009Flamengo
2010Fluminense
2011Corinthians
2012Fluminense
2013Cruzeiro
2014Cruzeiro
2015Corinthians
2016Palmeiras

Por clube

ClubeTítulos
Palmeiras9* (1960, 1967*, 1969, 1972, 1973, 1993, 1994, 2016)
Santos8 (1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1968, 2002, 2004)
São Paulo6 (1977, 1986, 1991, 2006, 2007, 2008)
Corinthians6 (1990, 1998, 1999, 2005, 2011, 2015)
Flamengo5 (1980, 1982, 1983, 1992, 2009)
Cruzeiro4 (1966, 2003, 2013, 2014)
Fluminense4 (1970, 1984, 2010, 2012)
Vasco4 (1974, 1989, 1997, 2000)
Internacional3 (1975, 1976, 1979)
Bahia2 (1959, 1988)
Botafogo2 (1968, 1995)
Grêmio2 (1981, 1996)
Atlético (MG)1 (1971)
Guarani1 (1978)
Coritiba1 (1985)
Sport1 (1987)
Atlético (PR)1 (2001)

* O Palmeiras venceu no mesmo ano a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa

** O STJD oficializou o Sport como único campeão de 1987

Por Estado

EstadoTítulos
São Paulo27
Rio de Janeiro15
Rio Grande do Sul5
Minas Gerais5
Bahia2
Paraná1
Pernambuco1
Reportagem
Ciro Campos & Gonçalo Junior
Edição
Robson Morelli & Vitor Marques
Direção de Arte
Fabio Sales
Edição de Infografia
William Mariotto
Design
Carlos Marin & Tiago Henrique