Luciano Candisani/Legado das Águas
Por Herton Escobar
A Mata Atlântica abriga uma das maiores concentrações de biodiversidade do planeta. Sob a guarda de sua copa vivem mais de 2 mil espécies de animais, incluindo o maior macaco (o muriqui), o maior felino (a onça-pintada) e o maior herbívoro (a anta) das Américas tropicais — só para citar alguns de seus habitantes mais ilustres, sem contar os insetos. Mas onde estão todos esses bichos, que quase ninguém vê?
Caminhar pela Mata Atlântica em busca de animais é com frequência uma aventura frustrante. Pode-se andar por horas, ou até dias, na floresta sem ver nada além de algumas borboletas e passarinhos, talvez um macaco. Cinco séculos de depredação e ocupação humana saquearam a mata de sua fauna original, a ponto de muitos pesquisadores se referirem a ela hoje como uma “floresta vazia”.
Esvaziada, sem dúvida, porém não morta. Novas pesquisas, impulsionadas pela revolução tecnológica das armadilhas fotográficas (câmeras escondidas na selva, que registram a passagem dos animais), retratam a resiliência da vida no interior dos últimos grandes remanescentes de Mata Atlântica do País, onde antas, onças e outros bichos selvagens ainda encontram espaço para se refugiar do homem. Os animais continuam lá, ainda que em menor número.
O Estado foi a campo e se perdeu na selva com pesquisadores para contar a história dessa “fauna invisível” da Mata Atlântica e mostrar o esforço de cientistas e ambientalistas para salvá-la da extinção. Dezenas de fotos, vídeos e relatos inéditos, reunidos nesta reportagem, revelam o que se passa no interior da mais bela e mais ameaçada floresta do Brasil, onde estudar a fauna pode ser tão desafiador (e apaixonante) quanto procurar sinais de vida em outro planeta.
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