A  DESPEDIDA DE ROGÉRIO CENI

TÍTULOS

RECORDES

JOGOS MARCANTES

CURIOSIDADES

ENTREVISTA

SÉRIE ESPECIAL

CRONOLOGIA

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão

Ídolo do São Paulo, Rogério Ceni dá adeus ao futebol

Chega ao fim em 2015 a era Rogério Ceni. O goleiro, chamado de "Mito" pelos torcedores do São Paulo e famoso pela liderança, atuações e gols de falta, se aposenta do futebol aos 42 anos. Desse período, 25 anos foram dedicados ao clube do Morumbi, onde ganhou muitos títulos, cativou uma legião de fãs e deixa para a posteridade uma grande lista de recordes.

São 25 anos no mesmo lugar. Se você parar para pensar, 25 anos em uma mesma empresa, em que você se expõe publicamente para ser julgado toda quarta e domingo, é bastante tempo. É uma carreira toda e chegar aos 42 anos jogando, isso é difícil", disse Ceni em entrevista exclusiva ao Estado.

 

A camisa 1, ou a 01, como ele gosta de utilizar, foi a responsável por marcar gols importantes e definir um estilo próprio de atuar. O gosto por jogar com os pés, a obsessão por títulos e a liderança como capitão marcaram Ceni como alguém diferente dos demais colegas. A personalidade forte e a carreira de suceso o colocaram como referência no futebol brasileiro.

 

O legado de Rogério Ceni era um patrimônio impensável quando o jovem de 17 anos deixou o Mato Grosso como campeão estadual pelo Sinop e se mudou para capital paulista, em 1990. Por anos o garoto morou no alojamento no estádio do Morumbi, passou dificuldades e criava expectativa para integrar o elenco profissional do São Paulo. A chance demoraria algum tempo.

 

 

Os primeiros anos de Ceni no São Paulo

 

 

      O ano de 1993 foi marcante para o então jovem jogador. Campeão da Copa São Paulo em janeiro, meses depois finalmente ganharia a chance de estrear pelo time. Era junho de 1993, quando em um torneio amistoso na Espanha o goleiro pode estrear. Em dezembro, foi ao Japão como reserva de Zetti e viu do banco a equipe derrotar o Milan e ser campeão mundial.

 

      "Confesso que a gente via potencial nele na maneira que treinava e vinha jogando na base, mas sem essa expectativa ou visão que ele se tornaria ídolo, chegar até os 42 anos jogando em um só clube", disse Zetti, titular do São Paulo na época. Ao deixar o clube no fim de 1996, abriu espaço para o ex-reserva chegar ao elenco principal e assumir a vaga.

 

      A primeira temporada de Rogério Ceni como titular foi em 1997. Logo em fevereiro daquele ano o goleiro marcou o primeiro gol da carreira, contra o União São João, e começaria ali a ter uma papel paralelo. O responsável por defender o time, também ajudaria no ataque, em cobranças de pênalti e faltas, que renderam mais de 130 gols ao longo da carreira. "Suprir a ausência do Rogério é bem complicado. Ele se dedicou a vida toda, é ídolo. Repôr a saída dele é difícil", disse o atacante Luis Fabiano, terceiro maior artilheiro da história do clube, com 212 gols.

 

      Anos mais tarde a carreira de Ceni se consolidou de vez. No ano de 2002 foi campeão da Copa do Mundo com a seleção brasileira e três anos mais tarde, voltaria ao topo do mundo. Daquela vez, levou o São Paulo ao auge graças a um ano perfeito. Campeão estadual, da Libertadores e do Mundial, teve uma temporada perfeita. Foi o artilheiro do time no ano e ainda o grande herói da histórica decisão contra o Liverpool, da Inglaterra, apesar de estar com o joelho machucado.

 

 

 

 

Rogério Ceni na Libertadores

 

 

      Nas três temporada seguintes ganhou as edições do Campeonato Brasileiro. Liderou o time, ergueu as taças e se tornou um dos nomes mais importantes do clube. Rogério Ceni passou a ser sinônimo de alguém dotado da obsessão por títulos e como consequência, na quebra de recordes. "O Rogério foi importantíssimo em todas estas conquistas. Nas preleções, ele sempre tinha palavras sábias e confortantes. Ele não tem só o dom de ser um atleta do futebol, ele tem o dom da palavra e, assim, contagiava o ambiente. Foi marcante jogar ao lado dele", contou o lateral-esquerdo Junior.

 

      A partir de 2009 os títulos do São Paulo diminuíram, mas o goleiro pode acumular feitos individuais notáveis. Em 2011, marcou o 100º gol da carreira, exatamente diante do rival, o Corinthians, e chegou ao 1000º jogo pelo clube, em partida marcada por grande festa diante do Atlético-MG, no estádio do Morumbi.

 

      A chegada dos 40 anos de idade acompanhou o suspense sobre a aposentadoria. Entre suspense e prorrogações de contrato, Ceni pode ainda jogar mais duas edições de Copa Libertadores e ser vice-campeão brasileiro em 2014. No último ano da carreira, sofreu com lesões, mas sempre manteve firme nas suas declarações o espírito de liderança e a autoanálise que lhe fez reiterar o quanto já era realizado na carreira por tudo o que havia construído.

 

 

 

Os títulos da carreira de Rogério Ceni

 

 

 

 

Números e recordes

Prêmios individuais

Cinco jogos marcantes

 

15/2/1997 União São João 0 x 2 São Paulo

Neste jogo, Rogério Ceni marcou seu primeiro gol com a camisa do São Paulo, em partida válida pelo Campeonato Paulista. Duas semanas antes, contra o Flamengo, no Maracanã, o goleiro já havia cobrado uma falta no travessão. Mas foi Adinam, do time do interior, que ficou marcado por levar o primeiro tento de Ceni.

 

 

 

21/2/2001 São Paulo 1 (7) x 1 (6) Fluminense

No Maracanã, além de se destacar no tempo normal, o goleiro defendeu três pênaltis na decisão que valia vaga na final do Torneio Rio-São Paulo. A bela atuação garantiu a vitória são-paulina, que se classificou para a decisão, quando ganharia título inédito.

 

 

 

1/6/2005 São Paulo 4 x 0 Tigres

Era quartas de final da Libertadores, no Morumbi. Ceni esteve perto de marcar três gols na mesma partida, o que seria um recorde. Antes de ter essa oportunidade, ele fez um gol de falta no primeiro tempo e outro no segundo. Quando o time vencia por 4 a 0, o árbitro deu pênalti para o São Paulo, mas o goleiro chutou por cima.

 

 

18/12/2005 São Paulo 1 x 0 Liverpool

Em atuação muito segura, fez defesas difíceis, como evitar uma cobrança de falta que entraria no ângulo. O goleiro garantiu a vitória da equipe na final do Mundial de Clubes e acabou escolhido como o melhor de jogo naquela que é para muitos são-paulinos a maior atuação da carreira de Ceni.

 

 

20/8/2006 Cruzeiro 2 x 2 São Paulo

Foi neste duelo, pelo Campeonato Brasileiro, que Ceni ultrapassou Chilavert como o maior goleiro artilheiro da história do futebol. Além de defender um pênalti quando a partida estava 2 a 0 para os mineiros, o são-paulino marcou um gol de falta e outro de pênalti e alcançou os 64 gols na carreira, além de salvar o time da derrota. O placar acabou 2 a 2.

 

 

 

Curiosidades

 

1º jogo - 25/6/1993

Troféu Santiago de Compostela - São Paulo 4 x 1 Tenerife

 

100º jogo - 14/6/1997

Copa dos Campeões Mundiais - São Paulo 2 x 1 Grêmio

 

500º jogo - 15/11/2003

Amistoso - São Paulo 6 x 3 Bolton Wanderers

 

1.000º jogo - 7/9/2011

Brasileirão - São Paulo 2 x 1 Atlético-MG

 

1.100º jogo - 18/9/2013

Brasileirão - São Paulo 1 x 0 Atlético-MG

 

1.200º jogo - 25/3/2015

Campeonato Paulista - São Paulo 0 x 3 Palmeiras

 

Primeiro título como titular - 21/12/1994

Copa Conmebol - Peñarol 3 x 0 São Paulo

 

Primeira vez como capitão - 14/8/1994

Campeonato Brasileiro - Paysandu 0 x 0 São Paulo

 

Primeira vez dois gols em um jogo - 25/4/1999

Campeonato Paulista - São Paulo 2 x 1 Inter de Limeira

 

 

 

 

 

 

Entrevista

      Após 25 anos, Rogério Ceni começa a se despedir de sua rotina diária de treinar e jogar pelo São Paulo. O goleiro se esforça para conseguir disputar o último jogo oficial no domingo, contra o Goiás, no Serra Dourada, mas admite que pode ficar fora da partida que vale vaga na Libertadores. Em entrevista exclusiva ao Estado, ele revela que pretende investir em palestras motivacionais, quer estudar o futebol e admite o desejo de treinar o São Paulo um dia.

 

Série especial do Estado

 

      Durante os últimos meses da carreira do goleiro o Estado preparou uma retrospectiva especial. A cada partida com a atuação de Ceni pelo São Paulo, relembramos uma atuação marcante do jogador contra aquele adversário. Confira os textos produzidos:

 

 

Atlético-PR

Coritiba

Corinthians

 

 

Cruzeiro

Grêmio

Inter

Palmeiras

Santos

Vasco

 

 

 

Cronologia de Rogério Ceni

 

Reportagem: Ciro Campos

Webdesigner: Gisele Oliveira

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão