Avô marceneiro, neto maker

Assíduo frequentador de makerspaces, Maurício lida com invenções tecnológicas no trabalho e em momentos de lazer

Humberto Abdo e Thales Schmidt

A tradição começou com Jorge, o avô marceneiro. E passou para Edil, que apresentou ao filho o mundo da eletrônica. “Sou a terceira geração de makers da minha família”, diz o consultor de interatividade Maurício Jabur, de 43 anos, nos fundos de seu ateliê na zona oeste de São Paulo.

Ele conta que construiu com o pai, na marcenaria do avô, vários dos móveis da casa. Juntos, também montaram um interfone e um sistema de som. “No final das contas, estamos resgatando o prazer de fazer as coisas, e não é por necessidade.” Maurício acredita que as facilidades da vida na cidade deixam as pessoas acomodadas. “Nos esquecemos até de como trocar uma lâmpada.”

Fã de jogos de tabuleiro e escritores de ficção científica, ele diz ser quase um estereótipo. No tempo que passa no Garagem Fab Lab e no laboratório do Insper, Maurício já fez pinball (simulador de fliperama), placar eletrônico de LED, termômetro para cerveja artesanal e vários trens em miniatura. “Tem dia que vou para lá só para passar o tempo, tomar café e conversar.” O consultor calcula que passa 16 horas por semana dentro dos Fab Labs.“É quase uma outra jornada”, comenta.

Maker Maurício Jabur é a terceira geração de uma família de criadores Crédito: Daniel Teixeira

Seu primeiro contato com o movimento maker foi em Nova York, em 1994, quando visitou um hackerspace. “Encontrei algo a respeito na internet e na época não existia nada parecido no Brasil.” Desde então, gosta de conhecer makerspaces ao redor do mundo sempre que viaja. Maurício já passou por espaços americanos como o Resistor, no bairro do Brooklyn, e o Noisebridge, em São Francisco, e planeja novas viagens.

Seu atual emprego como consultor de interatividade para museus condiz com as atividades de um maker fanático: criar e organizar dispositivos eletrônicos e outros truques tecnológicos em mostras e exposições. “Os artistas criam conceitos e precisam de alguém que viabilize isso, que transforme o sonho em realidade, algo que funcione”, explica. “É aí que eu entro.”