O que será o amanhã? Acabou o mistério: após três anos de obras, o carioca finalmente descobrirá do que trata o Museu do Amanhã, erguido no Pier Mauá, na nova zona portuária do Rio, às margens da Baía de Guanabara.

Desde o anúncio, em 2010, o projeto desperta curiosidade, tanto pela arquitetura inovadora, assinada pelo espanhol Santiago Calatrava, quanto pelo conteúdo, voltado à sustentabilidade e inédito no mundo. Na quinta-feira passada, ele foi inaugurado pela presidente Dilma Rousseff. Anteontem, as portas se abriram a funcionários e moradores vizinhos. Ontem e hoje, a entrada, gratuita, é para todos.

O museu, de ciência, motiva discussões tão amplas quanto o universo que abarca. Os ambientes provocam reflexões sobre o impacto das ações do homem sobre os diferentes ecossistemas desde o início da presença do homo sapiens, há milhares de anos, até hoje. A visita, que dura, em média, duas horas, é dividida em cinco grandes áreas: cosmos, Terra, antropoceno, amanhã e agora. São 27 experiências, como chamam os criadores do museu, inserido em novo conceito de equipamentos culturais, que oferecem não só contemplação, mas interação sensorial.

 

Conheça o museu

Sustentabilidade O edifício foi projetado para ser sustentável. A cobertura metálica tem aletas cobertas com painéis fotovoltaicos para gerar energia

Cobertura A cobertura metálica no topo tem aletas com painéis fotovoltaicos para gerar energia

Primeiro andar Exposição principal, é pautada por 5 perguntas representadas em 5 grandes áreas

Térreo Saguão de entrada, pavilhão de exposições temporárias, auditório e restaurante

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Loja
Bilheteria
Observatório do Amanhã
Auditório para 400 pessoas
Salão de exposições temporárias
Administração
Restaurante
Laboratório de Atividades do Amanhã
De onde viemos?
Cosmos O Universo a que pertencemos, em todas as suas dimensões.
No interior de um grande domo em 360°, o visitante é imerso em um filme de 8 minutos produzido pela 02, de Fernando Meirelles
Quem somos?
Terra As condições de nossa existência: matéria, vida e pensamento.
3 cubos de 7 metros de altura mostram o DNA, o clima da Terra e a complexidade do pensamento humano
Onde estamos?
Antropoceno O impacto da ação humana sobre o planeta.
Totens como monolitos mostram como a ação do homem tem impacto sobre o planeta
Para onde vamos?
Amanhãs Os futuros possíveis de acordo com as escolhas que fazemos hoje.
Atividades interativas exploram questões como mudanças climáticas, alteração da biodiversidade e aumento da população
Como queremos ir?
Nós Os valores e sentimentos para a construção do amanhã que queremos: convivência e sustentabilidade.
Estrutura de madeira que remete a uma oca convida o visitante à reflexão. No centro, fica o churinga, único objeto físico da exposição principal, que simboliza a passagem de conhecimento entre as gerações
No final do percurso, uma grande janela se abre para a Baía de Guanabara
Jardins
Jardins externos Os jardins foram projetados pelo escritório de Burle Marx, que usou espécies nativas, especialmente a vegetação de restinga, típica da região costeira do Rio de Janeiro. Há também árvores como ipê amarelo e roxo, quaresmeira, pau-brasil e pitangueira.
Nos jardins há árvores como ipê amarelo e roxo, quaresmeira, pau-brasil e pitangueira
Espelhos d'água
Espelhos d’água Podem resfriar a temperatura ambiente em até 3 graus.

A água do mar é captada no fundo da Baía de Guanabara, onde é mais fria. Ela é filtrada e utilizada de duas formas diferentes: no sistema de ar condicionado e nos espelhos d’água
Depois, a água utilizada na refrigeração é devolvida mais limpa à baía.
Aletas móveis
Aproveitamento do sol Um sistema hidráulico move as aletas ao longo do dia para que captem sempre o máximo da radiação solar

santiago calatrava

Arquiteto espanhol. Suas construções neofuturistas estão em várias cidades da Europa e Américas. Veja algumas obras:

Torre Montjuic

Torre Montjuic, feita para a Olimpíada de Barcelona. (1992)

Ponte da Mulher

Ponte da Mulher. Buenos Aires. (2001)

Centro de transportes do World Trade Center

Centro de transportes do World Trade Center. Nova York. (2015)

Ao chegar, o visitante encontra um globo terrestre suspenso de quatro metros de diâmetro, onde é apresentado a diferentes fenômenos marítimos e à relação entre as mudanças climáticas e o comportamento de oceanos e populações dos continentes. Em seguida, chega ao “Portal Cósmico”, onde acompanhará, deitado em almofadões, 14 bilhões de anos de história do universo em um filme de oito minutos, projetado numa cúpula.

as formas do museu O arquiteto diz que se inspirou na flora brasileira... A arquitetura do edifício dá margem a várias interpretações: há quem compare a um esqueleto de baleia ou um navio No setor Terra, três cubos de sete metros de lado exibem três dimensões diferentes da existência terrena, matéria, vida e pensamento. Sequências de DNA e fotos que revelam a biodiversidade da Mata Atlântica podem ser observadas de longe e no detalhe. A área do antropoceno expõe o resultado das atividades humanas na natureza: inundações, secas, incêndios florestais.

No ambiente dedicado ao amanhã estão as tendências globais para o mundo, nem sempre positivas, diante da perspectiva de que seremos dez bilhões de pessoas em 2060, pobres, a maior parte. Com a maior longevidade e a escassez de recursos naturais, o futuro requer reflexões que levem a mudanças de hábitos. “Como e onde vamos viver?” – é a ponderação que o fim do percurso narrativo quer suscitar. Depois de uma série de estímulos visuais e sonoros, o ambiente final convida ao recolhimento, numa espécie de oca de madeira que remete a nossos ancestrais.

localização

O Museu do Amanhã fica no Píer Maua, em frente à Baía de Guanabara.

O novo museu faz parte de um conjunto de obras que prometem revitalizar a zona portuária, no centro do Rio

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Galeria: Museu

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O pressuposto do museu é que os próximos 50 anos condensarão mais mudanças na Terra do que os últimos dez mil anos, tamanha a rapidez das transformações atuais. O curador, o físico Luiz Alberto Oliveira, doutor em cosmologia, esclarece que o museu não é futurista – cogitou-se dar a ele o nome de Museu do Futuro. Pelo contrário, prega que o amanhã é hoje. “Futuro é algo longínquo. O amanhã nos diz respeito”, ele esclarece.

Todo o conteúdo é apresentado em português, inglês e espanhol. A iniciativa do museu foi da Fundação Roberto Marinho e da Prefeitura do Rio, que programou um viradão cultural para este fim de semana, com 36 horas de duração - das 10h de ontem às 20 h de hoje, com concerto ao ar livre da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), num total de 20 atrações.

O Museu do Amanhã é vizinho do Museu de Arte do Rio (MAR). Quem for aos dois num prazo de sete dias terá desconto de 20% na entrada, que custa R$ 10. Todos os cariocas pagam meia entrada. O ingresso único dos museus pode ser comprado nas bilheterias dos dois.