Descubra como nos revelamos makers para o especial chegar até você

A escolha do tema e a divisão dos grupos foram só o começo de um trabalho de muita pesquisa

Luciana Amaral, Nathália Larghi e Raphael Hernandes

Pensar em um assunto interessante, ainda não explorado e que renda um caderno especial não foi uma missão fácil. O primeiro passo foi discutir o que gostaríamos de ler e de escrever. Quando um dos focas do 26º Curso Estado de Jornalismo sugeriu "cultura maker" como tema, a maior parte da turma se surpreendeu. Mais da metade não entendeu do que se tratava exatamente o movimento. Quando ele falou em Fab Lab, menos ainda. Quando falou em arduíno, fresadoras, cortadoras a laser… Oi?

Com uma minipalestra, entendemos que o movimento unia a lógica do “faça você mesmo” a inovações tecnológicas como impressoras 3D e microprocessadores. Mas, afinal, quem é e o que faz um maker? Essa pergunta norteou, pelo menos, as três primeiras reuniões do projeto. Conversar sobre pessoas que criam e aprimoram objetos por conta própria e por meio do compartilhamento de conhecimento e ideias começou a animar a turma.

Depois de um tempo (e muita pesquisa), a gente percebeu que cultura maker não se tratava de um roteiro de ficção científica. O movimento cresce pelo mundo. Primeiro, tivemos de entender o significado de cada conceito e os makers pareciam ser um pequeno grupo de pessoas. Mas, já na pré-apuração, vimos que não era bem assim. A preocupação, a partir daí, era explicar e traduzir todos esses termos em uma linguagem acessível para você.

Tema definido, hora de pensar na estrutura. Resolvemos criar grupos de trabalho por tópicos, pensando nas seções Apresentação, Comportamento, Educação, Economia e Tecnologia. Além disso, teríamos ainda as abas Games, Entrevistas, Serviços, Tutoriais e Making of - para matar a sua curiosidade. Dentro das equipes, alguns ficaram mais voltados ao impresso e outros à web. Os trabalhos, no entanto, ocorreram paralelamente.

Já que muito do movimento maker acontece na internet, começamos a mexer com o online - em especial, o mobile. Aproveitamos também o perfil jovem da turma, que cresceu em frente ao computador. O cuidado nessa etapa foi facilitar a navegação nos celulares.

Seguindo o padrão das reportagens especiais multimídia do Estadão, optamos por uma abertura de visual limpo e simples. Para demonstrar a proximidade do movimento com pessoas reais, resolvemos guiar o caderno a partir da história de quatro makers de diferentes idades, interesses e profissões. Ao apresentar personagens diversos, que criam objetos com modos de produção variados, mostramos que o movimento é algo plural: qualquer um pode ser maker. Embaixo, um texto e vídeos que explicam o movimento e apresentam alguns dos principais pensadores do assunto.

Queríamos o online interativo e didático. Uma das primeiras ideias foi a produção de tutoriais que mostrassem como as pessoas criam e compartilham o passo-a-passo desses projetos. Pensamos também em montar galerias e linhas do tempo para ajudar a entender quando surgiram e o que fazem algumas das inovações tecnológicas usadas pelos makers.

Trazê-lo para o ambiente maker de maneira interativa e descontraída foi a motivação para criarmos um jogo e um quiz sobre o movimento. No jogo, a gente faz um convite para você criar um objeto dentro de um makerspace animado. Já no quiz, dá para descobrir com qual maker famoso você se parece. Leonardo da Vinci? MacGyver? Ao todo, só para o online foram feitos o jogo, o quiz, os tutoriais, as dicas de serviços e aproximadamente 30 matérias. Ufa!

O impresso veio depois, mas também recebeu toda nossa atenção. As reportagens precisavam, ao mesmo tempo, apresentar o movimento e mostrar como ele influencia diversos setores da sociedade. Para isso foi necessária muita apuração. Descobrimos personagens, conversamos com especialistas, conhecemos empreendedores e visitamos Fab Labs e makerspaces.

Durante esse processo, pesquisamos bastante, fizemos descobertas inusitadas e entrevistamos pessoas de vários lugares. Usamos a tecnologia a nosso favor: quando não era possível encontrar o personagem pessoalmente ou conversar com ele por telefone, recorremos ao Skype.

A etapa de edição e revisão foi a mais intensa. Focas reunidos com as editoras e caixas de pizza de pepperoni durante todo o dia, às vezes até a madrugada, trabalhando nos textos e nos vídeos. É a hora de acertar e encaixar tudo. Será que essa matéria fica bem perto daquela outra? Esses títulos não estão muito parecidos? Todas as fotos têm crédito? Foi o momento também de uma revisão geral, especialmente cuidadosa para evitar qualquer errinho.

Muitas horas de trabalho e copos de café mais tarde, o especial sobre o movimento maker está pronto para chegar até você. Esperamos que goste ;)